Jornal Estado de Minas

RIO DAS VELHAS

Lixo se acumula nas margens do rio em Santa Luzia

Tem tambor, pneu de carreta e geladeira. Milhares de garrafas pet, caixas de isopor e sacos plásticos. E galões a perder de vista, junto a caixas de ferramentas e móveis. Num remanso formado sob a ponte do Rio das Velhas, na divisa entre as partes Alta e Baixa de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o lixo que desce com a enchente chama a atenção de quem passa e já provoca uma "pescaria" bem diferente, e até rentável.





%u201CPescaria%u201D de galões e pneus atrai moradores da cidade (foto: Gustavo Werneck/EM/D.A Press)
Com um bambu comprido, alguns moradores recolhem o que podem para conseguir algum dinheiro. Na pracinha perto de um posto de gasolina, um homem com uma capa amarela conseguiu recolher pneu, galões e uma caixa de ferramenta. "O senhor pegou isso tudo no rio? Quanto quer por tudo?", pergunta o repórter. A princípio, o homem coça a cabeça e ouve um amigo dizendo: "Uai, o cara quer comprar, vê aí o preço!" O vendedor então diz que o freguês faz o preço.

Sobre a ponte, uma geladeira aguarda que alguém a carregue. "Acho que não presta nem para o ferro velho. Só se alguém quiser tirar o motor e vender", afirma um homem, que não se diz dono da peça branca retirada das águas velozes e turbulentas do afluente do Rio São Francisco. Outro homem passa e diz que um amigo vendeu "um pneu de carreta" por R$ 200. 
 
RETORNO
 
O movimento é grande às margens do Rio das Velhas, que tem interditadas as pontes que ligam as duas parte da cidade, e, consequentemente a Belo Horizonte e ao distrito de São Benedito. A única alternativa viária para se chegar à Parte Alta, onde fica o Centro Histórico, é por uma estrada calçada que leva ao Bairro Bom Destino e à rodovia BR-381. Muitos caminhoneiros aguardam a liberação da Avenida Beira-Rio, ainda tomada pelas águas. "Vou esperar pois preciso ir a São Benedito. Do outro lado, dá muita volta", contou um motorista de um furgão com placa de Jaboticatubas

SABEDORIA
 
"Não mexam com o Rio das Velhas. Ele é bravo. E devolve com força tudo o que jogam nele. Sempre foi assim", disse, com sabedoria, um homem de 70 anos, antigo morador do Centro Histórico.

O certo mesmo é que a curiosidade é geral. Na manhã desta segunda-feira, 10, como havia muita gente sobre a ponte, que foi ultrapassada ontem pelo rio, agentes da prefeitura pediam para que as pessoas deixassem a estrutura livre.




audima