Jornal Estado de Minas

BRIGA DE TRÂNSITO

Polícia Civil mantém sigilo sobre caso de delegado que matou motorista

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclarece que o inquérito policial é sigiloso. Portanto, não pode informar detalhes da investigação.Todas as informações possíveis foram repassadas à imprensa na entrevista coletiva do último sábado (30/7).”





Essa foi a resposta dada pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), ao ser indagada, nesta quinta-feira (4/8), sobre a investigação do caso do delegado Rafael de Souza Horácio, que, na terça-feira (26/7), matou com um tiro o motorista de reboque Anderson Cândido de Melo, no Bairro Lagoinha, em Belo Horizonte.


O policial foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e impossibilitou defesa da vítimA. A pena prevista vai de 12 a 30 anos de prisão.


Horácio se entregou, no sábado (30/7), na Casa de Custódia da Polícia Civil, no Bairro Horto, Região Leste da capital, onde também está o delegado Rafael Lopes Azevedo, vulgo “Tchô Tchô”, investigado pela Polícia Federal, por envolvimento no tráfico de drogas, e pela Corregedoria, em uma série de crimes com inquéritos já em andamento.





Os dois delegados atuavam, juntos, na Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Furto, Roubo e Desvio de Cargas (Denarc).


O delegado Horácio já deveria ter sido ouvido pela Corregedoria de Polícia, que não emite qualquer informação sobre o andamento do processo. A família da vítima também não tem informações, mesmo tendo nomeado um advogado para acompanhar o caso.


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Outros crimes

Além do crime de homicídio, sabe-se que Rafael Horácio tem uma condenação por atirar em praça pública, em Alfenas, no Sul de Minas, onde havia sido condenado, com pena convertida em trabalhos voluntários.


Há meses, segundo uma fonte dentre da Polícia Civil, ele estava dirigindo bêbado, tendo sido abordado pela Rotam, da Polícia Militar. Na ocasião, Horácio chegou a lutar com os militares e chegou a desmaiar.

Há cerca de um ano, o delegado teria entrato em atrito com agents do Batalhão de Trânsito da PM, por estar dirigindo na pista exclusiva do Move. Ele teria ainda envolvimento numa investigação do jogo do bicho.





Na tarde do último sábado, o porta-voz e chefe da comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais, Saulo Castro, explicou que o caso está em investigação, com novas diligências sendo feitas e que novas testemunhas serão ouvidas.


Saulo Castro também explicou que Horácio não tinha sido preso em flagrante no dia do crime, porque “naquele momento, preliminar e de análise dos fatos, entendeu-se que não havia a necessidade da prisão por conta exclusiva da apresentação espontânea do autor do fato e não da hipótese de legítima defesa.”


Segundo o chefe da Polícia Civil, por lei, a entidade tem 30 dias para concluir o inquérito mas espera-se que seja finalizado nos próximos dias.


Apesar de estar preso, o delegado continuará recebendo salário. Ele só perderia o cargo de delegado após uma decisão judicial ou administrativa. A demissão está a cargo do governo estadual. Por enquanto, como ainda não foi condenado, Horácio receberá seu salário com multa de um terço dos vencimentos.





Preocupação d denúncia


O presidente do Sindipol (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais), investigador Wenmerson Oliveira Latin, já se pronunciou, pois entende que a decretação da prisão, pela justiça, do delegado Rafael Horácio, não haver necessidade da prisão.


Ele foi além, denunciando que a situação se apresenta como uma situação eleitoreira, por parte do Governo Estadual, através da Corrregedoria da PCMG.


O dirigente da categoria diz que o Sindipol acompanha o caso com de perto, e le diz estar perplexo com a situação. “Não houve tempo e nem motivos para que a prisão fosse decretada. Em primeiro lugar, o delegado socorreu a vítima, e espontaneamente, ele se apresentou à Corregedoria, prestou depoimento e entregou sua arma.”


Wemerson diz estranhar o fato de que a Corregedoria, além de pedir a prisão, obteve um mandado de busca e apreensão, não só na casa do delegado, mas também em seu gabinete, e apreendeu o celular. “Bastava ter a arma, o resto é sem sentido. Com a arma do crime já em poder da polícia, não é preciso mais nada.”