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Estado de Minas CLIMA

Chuvas na ordem do dia

Após temporal histórico para o mês, Kalil reúne equipe para afinar ações preventivas


20/10/2021 04:00 - atualizado 20/10/2021 00:20

Agentes públicos fizeram limpeza na manhã de ontem no Taquaril
Agentes públicos fizeram limpeza na manhã de ontem no Taquaril, uma das áreas de risco de deslizamentos e desmoronamentos em Belo Horizonte (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), discutiu medidas de prevenção para a temporada de chuvas na cidade com a equipe da prefeitura, na tarde de ontem, no Centro Integrado de Operações de Belo Horizonte (COP-BH), localizado no Bairro Buritis, Região Oeste da capital. O encontro ocorreu no dia seguinte ao temporal com volume recorde para o mês, que atingiu a cidade na noite de segunda-feira. Em 3 horas, choveu quase a metade do esperado para todo o mês de outubro. "Quem se organizar melhor, de forma mais robusta, vai diminuir um pouco o sofrimento da população", destacou o prefeito.

Participaram o secretário de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão; o superintendente da Sudecap, Henrique Castilho; o superintendente de Limpeza Urbana, coronel Genedempsey Bicalho Cruz; o subsecretário de Proteção e Defesa Civil, Waldir Figueiredo Vieira; o diretor-presidente da Urbel, Claudius Vinícius Leite Pereira; e os nove coordenadores das regionais da cidade.
Questionado se temia por mais mortes em decorrência das chuvas, Kalil foi enfático. "Eu tenho medo sempre. Eu tenho medo de ficar doente, tenho medo de COVID, tenho medo de risco geológico, tenho medo de chuva, tenho medo de tudo. Eu sou um medroso", afirmou.

Kalil durante o encontro, lembrando que os perigos são maiores em áreas mais carentes da cidade
''Quem se organizar melhor, de forma mais robusta, vai diminuir um pouco o sofrimento da população'', disse Kalil durante o encontro, lembrando que os perigos são maiores em áreas mais carentes da cidade (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Kalil lembrou o que chama de "plano robusto e organizado" realizado ano passado, quando um grande temporal castigou a cidade. "Tivemos, de 2019 para 2020, uma tempestade que conseguimos passar 'apenas' com risco geológico. Então viemos organizar um comitê que já se reúne o ano inteiro para que se estruture de forma organizada para que possamos diminuir os danos que as chuvas têm causado no mundo inteiro", lembrou.

Entre as medidas anunciadas estão mais obras de tapa-buracos nas ruas da capital e o mapeamento em áreas com risco geológico – deslizamento de terra que pode causar soterramentos, por exemplo.

RISCO GEOLÓGICO 


Durante o encontro, o prefeito pediu ao secretariado um mapeamento das áreas de risco geológico para evitar tragédias. “As regiões mais difíceis são as mais carentes”, afirmou Kalil. Em 26 de janeiro do ano passado, sete pessoas morreram soterradas no desabamento de casas na Vila Bernadete, no Barreiro, durante o temporal. A expectativa é que nenhuma vida seja ceifada em mais uma temporada chuvosa. A Defesa Civil emitiu um alerta para a possibilidade de deslizamentos, válido ainda hoje, podendo se estender de acordo com o clima dos próximos dias. “Estamos nos organizando, a prefeitura é organizada, tem verba pra isso e uma secretaria social robusta para ajudar esse povo. E é isso que vamos fazer”, prometeu o prefeito.

Ainda no ano passado, o prefeito chegou a transferir seu gabinete para o COP-BH para acompanhar as medidas paliativas diante das fortes chuvas e atuar em casos de emergência. Desta vez, ele dispensa a mudança. “Aquilo foi um ‘Deus nos acuda’, um ‘bate-cabeça’. Agora eu não quero isso mais, não. Vou comandar a prefeitura do meu gabinete.”

SUPORTE ÀS FAMÍLIAS 

Kalil ainda agradeceu o trabalho dos servidores durante a ação de segunda-feira e prometeu ajuda financeira e suporte para famílias que moram em áreas de risco. "Propusemos toda a estrutura para que mapeie milimetricamente, se possível, todas as áreas de risco geológico. Ontem, por exemplo, após 40 minutos de chuva, todas as vias estavam interditadas e foram removidas seis famílias imediatamente. Isso é mitigar a morte. Não aconteceu nada com a casa deles, mas, na dúvida, não tem como ter dúvida, a gente tem que tirar todo mundo. Temos robustez para proteger esse pessoal com ajuda no aluguel, para colocar em outra casa", disse.

De acordo com a prefeitura, de janeiro a setembro de 2021, a Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) realizou cerca de 50 obras em áreas de risco geológico em vilas e favelas. Mais de 150 famílias foram retiradas preventivamente. "Se o local apresenta grau de risco alto ou muito alto, o qual não pode ser eliminado ou controlado por uma obra tecnicamente viável, a família é removida, sendo encaminhada para o Abrigo Municipal. Ela também pode acessar o programa Bolsa Moradia até o seu reassentamento definitivo em uma unidade habitacional construída pela prefeitura", informou em nota.

