Jornal Estado de Minas

Conselho de Segurança autoriza ataques aéreos na Líbia; Brasil se absteve

AFP Agência Brasil BBC
- Foto: UN Photo/Mark Garten
O Conselho de Segurança da ONU aprovou nesta quinta-feira a realização de ataques aéreos contra as forças de Muamar Kadhafi na Líbia, que lutam contra rebeldes, sendo que os primeiros bombardeios são esperados para ocorrer brevemente. O governo da França havia sinalizado que os bombardeios contra as forças de Kadafi poderiam ocorrer rapidamente.
A resolução prevê a adoção de "todas as medidas necessárias” para manter a zona de exclusão aérea. Ela foi aprovada com 10 votos a favor. Alemanha, Brasil, China (presidindo o Conselho), Índia e Rússia se abstiveram.

Leia o texto completo da resolução (em inglês)

Rebelde líbio dispara contra avião: reforços ocidentais a caminho - Foto: AFP PHOTO / AFPTV
Anteriormente, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, dissera que "não descarta" uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia.

A resolução foi adotada no momento em que Khadafi anunciava o ataque contra Benghazi, bastião dos rebeldes.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, advertiu que não há muito tempo para intervir. "Pode ser uma questão de horas".

Segundo fontes ouvidas pela BBC, é improvável que os Estados Unidos participem da ofensiva no início, que devem ter apoio logístico de nações árabes.

Rússia e China

Os Estados Unidos defenderam nesta quinta-feira uma ação mais contundente contra o regime de Kadafi, além das sanções que já foram adotadas.

Em visita à Tunísia, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia inevitavelmente envolveria ataques contra as forças do líder líbio.

Hillary disse que a Casa Branca deseja que o Conselho de Segurança autorize ataques a tanques e à artilharia pesada da Líbia.

Além dos EUA, o Reino Unido e a França defendem uma intervenção na Líbia, mas a Rússia e a China, os outros países com poder de veto no Conselho, se opõem ao uso de força contra um país soberano.

O chanceler britânico, William Hague, disse a parlamentares que a resolução “inclui demandas por um cessar-fogo imediato, um fim completo à violência, um veto a todos os voos sobre o espaço aéreo líbio, com a exceção de voos humanitários”.

As forças líbias alertaram pela TV estatal que qualquer operação estrangeira contra o país vai expor ao perigo navios e aviões no Mediterrâneo.

“Todas as atividades civis e militares serão alvo de um contra-ataque líbio. O Mar Mediterrâneo estará em sério perigo não só no curto prazo mas também num longo prazo”, disseram os militares.

Kadafi

A votação em Nova York ocorreu no mesmo dia em que Kadafi fez um discurso em que ameaçou lançar uma ofensiva contra a cidade de Benghazi, reduto das força opositoras a seu regime no leste do país.

No pronunciamento, o líder líbio disse que a “hora da decisão chegou”. “O assunto foi decidido… nós estamos indo (para Benghazi).”

Segundo Kadafi, os opositores que largarem as armas serão anistiados, mas “não haverá misericórdia nem compaixão” com os restantes.

Ele afirmou que suas forças “resgatariam” o povo de Benghazi de “traidores” e “filhos de cães”.
Segundo relatos, as tropas leais a Khadafi, que vem avançando rumo ao leste da Líbia nos últimos dias, estão a cerca de 130 km ao sul de Benghazi.

Nesta quinta-feira, muitos aviões do regime bombardearam o aeroporto da cidade, mas testemunhas disseram que os opositores derrubaram ao menos duas das aeronaves.