Jornal Estado de Minas

Kennedy por natureza

Discreta e retirada da vida pública, Caroline, filha do presidente assassinado JFK, vai à luta, como favorita, pela cadeira que Hillary Clinton deixará vaga no Senado

Silvio Queiroz
Brian Snyder/Reuters 25/8/08
Um abraço do tio Ted. Possibilidade de dois membros do clã ocuparem vagas ao mesmo tempo no Senado
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Brasília – Aos 51 anos, a mais notoriamente anônima dos Kennedy decidiu sair do armário e assumir em público a vocação da família. Caroline, a filha mais velha do presidente John F. Kennedy e de Jacqueline Bouvier (depois Onassis), apresentou-se oficialmente para herdar a cadeira que Hillary Clinton deixará aberta no Senado – em janeiro, a ex-primeira-dama se tornará a secretária de Estado no governo do presidente Barack Obama. A indicação do substituto, que deverá ser confirmado nas urnas em 2010 para completar o mandato de Hillary, até 2012, cabe ao governador (democrata) de Nova York, David Paterson. Mas a candidata já está em campanha pelo estado, como se disputasse votos populares, e já se firma em pesquisas como a favorita, à frente de outro democrata "da gema" e descendente de imigrantes – Andrew Cuomo, filho de Mario Cuomo, ex-prefeito de Nova York e ex-governador do estado.

O Senado deixou de ter um Kennedy entre seus 100 integrantes por apenas dois anos desde que o pai de Caroline foi eleito por Massachusetts, em 1952. Quando JFK venceu a eleição presidencial de 1960, um amigo da família ocupou a cadeira até 1962, quando o irmão caçula Edward conquistou-a em eleição especial. Ted, senador até hoje, ocupa desde então o gabinete que pertenceu ao irmão mais famoso. É o patriarca do clã, um dos decanos do Congresso e o principal entusiasta da candidatura da sobrinha. Com ela engrossando a bancada, o Senado terá novamente dois representantes da família, como no período 1962-1968, quando Robert F. Kennedy, irmão de John e Ted, se elegeu por Nova York. O destino quis que a mesma cadeira esteja na mira do clã, passados 40 anos.

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Caroline Kennedy Schlossberg, casada há 22 anos com o designer e empresário Edwin Schlossberg, nunca pôde realmente escapar aos compromissos impostos pelo nome. Em 2000 e 2004, deu o ar da graça nas campanhas dos candidatos democratas – respectivamente, Al Gore e John Kerry – derrotados por Bush na corrida pela Casa Branca. Mas sua participação foi sempre discreta. "Ela passou boa parte da vida buscando o equilíbrio entre a vocação para o serviço público e as obrigações para com a família imediata", diz o primo Robert F. Kennedy Jr. "Agora que os filhos estão crescidos – o mais novo, John, completou 15 anos, Tatiana, 18, e Rose, 20 –, está disposta a ocupar um lugar mais proeminente."-->