Ruas em bairros e no Centro de Juiz de Fora, na Zona da Mata, em Minas Gerais, ficaram completamente alagadas em decorrência do temporal que atingiu a cidade no fim da tarde desta terça-feira (14/2).
Alvos frequentes das avarias causadas pelas chuvas, moradores do bairro Santa Luzia, na zona sul da cidade, decidiram protestar segurando uma faixa onde pedem por socorro para o local que sempre enfrenta um cenário caótico no período chuvoso.
Nesse sentido, a prefeitura articula um empréstimo de R$ 420 milhões junto ao Banco Latino-americano de Desenvolvimento (CAF) para custear obras de infraestrutura na cidade, o que inclui melhorias no Santa Luzia. Entenda melhor no fim da reportagem.
O pluviômetro localizado no Bairro de Lourdes foi o que mais registrou volume de chuva em 1h, com 65,4mm, segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Os bairros Ipiranga e Santa Efigênia marcaram 40,04mm e 37,5mm, respectivamente. No Centro foi registrado 26,93mm.
No bairro Alto dos Passos, na região Central, carros estacionados na rua Doutor José Cesário foram parcialmente cobertos pela água e arrastados. Já na Morais e Castro, no mesmo bairro, a água quase invadiu estabelecimentos comerciais.
As avenidas Barão do Rio Branco e Itamar Franco – principais pontos da região Central – foram alguns dos locais onde a elevação do nível da água causou complicações no trânsito com retenção no tráfego de veículos.
Até as 19h, a Defesa Civil em Juiz de Fora recebeu sete chamados devido às chuvas. Três deles foram relacionados a escorregamento de talude e vieram dos bairros Terras Altas, Santa Luzia e Bom Jardim. O órgão recebeu ainda uma ocorrência de enxurrada no bairro Tiguera; duas de alagamento nos bairros Linhares e Vila Olavo Costa; e uma de desabamento parcial de edificação no bairro Vila Olavo Costa.
Investimento milionário
Está em curso um projeto de lei de autoria do Executivo que pede autorização à Câmara Municipal para uma operação financeira de R$ 420 milhões junto ao Banco Latino-americano de Desenvolvimento (CAF). O objetivo é realizar obras de infraestrutura na cidade. O assunto foi debatido em uma segunda audiência pública para tratar do tema na última quinta-feira (9/2).
Do valor total pleiteado, R$ 336 milhões seriam financiados pelo CAF e R$ 84 milhões pagos “de entrada” como contrapartida pelo tesouro municipal, em montantes aproximados. A taxa de juros prevista no contrato é de 2,28% ao ano, e o prazo para o pagamento é de 18 anos e meio.
A secretária de Fazenda, Fernanda Finotti, detalhou como o dinheiro será aplicado. A princípio, o bairro Santa Luzia – região que geralmente é a mais impactada pelas chuvas – receberá R$ 203 milhões em intervenções. Já os bairros Industrial e Mariano Procópio, por exemplo, receberão R$ 94 milhões e R$ 76 milhões, respectivamente.
Em Santa Luzia, a principal solução seria a expansão da calha do córrego que corta o bairro, a construção de uma mureta de 1,1 metro e a revitalização do local. Com isso, a estrutura do Córrego Santa Luzia dobraria a capacidade de vazão de 50 para 100 m³ por segundo. As obras teriam no mínimo quatro anos de duração.