Jornal Estado de Minas

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

Escola de BH é finalista em prêmio que elege melhores instituições no mundo

A Escola Municipal Professor Edson Pisani, em Belo Horizonte, é uma das duas instituições de ensino brasileiras finalistas do World’s Best School Prizes — ou Prêmio Melhores Escolas do Mundo (em português), criado pela organização global T4 Education e apoiado pela Fundação Lemann. Iniciado em 2022, o prêmio tem cinco categorias e, em cada uma, três escolas são selecionadas como finalistas.




 
Localizado no Aglomerado da Serra, uma das maiores e mais antigas favelas do Brasil, o colégio desenvolveu junto com alunos e moradores um projeto que aponta soluções para o descarte irregular de lixo e, com isso, está entre os três classificados na categoria “Colaboração Comunitária”, disputando a final com unidades dos Estados Unidos e da África do Sul. Uma ideia simples — a colocação de ganchos nas paredes para segurar as sacolas de lixo — deu outro aspecto à favela, com drástica redução de lixo espalhado nas vias, e ainda garantiu um lugar em uma premiação global. 
 
Já a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Joaquim Bastos Gonçalves, de Carnaubal (CE), foi contemplada na categoria “Apoiando Vidas Saudáveis”, após desenvolver atividades que estimulam a boa saúde mental dos estudantes. A instituição que ficar em primeiro lugar em cada categoria receberá US$ 50 mil — o equivalente a aproximadamente R$ 250 mil. “Ação Ambiental”, “Inovação” e “Superação de Adversidades” são as outras categorias. 

 
Em entrevista à T4 Education, a professora da Escola Municipal Professor Edson Pisani, Floricena Estevam, dá o tom da realidade no Aglomerado da Serra. “É uma favela com mais de 100 anos. (...). E um dos grandes impactos da escola é pensar, executar ações e propor intervenções que pensem nos problemas da comunidade”, avalia. 



Por mais de 100 anos, a favela do Aglomerado da Serra viveu sem a garantia de direitos básicos, como água tratada, saneamento básico e transporte. No início dos anos 2000, a região recebeu diversas obras públicas estruturantes do programa Vila Viva, que incluiu uma nova via dividindo o Aglomerado. 
 
Em 2013, o programa propôs uma segunda fase, que incluía o alargamento da rua onde a escola está localizada e o deslocamento de muitas famílias. A escola organizou a comunidade, reuniu assinaturas e, em seguida, fez uma parceria com as faculdades de arquitetura e direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o que evitou a remoção de muitas famílias. 
 
Porém, o programa Vila Viva acabou deixando entulhos por toda a comunidade, criando áreas perigosas e provocando o aumento de lixo, pragas e doenças, além de problemas em torno das fontes de água da comunidade. Novamente, em parceria com a UFMG, o Projeto Água na Cidade foi criado, mapeando e criando soluções para os problemas hídricos. As obras abriram uma avenida de duas faixas, o que permitiu a entrada de um ônibus na favela. 




 
“A escola, então, em parceria com o movimento Tarifa Zero, mobilizou a comunidade, organizou reuniões, coletou mais de quatro mil assinaturas e realizou inúmeras outras ações para pressionar a prefeitura. Após dois anos de luta, foi criada a linha de ônibus que liga a favela ao metrô, gerando mais acesso à saúde, educação e emprego, garantindo o direito de ir e vir da população favelada”, detalha, em comunicado, a assessoria do Prêmio Melhores Escolas do Mundo.