De qualquer maneira, as negociações no final da tarde de ontem levaram a um compromisso sobre a questão da autonomia dos departamentos. "Esse bebê não é perfeito, como muitos disseram", disse Alejandro Colanzi, deputado do Partido da Unidade Nacional centrista e de oposição. "Mas é nosso filho e não podemos negá-lo. Talvez a vida ajude a aperfeiçoá-lo", disse o deputado, referindo-se ao acordo entre governo e oposição, que destravou o impasse político na Bolívia.
Nova Constituição
A Constituição que irá a sufrágio em 25 de janeiro, se aprovada, deixará Evo servir por dois mandatos consecutivos, enquanto a Constituição atual proíbe a reeleição. A concessão de Evo à oposição é que o mandato dele atual contará nesse período - ele não poderá disputar a reeleição em 2014, se vencer as eleições gerais de 6 de dezembro de 2009. O mandato atual de Evo também foi encurtado - ele foi eleito presidente em dezembro de 2005 para governar por cinco anos, a contar de janeiro de 2006, quando tomou posse.
A nova Constituição trará uma série de direitos aos povos indígenas, que terão autonomia sobre suas terras tradicionais e uma fatia "prioritária" na distribuição do faturamento obtido com a venda das riquezas naturais do país. Antes, Morales argumentava que o próximo mandato seria o primeiro com a nova Carta, o que lhe permitiria ainda buscar uma reeleição em 2014.
A oposição denunciou a iniciativa como uma tentativa do presidente de se perpetuar no cargo. Pela lei atual na Bolívia, o presidente pode ocupar a presidência apenas por dois mandatos, não consecutivos. Em um referendo revocatório convocado em agosto, Morales foi mantido no cargo após ser aprovado por 67% dos bolivianos. Espera-se que a nova Carta seja aprovada sem dificuldades.