Americano preso no Paquistão trabalhava para CIA
Os Estados Unidos afirmam que Davis, de 36 anos, atirou nos dois homens em legítima defesa, quando eles tentavam roubá-lo. Referindo-se a Davis como "nosso diplomata", o presidente Barack Obama disse na semana passada que ele está coberto pela imunidade diplomática e deveria ser imediatamente libertado. Em razão da forte repercussão que os assassinatos tiveram no país e da ira do povo com as mortes, o governo paquistanês tem se recusado a liberar Davis.
O caso tem atrapalhado as relações entre as agências de espionagem dos EUA e do Paquistão, ameaçando a cooperação contra militantes nas regiões tribais da fronteira com o Afeganistão, disseram os funcionários. Os EUA temem pela vida de Davis e pediram que os paquistaneses tomem mais medidas para assegurar sua segurança.
A prisão onde Davis está detido abriga cerca de 4 mil detentos, a maioria deles militantes, segundo os funcionários norte-americanos. Davis foi transferido para uma parte separada da instalação. Os funcionários norte-americanos disseram que as armas de todos os guardas foram confiscadas por temores de que eles possam matá-lo. Cães estão provando e cheirando a comida enviada a Davis para certificar que ela não está envenenada.
Uma grade preocupação dos EUA é que a polícia local está permitindo a realização de protestos nas proximidades da prisão, disseram os oficiais. "O Paquistão tem a obrigação solene de proteger Ray Davis. Se eles não vão libertá-lo - o que deveriam fazer tendo em vista sua imunidade diplomática - com certeza eles podem encontrar um lugar mais seguro para ele", disse um dos funcionários.
Um importante integrante da agência de inteligência paquistanesa a Inter-Services (ISI, pela sigla em inglês), disse que o Paquistão não sabia que Davis estava trabalhando para a CIA e acredita que os EUA podem estar usando funcionários não identificados como uma forma de evitar as restrições de vistos impostas por Islamabad à agência de espionagem norte-americana. "Nós nem sequer temos informações sobre ele", disse um funcionário da ISI. "Não sabemos quantos Raymond Davis podem estar por aí".
A CIA tem "agito com arrogância em relação à ISI, o que resultou no enfraquecimento do relacionamento do qual é inteiramente dependente", disse um importante funcionário da agência paquistanesa, acrescentando que as autoridades do país estão sob intensa pressão de grupos islamitas e de estudantes para não libertar Davis. As informações são da Dow Jones.