Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA

Assédio: professor ameaçado de morte pede rapidez em esclarecimento de caso

 
Um professor da rede estadual de ensino ameaçado de morte por um parente de uma aluna, em Matosinhos, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, aguarda há cinco meses a mudança de escola, após ser acusado de assédio sexual. O professor foi afastado por motivos de saúde das atividades na escola que pertence à Superintendência Regional de Ensino (SER) de Sete Lagoas e aguarda a transferência para outra regional, enquanto a Promotoria de Justiça da Comarca de Matozinhos julga o caso de assédio sexual.




 
 
 
De acordo com o professor, que não quer se identificar, após o suposto assédio, o avô da adolescente foi à escola portando uma arma com o intuito de fazer ‘justiça com as próprias mãos’, mas ele não foi encontrado, porque já estava afastado.  O professor conta que diante da situação, a inspetora escolar pediu a transferência dele para cidades que pertencem à Superintendência Regional de Ensino da Região Metropolitana.
 
Sem resposta sobre o pedido, o professor disse que, ao temer pela própria vida, procurou a Justiça de Primeira Instância, na Comarca de Lagoa Santa, com a intenção de acelerar o processo de transferência. 
 
A resposta dada pela juíza Gislene Meutzner, em 4 de fevereiro, foi que não havia perigo de demora e assim a liminar foi negada. Ela alegou que a transferência é competência da SEE-MG. Além disso, a juíza solicitou à secretaria esclarecimentos sobre a causa da mudança, além da apresentação de uma proposta de acordo em um prazo máximo de 30 dias.




 
“O prazo para a manifestação venceu há cerca de três meses e toda essa demora - tanto da transferência quanto da solução da acusação - tem afetado minha saúde mental. Tomo medicamento para reduzir a ansiedade, tenho insônia e passo por acompanhamento psiquiátrico."  
 
O professor conta que, além do pedido judicial, entrou com um pedido de transferência - realizado anualmente pela SEE em abril de 2022. Segundo o professor, o pedido foi negado sem nenhuma justificativa.
 

SEE-MG diz que não foi intimada


Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG) informou que, até o momento, não foi intimada na ação movida pelo servidor no Juizado Especial Cível da Comarca de Lagoa Santa. É importante ressaltar que a juíza Gislene Meutzner não concedeu liminar de remoção imediata ao requerente. 
 
Ainda sobre o servidor, a SEE afirma que a Superintendência Regional de Ensino Sete Lagoas, responsável pela coordenação da escola em que o servidor é lotado, enviou relatório à Controladoria Setorial da SEE/MG para apuração da responsabilidade administrativa do servidor referente às denúncias de assédio sexual para que, assim que analisado, sejam tomadas as medidas legais cabíveis.




 

Entenda o caso

 
O caso envolveu duas alunas do ensino fundamental II de uma escola de Matosinhos em novembro do ano passado, quando o professor, ao lecionar em uma sala com cerca de 30 alunos, recebeu, por parte de algumas alunas, um pedido para falar sobre orientação sexual.
 
Segundo o professor, a resposta dada às alunas foi de que ele não tratava esse tema nas aulas e que elas deveriam procurar pela professora de ciências. Ainda segundo o professor, ele tinha bom relacionamento com os alunos, que era recebido por eles na porta da sala, e havia um bom entrosamento com todos os adolescentes.
 
“O que houve foi a má interpretação das alunas. Sempre fui afetuoso e as câmeras dentro da sala filmaram e podem comprovar que nunca fiquei a sós com nenhuma delas. Nos momento em que estivemos em sala de aula, nunca ultrapassei nenhum gesto de afeto."




 
O caso foi parar no Conselho Tutelar de Matosinhos e, em dezembro do ano passado, o servidor - na companhia de outras duas servidoras da Superintendência Regional de Ensino de Sete Lagoas, sendo uma delas, inspetora escolar - prestou esclarecimentos sobre o suporto assédio sexual.
 
Nos esclarecimentos, o professor afirma que a diretora da escola solicitou que ele se ausentasse das atividades para preservar sua imagem, mas que após um período, a diretora deu uma licença ao docente.
 
O professor alega que, além da ameaça de morte, ele sofreu 'um crime contra minha honra' e se defende, dizendo que sua conduta em sala de aula não foi de assédio sexual, tampouco de se aproveitar da posição de professor.
 
Ainda segundo ele, o caso foi levado à Justiça de Matosinhos e tramita no sentido de elucidar os fatos.
 
“Trabalho há 10 anos como professor e nunca aconteceu isso comigo. Tenho muitos anos ainda na docência e uma acusação como essa pode prejudicar a minha carreira na docência. Até hoje, o processo de acusação não foi resolvido, não há provas concretas e estou à disposição da Justiça."