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Estado de Minas PANDEMIA

Especialistas criticam fim da exigência de máscaras em MG: 'É precoce'

Governo do Estado liberou o fim do uso da proteção em locais abertos em cidades com 70% da população imunizada com a dose de reforço


14/03/2022 19:28 - atualizado 14/03/2022 19:28

Pessoas no centro de BH
Máscaras deixam de ser obrigatórias em cidades com população vacinada acima de 70% (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Com base na análise dos dados epidemiológicos feitos nas últimas semanas, o governo de Minas assinou decreto no sábado (12/3) permitindo que municípios possam decidir sobre a liberação do uso de máscaras em locais fechados, desde que tenham pelo menos 70% da população imunizada com a dose de reforço contra o coronavírus. A polêmica medida já havia sido adotada na cidade do Rio de Janeiro e poderá ser incorporada também no estado de São Paulo, diante da redução da transmissão e na demanda reduzida da oferta de leitos de UTI e enfermaria no tratamento da doença.
 
Por aqui, especialistas ouvidos pelo Estado de Minas asseguram que a decisão de abdicar do uso de máscaras ainda pode envolver riscos, sobretudo para os cidadãos que não tiveram a vacinação completa. Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o estado chegou a 86,50% de pessoas com a primeira dose e a 81,42% com a segunda dose, além de 46,10% com a dose de reforço. Até o momento, foram recebidas 48,5 milhões de vacinas do Ministério da Saúde, das quais 38,3 milhões foram enviadas aos municípios.

Belo Horizonte foi uma das cidades a abolir o uso de máscaras em locais abertos. Por enquanto, a prefeitura não pensa em direcionar o fim do uso do acessório em locais fechados. Desde o início da pandemia, a cidade adotou um protocolo próprio independentemente das decisões do governo do estado no que diz respeito às restrições na economia. Até o momento, a capital nem mesmo se encaixaria na medida projetada pelo governador Romeu Zema (Novo), já que apenas 46,9% foram vacinados com as três doses, portanto, bem aquém do que estipulou o Estado.

“A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que a utilização da máscara continua obrigatória em ambientes fechados, inclusive em festas em geral, escolas, academias, coletivos e outros transportes públicos, prédios, comércios, shows, cinemas, teatros e outras casas de espetáculos, além de eventos corporativos. É importante reforçar que em eventos/festas e em partidas de futebol profissional, por exemplo, o uso de máscara só não é obrigatório em momentos de alimentação ou hidratação”, afirmou a PBH, em nota ao Estado de Minas.

O médico infectologista e diretor do Hospital Felício Rocho, Adelino de Melo Freire, assegura que ainda é cedo para se adotar qualquer ação de relaxamento das medidas de segurança: “Sabemos que essa situação de locais fechados ainda envolve maior risco de transmissão. A máscara é uma medida extremamente simples de uso, com impacto bastante significativo na redução de risco. O que vimos na variante Ômicron é uma doença que escapa da imunidade trazida pelas vacinas. A transmissão do vírus ocorre independentemente do estado vacinal, embora a doença se manifeste de forma mais leve quando a pessoa está devidamente vacinada”.

Ele sugere que tais decisões sejam mais lentas, para que o Estado possa avaliar com mais detalhes os impactos: “Me parece precoce a suspensão da máscara nesse momento em locais fechados. Poderíamos aguardar o impacto inicial da retirada da máscara em locais abertos e avaliar como isso iria funcionar no que diz respeito aos índices de transmissão, se as pessoas iriam aderir à proposta”.

Depois de viver o pico de contaminações nas últimas semanas de janeiro, com direito a média móvel de mais de 20 mil contaminações diárias, Minas agora tem estabilidade no número de infecções. O boletim de ontem apontou um total de 507 testes positivos em todo o estado, com seis mortes pela doença. A COVID-19 infectou, até o momento, mais de 3,2 milhões de pessoas, causando a morte de 60.354 delas. Apesar disso, a demanda por internações vem reduzindo progressivamente, com 6,4% de ocupação de leitos de UTI e 4,5% de enfermaria para casos da doença.

Segundo Adelino de Melo, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) poderá muito bem voltar atrás e novamente exigir o uso da máscara em ambientes abertos e fechados. “Todas as medidas podem ser revogadas. Depois de uma flexibilização dessas, se tivermos o surgimento de uma nova onda, é possível ter de voltar atrás. Não há nada que possamos prever. Sempre há a possibilidade de voltar um estágio atrás”.

Mesmo não concordando com o fim da obrigatoriedade da máscara, ele aponta que Minas tem avançado no controle da pandemia: “Os testes de positividade são indicadores de como o vírus está circulando. Realmente, tivemos uma queda expressiva nas últimas semanas. Em janeiro, a positividade chegava a 60%, com número elevado de testes. Agora, estamos com necessidade maior de testagem e a taxa de positividade já está abaixo de 10%, o que era a realidade em novembro. É uma situação mais confortável. Não há nada que signifique um novo aumento de casos. A gente espera que isso não ocorra. O que contraria isso seria só mesmo o surgimento de nova variante, que escape da imunidade da vacina”.

Vacinação das crianças

Segundo a microbiologista e professora da UFMG, Viviane Alves, o alto número de crianças que não foram vacinadas já é um motivo importante para as máscaras continuarem sendo exigidas: “Eu acho que abolir a máscara em ambientes abertos é sensato, desde que não haja aglomerações e com distanciamento. Mas, considerando dados epidemiológicos, número de casos, alto número de crianças sem serem imunizadas e o risco de novas variantes, a medida é arriscada. Ainda temos probabilidades de surtos, principalmente em grupos que não tomaram a dose de reforço. Sabemos que muitas pessoas evitam levar os filhos para vacinar. A medida ainda é precoce, considerando que tivemos aglomerações no carnaval e há a tendência de aumento de casos”.

Ela lembra que outras cidades ainda contam com muita resistência na imunização, sobretudo aquelas com menor população: “Para as cidades com vacinação abaixo de 70%, mesmo em ambientes abertos, deveria se evitar deixar de usar máscaras. Depende da situação do local. Em Belo Horizonte, já existe um panorama mais tranquilo se comparado a outras cidades. E outros municípios menores em que há muita resistência à vacinação. Seria um risco muito grande liberar o uso da máscara”.
 

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