Jornal Estado de Minas

PRAÇAS DA CAPITAL

Os desafios para voltar a ocupar BH sem restrições sanitárias

Elevados pelo novo prefeito de Belo Horizonte à condição de prioridade, os espaços públicos da capital se transformam em um desafio em um cenário no qual a flexibilização das medidas sanitárias adotadas na pandemia aproxima cada vez mais o morador do convívio social anterior à crise de saúde.



Mas o aumento da frequência de cidadãos a locais como as praças, realidade que faz parte da tarefa de “recuperar a alegria da cidade”, destacada por Fuad Noman em recente entrevista ao Estado de Minas, também evidencia que esses locais – subutilizados durante praticamente dois anos de restrições à circulação na cidade – precisam de reforço na manutenção e cuidados para receber a população com mais conforto e segurança.

Para ouvir as demandas de frequentadores, a equipe do EM percorreu algumas das principais praças da capital. Em geral, percebe-se que os problemas não afastam completamente o público, mas dificultam uma permanência mais longa e confortável. E é unanimidade entre os entrevistados: a ausência de banheiros complica a vida de quem tenta usufruir desses espaços públicos.

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“Quase todos os dias temos que ir embora antes do que queríamos, porque não tem banheiro. Também sinto falta de ter um local com água, para hidratar as crianças. Tinha antes, mas agora não está funcionando”, conta a técnica de enfermagem Paula de Castro, que leva o filho Thiago à Praça Duque de Caxias, Bairro Santa Tereza, na Região Leste da capital, depois da aula.





Principalmente nos recessos prolongados, como nos feriados da semana santa e do Dia de Tiradentes (21 de abril), as praças da cidade recebem também gente de outros locais, e quem vem de fora da cidade é pego de surpresa pela ausência de sanitários. Uma falta de estrutura que torna mais difícil para os turistas desfrutarem por mais tempo de cartões-postais como a Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, que atrai visitantes pela ampla vista do “belo horizonte” que batizou a capital mineira.

“Outro dia, duas senhoras que estavam tomando vinho, acho que eram turistas, me perguntaram onde havia um banheiro, mas o mais próximo daqui é no Parque das Mangabeiras. Isso é um erro do poder público”, conta o antropólogo Daniel Mendonça, de 41 anos.

Praça Duque de Caxias, em Santa Tereza: visitante pede maior infraestrutura de apoio (foto: Marcos Vieira/Em/D.a press)

Daniel costuma frequentar a Praça do Papa acompanhado de sua pet, a cadela Martha. Ele conta que ficou um longo tempo sem ir ao local durante a pandemia e que, ao retornar, se deparou com a grama alta e lixo em locais inadequados. E ele não foi o único a reclamar das condições do espaço, que permaneceu subutilizado durante quase dois anos, exatamente diante das restrições impostas pela pandemia.





“Sou suspeita para falar, pois sou completamente apaixonada por BH. Morando fora, sei que é uma cidade muito bem cuidada, muito arborizada, mas me decepcionei nessa vinda. Acho que depois da pandemia as praças estão com um mato muito alto, não achei que estão tão apresentáveis e tão bonitas quanto já foram um dia”, avalia a estudante Júlia Fernandes, de 22, que é belo-horizontina, mas vive em Fortaleza (CE), e também foi à Praça do Papa para matar a saudade e registrar uma vista panorâmica da cidade do coração.

Na Praça JK, no Sion, sanitário é químico, com condições precárias de higiene (foto: Marcos Vieira/Em/D.a press)

Diferentemente das praças do Papa e Duque de Caxias, a Praça JK, no Bairro Sion, outra localizada na Região Centro-Sul, conta com banheiro, ainda que do tipo químico. Porém, trata-se de uma única instalação, e em más condições de higiene. Além disso, frequentadores apresentam outras críticas sobre o espaço.

“Os postes da praça dão choque, os cachorros todos levam choque ali. A gente telefona para a Cemig e não sei o que acontece, mas não há manutenção. Sinto muita falta de lixeiras também”, conta a acupunturista Teresa Cristina, de 67, que leva seu pet para passear na praça da Região Centro-Sul da capital.

Procurada, a Cemig informou que uma equipe foi imediatamente deslocada para avaliar a situação dos postes na praça.