Jornal Estado de Minas

ODONTOLOGIA

Estudante da UFMG faz vaquinha para bancar R$4 mil de material didático

O estudante de odotologia da na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jefferson Leal, de 26 anos, está fazendo uma vaquinha para poder arcar com uma lista de materiais necessários paras aulas no valor de de R$ 4 mil.

Conhecido nas redes sociais como o “Dentista Colorido”, o jovem conta que resolveu compartilhar sua situação e realizar uma vaquinha para arrecadar o dinheiro porque o auxílio material, benefício do Governo Federal, foi cancelado em função dos cortes orçamentários para a Educação.





Jefferson Leal é PCD (Pessoa com Deficiência) e conta que se mudou de São Paulo para vir fazer o curso em Belo Horizonte e realizar o sonho de e ser odontopediatra. “Eu larguei tudo para fazer odontologia, que se tornou meu sonho”.




O jovem sofreu um acidente de trabalho em 2015, com 19 anos, em uma empresa de metalurgia que trabalhava em SP. "Depois de quatro meses na empresa, eu cresci de cargo e passei de assistente para operador de máquina", conta.

Jefferson relembra que o acidente aconteceu após a saida de um colega que lhe ensinava as novas funções. “Eu fiquei sozinho no setor pela primeira vez. Fazendo a manutenção com cuidado porque a máquina era muito perigosa e exigia pelo menos duas pessoas trabalhando nela. Eu iria fazer uma pausa de 15 minutos no trabalho e só fechei a máquina e deixei em stand-by. Porém, a máquina acabou ligando com minha mão próxima a 200 lâminas de corte de plástico”, explica.





O jovem ainda relembra que, quando se deu conta, sua mão já havia sido atingida e ele perdeu o dedo mínimo e um pouco do movimento do dedo anelar, além de ter os movimentos do membro limitados.   

Foi enquanto Jefferson estava no hospital fazendo os tratamentos de recuperação e fisioterapia, em uma sala que também era utilizada pela Odontologia do hospital, que ele se apaixonou pela profissão. “A odontologia entrou na minha vida sem querer. Eu via os profissionais cuidando dos pacientes e ficava apaixonado com aquela rotina, e já saí de lá decidido a cursar. Pensei meu deus, é isso que eu quero para a minha vida”, conta.


Depois de prestar o vestibular em 2017, ele passou na dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), mas realizou a prova novamente para migrar para a UFMG. Atualmente, ele mora nas dependências da universidade e sobrevive com o valor da bolsa-estágio que recebe da universidade. Jefferson também é agente de saúde formado pelo Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). 


Dentista Colorido


Após se formar como agente de saúde, o jovem resolveu abrir a página no Instagram Dentista Colorido para contar um pouco mais da sua história para as pessoas LGBTQIA+ e também para pessoas com deficiência. Por lá, além de formar uma rede de apoio, ele também consegue uma renda extra e doações de alguns materiais para o curso, por meio de parcerias com  marcas. 





Em dois anos como influenciador digital, Jefferson já conseguiu um título de voluntário do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pelo seu trabalho no combate a disseminação de fake news, preconceitos e dando alertas sobre saúde bucal. Ele também produz conteúdos sobre o mundo geek.


Com seu trabalho como influenciador digital, Jefferson ganhou dois prêmios pelo Instagram. (foto: Arquivo Pessoal)


Lidando com os haters


Ao anunciar a vaquinha nas redes sociais, o estudante conta que algumas pessoas criticaram e julgaram sua atitude, alegando que ele já vive “nas mamas do governo” e não precisava se lamentar na internet. 



No entanto, o jovem contesta esse argumento e explica. “O corte do auxílio feito pelo governo me afetou muito. Eu realmente moro na universidade, me alimento na universidade, mas corro atrás. Eu não vivo de mamata não. Eu estou deixando de estudar em turno integral para trabalhar”, contou Jefferson. 

Como ajudar


Quem tiver interesse em ajuda o estudante pode fazer a doação de qualquer valor pelo PIX: dentistacolorido@gmail.com 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Jociane Morais