Jornal Estado de Minas

PÁSCOA

Belo-horizontinos vão atrás de peixe para o almoço da Sexta-feira da Paixão

Todos os anos, cerca de 4 mil pessoas chegam logo cedo, na Sexta-feira da Paixão, em frente ao estabelecimento de Afonso Teixeira, uma distribuidora de gelo no Bairro Bonfim, na Região Noroeste de Belo Horizonte, para garantir o peixe para o almoço que antecede a Páscoa. O empresário, de 65 anos, é quem coordena a iniciativa que acontece desde a década de 1980, e a cada Semana Santa distribui entre cinco a seis toneladas do produto, na conhecida Praça do Peixe.



Esse ano foi diferente. Devido à pandemia, para não gerar aglomeração, a doação dos peixes foi suspensa. Uma fila chegou a se formar no local na manhã desta sexta-feira (15/4), por volta das 6h, mas quem esteve por lá acabou indo embora com a notícia do cancelamento.

Pouco depois, as pessoas que ficaram acabaram surpreendidas com o ato voluntário de Mário Africano, proprietário da Distribuidora Pacífica, que doou 300 quilos de peixe. "Faço a minha parte. Tenho 90 anos e o que me dá saúde é que só fiz o bem na minha vida", disse Mário.



Erandina Vicente Martins, de 78 anos, marca presença todos os anos para buscar o peixe. E conta que é uma ajuda preciosa no cardápio da Sexta-feira da Paixão. "Vou fazer um pouco hoje e o restante vai para a geladeira para ir comendo de pouco aos poucos."



Em ação voluntária, empresário Mário Africano doou 300 quilos de peixe (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Andreia Carvalho, de 52, chegou ao local vinda de Roça Grande, em Sabará, depois que uma vizinha falou sobre a distribuição dos peixes. Ele recebeu uma peça de cavalinha. "É bom e saudável. E, como estou desempregada, não dispenso a ajuda", conta.

A rua do peixe

Enquanto esperava na fila para comprar o peixe, Ezequiel José Barbosa refletia sobre o significado da Sexta-feira Santa (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A região é conhecida por reunir diversos estabelecimentos especializados em pescados e frutos do mar. Nas peixarias espalhadas pela Rua Bonfim, o movimento era grande nessa manhã. Ezequiel José Barbosa, de 44 anos, esperava na fila de uma das peixarias para garantir o almoço. "A Sexta-feira Santa é um dia livre para o descanso, mas também para refletir sobre Cristo, que veio nos salvar. Ao mesmo tempo em que estou na fila esperando para comprar o peixe, estou refletindo sobre esse grande mestre que nos ensinou a viver e amar", afirma.

Ricardo Rodrigues deixou para comprar o peixe de última hora esperando descontos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Ricardo Rodrigues, de 59, preferiu deixar para comprar o peixe de última hora esperando que os preços pudessem estar mais baixos. Mas não vai ter bacalhau. "O bacalhau está muito salgado. Vamos fazer uma moqueca com postas de peixe e camarão. Achamos o camarão em um bom valor, e também tem peixe frito de petisco", conta.



Tiago Antunes Guerreiro, gerente da Oceânica Pescados, espera vendas 50% maiores do que em 2021 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Tiago Antunes Guerreiro é gerente da da Oceânica Pescados. Ele comemora o bom movimento e o volume de vendas. "Não estávamos acreditando no comércio de peixes e frutos do mar, devido a essa alta dos preços , mas a saída está muito boa."



No topo da lista da preferência dos clientes, o bacalhau tem mesmo lugar cativo, seguido do salmão. "A expectativa era de aumento no faturamento entre 20% a 30% em relação a 2021, mas devemos chegar a 50%", avalia.