CIDADE EM OBRAS 

Kalil lembrou de obras que funcionaram, como no caso de Venda Nova. Na região, a bacia de contenção pode ter evitado novas inundações na Avenida Vilarinho e ruas adjacentes. “Temos muitas coisas que já funcionam, mas é o que eu disse desde a primeira chuva: se ninguém desse o primeiro passo para melhorar uma cidade que tem a topografia de BH …”, alfinetou as gestões anteriores. “Já demos um passo muito grande. O que foi feito nos últimos cinco anos, em 40 não se teve notícia.”

Fique ligado


Os alertas de risco da Defesa Civil estão disponíveis em diversos canais. Para receber informações via SMS, basta que o usuário envie uma mensagem de texto com o CEP da sua rua para o número 40199. Uma mensagem de confirmação será disparada na sequência. O serviço não tem custo. Quem preferir também pode acompanhar as mensagens por meio das redes sociais, tais como Instagram, Twitter, Facebook, e pelo canal público do Telegram. Em todas as plataformas, a Defesa Civil é identificada por @defesacivilbh.

No Taquaril, um retrato do perigo


Leandro Couri

Barrancos encharcados elevaram a tensão no aglomerado
Barrancos encharcados elevaram a tensão no aglomerado, instalado em terreno íngreme, com histórico de desmoronamentos nas chuvas (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

Ruas inundadas, bueiros entupidos e barrancos encharcados no temporal da noite de segunda-feira deixaram apreensivos os moradores do Aglomerado Taquaril, na Região Leste de Belo Horizonte, que acumulou em 18 dias o dobro do volume de chuvas esperado para todo o mês de outubro. Instalada em terreno muito íngreme e que acumula vasto histórico de tragédias provocadas por temporais, a comunidade está temerosa.

“A chuva aqui ontem (na segunda-feira) foi bem pesada. Bem fora do normal. Devido a esse volume, a enxurrada desceu para uma das partes mais vulneráveis do bairro, que é a Ocupação Terra Nossa. Lá há poucas saídas de água e elas foram obstruídas com lama e lixo. Hoje, há equipes da prefeitura aqui, fazendo limpeza preventiva de canaletas e das saídas de água. Por enquanto, ainda não houve nenhuma tragédia, mas não tem como a gente não ficar tenso", diz o líder comunitário dos bairros Taquaril e Castanheiras, André Luiz.

Na Região Leste, que compreende 51 bairros da capital, das 18h às 21h de segunda-feira, choveu 89% do esperado para todo o mês de outubro. Desde o dia 1º, o acúmulo equivale a 209,4% do esperado.

Recorde seguido de mais precipitações


Gabriel Ronan

Chuvas persistiram ontem em BH
Com menos intensidade do que no dia anterior, as chuvas persistiram ontem em BH e a previsão é de que continuem até o fim da semana (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)

Após registrar o dia mais chuvoso de sua história no mês de outubro na segunda-feira, BH teve uma terça também de precipitações, mas segue sob alerta de risco geológico forte em quase todas as regiões, com chuvas se prolongando até o fim de semana. De acordo com a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil (Supdec), a Região Centro-Sul computou chuva extremamente forte, acima dos cinco milímetros, por volta das 14h. Meia hora antes, a Noroeste teve pluviosidade forte, entre 2,5mm e 5mm. Na maior parte do dia, no entanto, a Supdec informou que a chuva foi fraca, abaixo de um milímetro.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação meteorológica do Bairro Santo Agostinho registrou precipitação de 80,2 milímetros na segunda, o que equivale a 76,5% da média histórica de todo o mês em apenas 24 horas. O recorde anterior era de 22 de outubro de 2009, com 78,5 milímetros de chuva, segundo o Inmet. E há uma explicação técnica para tanta chuva em Minas Gerais já em outubro.

“Um sistema frontal se aproximou pelo litoral do Sudeste e organizou uma zona de convergência (Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS) de umidade sobre grande parte do Brasil, então canalizou a umidade da região amazônica para praticamente todo Centro-Oeste e Sudeste. É raro isso acontecer nessa época do ano”, afirma o meteorologista Lizandro Gemiacki, do Inmet.

A zona de convergência citada por Lizandro nasce a partir da interação de diferentes correntes de ar de vários sistemas meteorológicos do planeta. Esse fenômeno temporal, no entanto, costuma acontecer a partir de meados de novembro. “Estávamos discutindo hoje com colegas meteorologistas que possivelmente vai ser o outubro mais chuvoso da história (de BH). Tem essa chance”, afirma Lizandro Gemiacki. Segundo o especialista, a zona de convergência deve se estender por mais cinco dias em Minas Gerais. Portanto, o fim de semana também deve ser de precipitação.

 A Defesa Civil voltou a emitir alerta, ontem, para risco geológico em Belo Horizonte. O aviso mantém a lista oito regionais sob ameaça de deslizamentos, desabamentos e acidentes em decorrência das chuvas que atingem a cidade, já citado na noite de segunda. São elas: Pampulha, Nordeste, Noroeste, Leste, Oeste, Centro-Sul, Norte e Barreiro. Em Venda Nova, o risco é moderado.

As principais recomendações de segurança aos moradores durante os temporais são a inserção de calha no telhado; a eliminação de vazamentos em reservatórios e caixas-d'água; evitar jogar lixo ou entulho em encostas; não descartar de esgoto em barrancos; e não fazer queimadas. Ao menor sinal de perigo, o cidadão deve ligar para o 199.


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