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BH: comitê explica regras para desobrigação de máscara em locais abertos


Depois de dois anos utilizando máscara cobrindo o nariz e boca, o belo-horizontino vai poder, a partir desta sexta-feira (4/3), respirar aliviado em locais abertos. Segundo o prefeito Alexandre Kalil, a prefeitura vai publicar decreto em que desobriga o uso da proteção em lugares ventilados e sem aglomeração.





Mas como isso vai funcionar? Infectologistas integrantes do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de COVID-19 da Prefeitura de Belo Horizonte reforçam a necessidade do uso da proteção em locais fechados e contam mais detalhes da segurança daqui pra frente.

LEIA: Kalil: máscaras não serão mais obrigatórias em BH nos lugares abertos

O professor da Faculdade de Medicina da UFMG e integrante do comitê, Unaí Tupinambás, explicou que a máscara foi um objeto essencial para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. “A gente não tirou no passado para as pessoas terem o hábito de sair com a máscara. Em espaço fechado sem máscara, ainda é muito perigoso. Com o avanço da vacinação, a disseminação horrorosa que ocorreu de janeiro a fevereiro, a gente optou por começar a flexibilizar”, afirmou.


Tupinambás explicou que a máscara será obrigatória em todos os ambientes fechados, inclusive estádios de futebol e outros eventos. “A gente entende que só é possível abandonar a máscara em ambiente aberto e sem aglomeração. Só na rua ou na praça, por exemplo, e claro, mantendo o distanciamento.”





Outro integrante do comitê, o médico Estevão Urbano, explica que BH apresenta uma situação epidemiológica confortável desde os últimos 15 dias. “Um pequeno número de novos casos, internações e os óbitos que ainda acontecem são de pacientes que já se internaram há muito tempo”, analisa.

Uso opcional

Depois de debates entre os integrantes do grupo, Estevão frisa que a decisão é de deixar como opcional o uso de máscaras. “Vale para ambientes abertos, bem ventilados, já que existe alguma robustez da literatura mostrando que são situações seguras de pouco risco para transmissão. Mas é importante frisar que isso se refere a ambientes bem abertos, como parques, praças, ruas, e principalmente quando as pessoas possam manter distanciamento entre si. Portanto, isso não vale, quando as pessoas estão na rua em filas, por exemplo, uma fila de ônibus”, explica.

Mesmo desobrigando o uso da proteção facial, o infectologista conta que vai continuar fazendo uso do objeto. “É bom frisar que isso é opcional. Eu, pessoalmente, continuarei usando a máscara, muitas pessoas também continuarão usando. Também é fundamental que as pessoas sem máscara estejam, obviamente, isentas de qualquer sintoma sugestivo de qualquer gripe ou outra infecção respiratória. Se estiver, que não se exponham dessa forma para não desproteger as outras”, alerta Estevão Urbano.





POVO FALA

(Tulio Santos)


Esse é o assunto principal pelas ruas da cidade. A reportagem do Estado de Minas foi conversar com a população para saber o que eles pensam da nova decisão do prefeito Alexandre Kalil (PSD):

Marina Rodrigues, 70 anos, jornalista
“Não concordo. Acho que a coisa não teve uma aprovação mundial dos órgãos de saúde. Todo dia tem gente morrendo. Aposto que vai ter uma nova onda por causa do feriado de carnaval. Hoje mesmo eu  tinha voltado de um velório de um senhor que morreu de COVID.”

Omar Campos, 50 anos, garçom
“Em lugar aberto eu concordo, mas retirar a máscara em locais fechados eu acredito que ainda não é hora pra isso. Acho que foi uma boa ideia parar de usar na rua, e tem muita gente que respeita e outras não.”

Rose Fernandes, 58 anos, manicure
“Eu concordo em ficar sem máscara em lugares abertos como esse que estou aqui, passeando, não tem problema algum. Mas lugar fechado e festas tem que usar máscara sim.”

Lucas Martins, 25 anos, vendedor
“Concordo. Por um lado é bom, a galera já está saturada com a máscara. Por outro lado, sou a favor de usar máscara em lugares fechados porque a pandemia ainda não acabou e temos que ter cuidado, em especial por causa do comércio, para que não feche de novo.”