Jornal Estado de Minas

REFEIÇÃO SALGADA

Aluno da UFV pode ter de pagar quase o triplo no bandejão na volta às aulas

O estudante da Universidade Federal de Viçosa (UFV) pode levar um susto quando tiver de pagar pela refeição no bandejão do Restaurante Universitário (RU). Uma das faixas criadas pela reitoria terá de desembolsar R$ 5,40 na volta às aulas presenciais, o que representa quase o triplo do R$ 1,90 que todos os alunos pagavam antes da pandemia da COVID-19. Insatisfeitos, os universitários fizeram protestos nesta sexta-feira (26/11).




 
Enquanto alunos protestavam em frente à reitoria da universidade, outros faziam uma pressão virtual, ao disseminar no Twitter hashtags como #aumentodoRUNão e #MaisFamintadoBrasilUFV. Após as manifestações, a administração decidiu aumentar uma das três faixas de subsídios: de 70% para 75%. Na prática, os alunos contemplados nessa categoria pagarão R$ 2,25 em vez de R$ 2,70.
 
Os percentuais são em cima do custo de cada refeição para a universidade: R$ 9. A UFV banca parte desse valor com subsídios para viabilizar a refeição do estudante. 

As três faixas são as seguintes:

  • 100% de subsídio: a universidade vai bancar todo o custo da refeição, que será gratuita para o aluno dessa faixa
  • 75%: os alunos pagarão R$ 2,25
  • 40%: os alunos pagarão R$ 5,40
 
Quanto a essa última faixa, o valor representa um aumento de 184% em relação ao R$ 1,90 cobrado antes da pandemia - portanto, quase o triplo. Os estudantes entendem que mesmo a faixa intermediária será muito prejudicada. “Se o RU subir, pouco que seja, muitos alunos não vão poder seguir estudando”, afirma Amanda Januzzi, estudante de pedagogia, à reportagem.




  
A estudante também alega que a proposta dos preços das refeições não foram discutidas com os estudantes apenas foram anunciadas em reunião virtual do Fórum de Assistência Estudantil na terça-feira (16/11) e com isso pegou todos de surpresa.
 
“Vejo que qualquer aumento nesse momento de fome do povo brasileiro é muito grande. E a UFV não fez um debate com os alunos sobre essas questões. Tanto a primeira quanto a segunda proposta não tiveram uma discussão com os estudantes. Muitos nem sabem se vão voltar e outros já saíram da universidade para trabalhar”.
 
O Conselho Estudantil (Consu) também se reuniu hoje (26/11).
  

Criação de faixas

 
A criação dessas faixas é uma novidade para essa volta ao presencial. Antes da pandemia, todos os alunos pagavam o mesmo valor: R$ 1,90. O anúncio da mudança na política de preços aconteceu no Fórum de Assistência Estudantil, realizado no dia 16 de novembro.





O reitor da UFV, Demetrius David da Silva disse que, para permanecer os valores das refeições a R$ 1,90 a todos os alunos, seria necessário investimento de R$ 20 milhões. Mas o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) aprovado com cortes pelo governo federal deixou um buraco de R$ 4.882.013 no orçamento. “Temos R$ 15.117.987 previstos para aportes nos restaurantes universitários”, afirmou, à época.
 
Presente no fórum, a estudante de direito e presidente do Diretório Central dos Estudantes da UFV, Thaís Rosa, disse que defende a criação de um plano nacional para atrair jovens para a universidade. Mas, segundo ela, em vez disso acontecer, a política de cortes no Ministério da Educação tem afastado todos os alunos, principalmente os de vulnerabilidade socioeconômica.
 
“Não podemos deixar que aconteçam os ataques à nossa permanência na universidade, não existe educação sem assistência estudantil devendo a criação do Plano Nacional para atrair os jovens à Universidade, e o que vemos nesse momento de crise financeira no país são os jovens sendo empurrados para os trabalhos precários”.
 
Procurada pela reportagem, a Universidade Federal de Viçosa não respondeu às perguntas até o fechamento da reportagem. Tão logo a instituição se manifeste, este texto será atualizado.




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