Jornal Estado de Minas

MOMENTO DE ACOLHIDA

Arquidiocese organiza manhã solidária para população em situação de rua

A Pastoral de Rua da Arquidiocese de Belo Horizonte e instituições parceiras organizaram um momento de acolhida às pessoas em situação de rua. A partir das 8h da manhã, dessa sexta-feira (19/9), um lanche, rodas de conversa e serviços, como corte de cabelo, foram organizados no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição dos Pobres, no Bairro Lagoinha, Região Noroeste de Belo Horizonte.





 

O momento de acolhida foi organizado pelo Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua, que faz memória ao chamado “Massacre da Sé”, em 2004, quando sete pessoas em situação de rua foram assassinadas e oito ficaram feridas gravemente ao serem atacadas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, em São Paulo.

 

Achilles Silva de Freitas, de 20 anos, foi até o santuário para participar do momento e aproveitou para cortar o cabelo. Achilles saiu do Rio de Janeiro e chegou a Belo Horizonte há pouco tempo, em busca de outras oportunidades.

 

“Assim que eu cheguei em BH, eu passei por situação de rua. Acho muito legal saber que aqui tem pessoas que ajudam de verdade, que estão empenhadas em dar esse acolhimento, esse espaço. Mesmo sendo morador de rua, você se sente parte de alguma coisa maior que só estar sendo ajudado”.





 

Achilles pretende aproveitar o momento e cortar o cabelo (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

 

Nelson Pinheiro, de 28 anos, e Victor Mendes, de 26, são barbeiros voluntários. Eles já fazem esse trabalho com pessoas em situação de rua e, hoje, em parceria com a Arquidiocese da capital, estão no santuário para fazer os cortes de cabelo.

Nelson está se formando na Escola de Barbeiro Gatim Du Corte, onde já corta cabelos de pessoas em situação de rua gratuitamente. Ele viu no momento de acolhida uma forma de ajudar outras pessoas e divulgar o trabalho feito na escola.  

 

Nelson e Victor são barbeiros voluntários (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
 

 

Samuel Rodrigues é coordenador do Movimento População de Rua e um dos organizadores do evento. Ele ressalta que a acolhida é um momento de lazer, cultura, mas também de cidadania e de debates políticos. 

 

“Quem está na rua carrega um peso de ser um ser humano falido. O evento é para mostrar para todos que também há responsabilidade do governo, que, ao não cumprir com as responsabilidades de moradia, de trabalho e de renda, despeja uma quantidade imensa de pessoas na rua”. 

O momento de acolhida é um evento anual. Este ano, além da parte da manhã, à noite a organização do projeto preparou um sarau de poesia, no Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, no Bairro Santa Tereza.