Jornal Estado de Minas

CIÊNCIA

Pesquisadores da UFMG participam de desenvolvimento de autoteste de COVID

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em colaboração com profissionais do Instituto Butantã, Universidade de São Paulo (USP), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estão trabalhando na adaptação de um teste de diagnóstico de COVID-19, já desenvolvido pelo grupo, para transformá-lo em um autoteste, 100% nacional. 




 
Segundo a professora Ana Paula Fernandes, do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia da UFMG e uma das coordenadoras do CTVacinas, o grupo desenvolveu um teste rápido, do mesmo tipo que é utilizado nas farmácias e laboratórios. 
 
"Recebemos um recurso para desenvolver testes rápidos para diagnóstico da COVID-19, um que é muito importante, o antígeno que temos nas farmácias, e este tipo é facilmente adaptado para ser usado como autoteste. Até então, não tínhamos trabalhado com essa possibilidade, porque a Anvisa não permitia. Agora que a discussão foi iniciada, temos condição de fazer a adaptação do teste rápido para autoteste", explica Ana Paula.
 
Autoteste vendido em Portugal (foto: Reprodução/ Gustavo Miller)
 
 
Na quarta-feira (19/1), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) faria uma reunião para liberar o uso dos autotestes no Brasil, entretanto a diretoria afirmou que era necessário o Ministério da Saúde esclarecer alguns pontos e a retomada da votação sobre o tema será no prazo de até 15 dias.




 
"Neste momento há uma demanda muito grande e escassez de teste no mercado, mas sabemos que a testagem vai permanecer por muito tempo. O autoteste será uma ferramenta útil, mas ela ainda precisa de um contexto de utilização no Brasil, pois não dá para ser um teste que o resultado fique só na casa da pessoa. É preciso ser notificado aos órgãos de saúde, para conseguirmos ajustar as medidas contra a pandemia, precisamos da estatística", diz a professora. 
 
O teste criado pelo grupo utiliza secreções coletadas do nariz e da garganta. Depois da coleta, é possível detectar proteínas do coronavírus em apenas 15 minutos. Agora, para adaptar o teste rápido para autoteste, será mais fácil, pois a fase de desenvolvimento da tecnologia já passou.
 
"Começamos a discutir a adaptação agora, mas é simples de se ajustar. Imediatamente após a confirmação de utilização dos autotestes no Brasil, faremos o ajuste. Temos como avaliar em laboratório, ver se a performance do produto como autoteste, é a mesma de quando há um profissional coletando. Assim, ajustamos a bula para que alguém que não é profissional treinado, consiga fazer em casa", diz.




 
Como os testes feitos em laboratórios privados e farmácias custam, em média, R$ 150, a pesquisadora acredita que um autoteste desenvolvido e produzido no país vai favorecer significativamente o diagnóstico de parcela maior da população. "O autoteste será mais barato, e isso é importante para que mais pessoas tenham acesso a ele. Uma pessoa que se testa e constata que está com COVID-19 pode se isolar e, assim, barrar a cadeia de transmissão do vírus", finaliza Ana Paula.
 
*Estagiária sob supervisão do suebditor Eduardo Oliveira 

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