Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

PÓS-COVID: fonoaudiólogos contam sobre sequelas mais comuns de pacientes

Fonoaudiólogos do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) de Uberaba relataram sobre os desafios diários de uma nova e grave demanda após o surgimento da pandemia da COVID-19: lidar com as sequelas de pacientes acometidos pela doença. Apesar de não existir um número exato do número de atendimentos destes pacientes durante o ano de 2021 no HC da UFTM, a equipe de fonos do hospital informou que todos os dias surgem vários casos.




 
Integrante da equipe de fonos do HC-UFTM, Lidiane Silveira dos Santos Plácido, contou que em 2021 as principais sequelas de manifestações fonoaudiológicas de pacientes pós COVID foram decorrentes de problemas neurológicos que causaram, principalmente, dificuldades no olfato, paladar, deglutição e fala. 
 
“O paciente às vezes do pós COVID tem um AVC isquêmico ou hemorrágico. Além disso, a gente teve casos também de Guillain-Barré decorrente da infecção viral do vírus da COVID”, afirma.
 
Ainda conforme a fonoaudióloga, por causa das doenças citadas acima, por exemplo, surge no paciente doenças como a disfagia orofaríngea neurogênica, que é a dificuldade de deglutição, a disfonia (popularmente conhecia como rouquidão) e as dificuldades com olfato ou paladar.




 
“A gente teve muita queixa de pacientes pós COVID, que demorou a voltar, então a gente faz treinamento olfatório ou gustativo; também muita queixa de distúrbio cognitivo muito voltado para déficit de atenção e dificuldade de memória recente”, complementa.
 
Para a fonoaudióloga Luciana Ávila, o maior desafio de sua carreira foi ter trabalhado praticamente todos os dias com vários pacientes da COVID, principalmente, aqueles que ficaram com sequelas da doença, sendo que quase sempre são sequelas decorrentes de problemas neurológicos.
 
“Outro problema de saúde que também ocorreu depois em pacientes COVID que ficaram muitos dias internados foi a fraqueza muscular generalizada. E isso acarreta também na questão da mastigação, deglutição e problemas de fala. Tivemos pacientes com processo de intubação prolongada que acabou adquirindo disfonia, com o distúrbio da voz. Então eles têm de ter o apoio da fono para trabalhar a sua produção vocal e a coordenação respiratória”, explicou.




 
Segundo informações da área de Comunicação do HC-UFTM de Uberaba, de janeiro a novembro de 2021, a equipe de profissionais de Fonoaudiologia do HC-UFTM realizou 11,5 mil atendimentos, principalmente, voltado para pacientes com dificuldades na deglutição, em unidades como terapia intensiva (UTIs), Clínica Médica e Cirúrgica, Pronto-Socorro (PS) Adulto e Infantil, Cuidados Intermediários e Centro de Reabilitação. 
 
A reportagem questionou sobre qual foi o número de atendimentos relacionados à pacientes pós COVID durante a pandemia, mas, ainda conforme o setor de comunicação do hospital, o levantamento não foi realizado.

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