Jornal Estado de Minas

Descoberta de corpos de vítimas de vôo da Air France revive momentos de dor

Débora Álvares Edson Luiz
Restos do avião e corpos serão recuperados dentro de um mês - Foto: Reuters/BEA/HandoutA angústia voltou a atormentar as famílias das vítimas do voo 447 depois do anúncio de que mais corpos foram encontrados próximos aos escombros do Airbus A330, que caiu próximo a Fernando de Noronha, em maio de 2009. Parentes do maestro Silvio Barbato que moram em Brasília não tinham mais esperanças de encontrar os restos mortais dele. A família entrou em estado de choque com a notícia confirmada pelo governo francês. A mãe da brasiliense Juliana de Aquino, Valquíria de Aquino, preferiu não se pronunciar sobre a notícia.

Confira as imagens dos destroços do voo 447

“Reacendeu o sentimento daquele momento difícil que passamos. Não tinha mais esperanças. Fica a expectativa de resgatar os restos mortais e fazer o exame de DNA. E isso mexe com a família”, diz Rolando Bonaccorsi, tio do maestro, assegurando que a família está ansiosa. Saber que o corpo do filho pode estar entre os restos humanos localizados no domingo fez Maria Eva Marinho chorar novamente. “Agora que já estava retomando minha vida, saber disso é reabrir a ferida. Ele já estava descansando. E se os restos mortais dele não forem localizados? Vou sofrer ainda mais”, diz. A mãe de Nelson Marinho Filho manteve-se longe das investigações e soube, na manhã de nessa segunda-feira, da informação dos corpos.
Ao contrário da esposa, Nelson Faria Marinho acompanhou de perto de todas as novidades sobre o acidente aéreo. Presidente da Associação dos Familiares das Vítimas do voo 447, ele destaca que, desde a manhã de ontem, quando as informações sobre a localização de corpos começaram a circular, ele recebeu várias ligações e e-mails de parentes das vítimas. “As reações são variadas. A maioria não teve os corpos. Não houve enterro. E isso é um problema que se arrasta. Agora, essa notícia vem acalentar.” Apesar do tempo, a ausência do corpo do filho comove Nelson. “Para mim, especialmente, não ter identificado os restos mortais do meu filho traz a sensação de que, a qualquer momento, ele vai bater aqui na porta dizendo que conseguiu se salvar.”

Na França, a notícia foi recebida entre comemorações e tristeza por familiares das vítimas. O vice-presidente da Entraide et Solidarité AF447 — a associação dos familiares das vítimas no país —, Robert Soulas, considerou o anúncio dos restos mortais achados como “excelente notícia, que recompensa nossa tenacidade”, conforme disse ao jornal Le Monde. Segundo a publicação, apesar disso, todas as entidades que reúnem parentes das vítimas classificam a descoberta como “traumatizante”. “O problema dos corpos é espinhoso. Não sabemos em que estado estão”, alertou Robert Soulas.