Jornal Estado de Minas

CHUVAS

Pedra gigante se solta após chuvas no Cabana: 'A gente nem dorme de medo'

Pedra 'gigante' caiu no último sábado (8/1) (foto: Túlio Santos/D.A.Press)
Os moradores da rua Beco da Pedreira, no Bairro Cabana, na Região Oeste de Belo Horizonte, estão passando por um momento delicado: com as chuvas, pedras e rochas estão deslizando dos morros e correm o risco de atingir casas. 






No último sábado (8/1), uma grande rocha, do tamanho de um carro, se soltou do barranco e quase atingiu moradias. 

Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), nenhuma casa foi atingida pela pedra e nenhum morador ficou ferido. Nesta segunda-feira (10/1), a Defesa Civil esteve no beco para analisar a situação das casas e dos barrancos. 

A área em que a rocha caiu, no número 80 da rua, foi interditada para que ninguém seja atingido pela pedra ou tenha algum acidente em caso de outra queda. Além disso, cinco famílias deixaram suas casas, a pedido da PBH. 

Segundo a moradora Maria Auxiliadora, a rocha caiu no sábado e não fez um barulho alto. Entretanto, quem mora no Beco da Pedreira continua apreensivo e com muito medo de se machucar ou ter a sua casa atingida por uma pedra. 



“A gente nem dorme de medo”, relata.

Com o alto volume de chuvas na capital mineira, deslizamentos estão sendo comuns na rua. Apesar da preocupação com a “pedra gigante”, os moradores se mostram assustados com as quedas de rochas no beco. 

“Tem várias famílias embaixo. Como já caiu pedras para baixo, o perigo agora são as pedras que vão projetar por cima dessas e, posteriormente, podem atingir os barracões que estão embaixo. A água da chuva vai entrando por trás das rochas e empurrando umas às outras, e pode projetar na casa debaixo”, explica Auxiliadora. 

“A gente está atento. Na hora que cai, como a gente vai fazer para tirar a população?”, conta a moradora que é aposentada e viveu a vida toda no beco. “Chega! Já teve tragédia demais em Minas.”



Maria conta que “conhece todo mundo” da rua e está procurando orientar os moradores a se mudarem caso estejam em risco e ajuda a procurar outro abrigo. “Tem muita gente que não pensa em ter uma casa antes de ter uma família. E isso acontece muito aqui. Mas não podemos julgar. Temos que ajudar essas pessoas”, comenta.

"Caíram muitas pedras. Tem várias na porta da minha casa”, afirmou a moradora Linda Marta, que está grávida e é mãe de 3 crianças. “A ‘pedrona’ caiu um pouco longe de mim, mas tem uma muito grande que vai cair aqui", completou.

Apesar da Defesa Civíl ter feito vistorias, Linda conta que não se sente segura em sua moradia. Segundo ela, o agente afirmou que sua casa está no nível “médio” e, por essa razão, ela não precisa deixar o local. Somente os moradores que receberam o alerta “alto” devem se mudar. 





“O agente disse que se a pedra cair, ela não vai na minha casa, vai desviar. Mas todo mundo está falando que está em risco. Todo mundo está em risco. Minha avó já falou para eu e as crianças morar na casa dela”, contou. 

“A única orientação que recebi foi mudar o meu quarto para a cozinha. Porque o agente explicou que a pedra tem chance de bater na parede do meu quarto. Mas a cozinha está ainda mais perigosa: com parede rachada, estufada e corre risco de cair”, afirmou Linda. 
Linda está grávida e é mãe de 3 crianças (foto: Túlio Santos/D.A.Press)

Além do perigo de ter a casa atingida pela rocha, Linda afirma que a moradia está em um estado complicado devido à chuva e tem prejudicado sua saúde. A moradora contou que contraiu o vírus H3N2 e seu filho de um ano e três meses tem bronquite. “Se você passar a mão na parede, sua mão sai molhada. Minhas coisas estão mofando, até o meu armário que é novo”, diz.



“Eu sei que ninguém tem nada a ver com isso. Mas poderiam me indicar um lugar melhor para morar. Não tem como eu fazer nada”, lamentou Linda.

A moradora, que está desempregada no momento, pediu doações de alimentos e roupas infantis. Os produtos devem ser entregues na casa de Linda, no endereço rua Beco da Pedreira, número 160. 

Conforme a PBH, assim que a chuva cessar, a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) “fará uma avaliação de possíveis intervenções na encosta”. 

audima