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Estado de Minas "MOMENTO HISTÓRICO"

OMS aprova e recomenda a 1ª vacina contra malária


07/10/2021 04:00

Criança é examinada em Burkina
Criança é examinada em Burkina, na África, onde a malária, mata anualmente mais de 260 mil pacientes de menos de 5 anos de idade. No detalhe, o mosquito Anopheles, vetor da doença, visto em microscópio (foto: AOlympia de Maismont/AFP - 4/11/19)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou, ontem, a primeira vacina contra a malária, doença transmitida por mosquitos que todo ano mata mais de 400 mil pessoas por ano, sobretudo crianças africanas. A doença, da qual se tem registro desde a Antiguidade, manifesta-se através de febre, dores de cabeça e musculares, seguidas de outros sintomas cíclicos como calafrios, aumento da temperatura corporal e sudorese. A cada dois minutos, uma criança morre de malária no mundo, segundo a OMS. No Brasil, 99% dos casos ocorrem na região amazônica.

"É um momento histórico. A tão esperada vacina contra a malária para as crianças é um grande avanço para a ciência, a saúde infantil e o combate à malária", declarou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado em um comunicado. "O uso dessa vacina, além das ferramentas existentes para prevenir a malária, poderia salvar dezenas de milhares de vidas de menores a cada ano", acrescentou.

A "RTS,S" é uma vacina que age contra o parasita (Plasmodium falciparum) transmitido pelo mosquito Anopheles, o mais mortal do mundo e frequente na África. Para esse continuente, onde a malária mata mais de 260 mil crianças de menos de 5 anos todo ano, essa vacina é sinônimo de esperança, principalmente porque teme-se que a doença, também conhecida como paludismo, se torne cada vez mais resistente aos tratamentos. "Durante séculos, a malária assolou a África Subsaariana e causou imensos sofrimentos pessoais", declarou Matshidiso Moeti, diretor regional da OMS para a África.

A doença é provocada por cinco espécies de parasitas do tipo Plasmodium, todos eles transmitidos por mosquitos. O Plasmodium falciparum é o mais patogênico e responsável pelos casos fatais. "Faz tempo que esperávamos uma vacina contra a malária eficaz e agora, pela primeira vez, temos uma recomendada para uso generalizado", acrescentou Moeti.

Desde 2019, um programa piloto foi implementado em três países da África Subsaariana – Gana, Quênia e Malauí –, que introduziram a vacina em várias regiões onde foram administradas mais de 2 milhões de doses. A "RTS,S", fabricada pela gigante farmacêutica britânica GSK, é a primeira vacina e a única até agora que demonstrou ser eficaz em reduzir significativamente o número de casos de malária, incluída a variante grave e potencialmente mortal em crianças.

FINANCIAMENTO 


Os resultados do teste piloto demonstraram que o imunizante "reduz significativamente a malária em sua forma grave em 30%", declarou Kate O'Brien, diretora do departamento de vacinação da OMS. Em maio de 2018, as autoridades reguladoras de Gana, Quênia e Malauí autorizaram seu uso em algumas áreas. Segundo a OMS, os testes clínicos de fase 3 demonstraram que a vacina, quando administrada em quatro doses, previne 4 em 10 casos de malária e 3 em 10 casos da variante que ameaça a vida.

Mas para uma implementação em massa é necessário financiamento. A Aliança para as Vacinas (Gavi) anunciou que examinará "se e como financiar um novo programa de vacinação contra a malária nos países da África subsaariana", em comunicado publicado após o anúncio da OMS.

O ano de 2021 esteve marcado por avanços importantes na luta contra a malária, uma doença à qual os laboratórios farmacêuticos e a pesquisa prestaram pouca atenção durante anos. Um protótipo de vacina desenvolvido pela Universidade de Oxford, o Matrix-M, gerou esperanças em abril, com uma eficácia incomparável de 77% nos testes de fase II. Poderia ser aprovado em dois anos. Em julho, o laboratório alemão BioNTech informou que queria aplicar na malária a tecnologia de RNA mensageiro, usada em sua vacina contra a COVID-19.

A OMS espera que sua recomendação incentive os cientistas a desenvolver outras vacinas. A RTS,S é "uma vacina de primeira geração muito importante", declarou Pedro Alonso, diretor do programa contra a malária da OMS. "Mas esperamos (...) que incite os pesquisadores a buscarem outros tipos de vacinas para complementá-la ou superá-la".

NO BRASIL 


A Região Amazônica brasileira é considerada a área endêmica do país para malária com 99% dos casos autóctones e compreende os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), nas áreas fora da Região Amazônica, mais de 80% dos casos registrados são importados dos estados pertencentes à área endêmica, outros países amazônicos, como os do continente africano, mas existe transmissão residual de malária em estados da região extra-Amazônica, principalmente em áreas de Mata Atlântica (SP, MG, RJ e ES).

Dados do MS apontam uma queda na frequência de casos de malária a partir de 2010 até 2016. Porém, em 2017, foi registrado um aumento de aproximadamente 50,4% nos casos em relação ao ano de 2016, com 194.426 casos notificados. O número de óbitos  tende a uma constante redução desde 2005. Em 2019, último dado disponível, foram registrados  37 óbitos, segundo dados preliminares, aponta o texto da pasta.



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