Jornal Estado de Minas

COVID-19

Minas e BH retomam plano de vacinar todos os adolescentes

Após receber o comunicado do Ministério da Saúde autorizando a vacinação contra a COVID-19 apenas em adolescentes com comorbidades, deficiência permanente ou privados de liberdade, o governo de Minas consultou autoridades responsáveis pela liberação de imunizantes para uso no Brasil e decidiu que todas as faixas etárias – dos 12 aos 17 anos – e grupos vão receber as doses do imunizante. Belo Horizonte seguirá a mesma linha. Mas o avanço da vacinação dependerá do envio de doses, que é feito pelo governo federal.





O secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, Fábio Baccheretti, ressaltou, em entrevista, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reafirmou a segurança da vacina para os adolescentes. “A Anvisa afirmou que não existe nenhuma restrição técnica da vacina para esse grupo. Diante disso, Minas está liberando, por meio da deliberação que já existia, a vacinação de todos os adolescentes, com ou sem comorbidades”, informou. “Dependemos agora é do envio de mais vacinas para iniciar a imunização desse grupo”, destacou o secretário. Na quinta, o estado e BH haviam informado que suspenderiam a vacinação.
 
O documento a que Baccheretti se referiu é a Deliberação CIB-SUS/MG 3.508, de 3 de setembro de 2021, que aprova o uso do imunizante da Pfizer para vacinação contra COVID-19 de todos os adolescentes de 12 a 17 anos, bem como para dose de reforço – por ora destinada a idosos – no estado de Minas Gerais.

NA CAPITAL 

Também o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, informou que a capital seguirá com a vacinação desse grupo: “A nota da Anvisa é muito clara dizendo que não há contraindicação para vacinar adolescentes sem comorbidades. Se houver disponibilidade de vacinas, eles serão vacinados sem dúvida alguma”, afirmou. “A nossa ideia é imunizar pessoas ainda mais jovens, porque sabemos que vacinar esse público é extremamente importante para controlar a transmissão do coronavírus, pois os adolescentes também circulam pela cidade.”





Belo Horizonte iniciou a vacinação de adolescentes em 6 de setembro, oferecendo os imunizantes àqueles que têm comorbidades, deficiência permanência, às grávidas, puérperas e lactantes. Antes de iniciar a vacinação, foi aberto um cadastro do grupo, que contou com 5.521 inscrições (até 2 de setembro). Até ontem, de acordo com o Boletim Epidemiológico e Assistencial da prefeitura, 5.612 doses tinham sido aplicadas em moradores desse grupo. BH já vacinou 82,2% de sua população com a primeira dose ou injeção única da Janssen, e 47,8% dos adulto com duas doses. Hoje, pessoas de 54 anos que tomaram a AstraZeneca recebem a segunda dose.

NO INTERIOR 

Outros municípios mineiros que já haviam iniciado a vacinação de adolescentes suspenderam a campanha seguindo as orientações do Ministério da Saúde. É o caso, por exemplo, de Franciscópolis, no Vale do Mucuri, que não havia revogado a suspensão até ontem. Sete Lagoas, na Região Central do estado, e Barbacena, no Campo das Vertentes, chegaram a suspender a vacinação dos adolescentes sem comorbidade, mas continuam com o plano para aqueles que têm a junção de duas ou mais doenças.

Em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, o cadastro para quem tem 17 anos foi aberto na quarta-feira e as primeiras doses já haviam sido aplicadas na quinta. Cerca de mil adolescentes foram imunizados quando a prefeitura interrompeu a campanha. Ontem, a prefeitura voltou atrás e informou que retomará a vacinação de adolescentes entre 12 e 17 anos na segunda-feira (20/09).





“CONTRAMÃO” 

Outras unidades da Federação anunciaram que pretendem manter a vacinação dos adolescentes. Entre elas, São Paulo, que já imunizou 72% dos adolescentes. "São Paulo lamenta a decisão do Ministério da Saúde (…). A vacinação nessa faixa etária já é realizada nos Estados Unidos, no Chile, no Canadá, em Israel, na França, na Itália, entre outras nações. A medida cria insegurança e causa apreensão em milhões de adolescentes e suas famílias, que esperam ver os seus filhos imunizados, além dos professores que convivem com eles", diz nota do governo paulista.

A nova recomendação é de que os jovens de 12 a 17 anos sem comorbidades que tomaram a primeira dose da vacina contra a COVID-19 não retornem para a segunda. Ao anunciar a orientação, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, alegou “questão de cautela”. Ainda de acordo com o ministério, no caso dos jovens dessa faixa com comorbidades ou deficiência que tomaram a dose da Pfizer, única autorizada para esse grupo, deve-se completar a cobertura imunológica com a segunda.

O QUE DIZ A ANVISA 

O uso da Pfizer para imunização de adolescentes no Brasil foi aprovado pela Anvisa em 11 de junho. Na quinta-feira, a agência informou que não há “evidências” que justifiquem a alteração da recomendação para uso do imunizante no grupo. A Anvisa confirmou que investiga a morte de uma adolescente de 16 anos que foi vacinada com a Pfizer, mas que pelos “dados disponíveis até o momento, não existem evidências que subsidiem ou demandem alterações nas condições aprovadas para a vacina” e que “os benefícios da vacinação excedem significativamente os seus potenciais riscos”. Segundo a agência, os dados recebidos sobre o óbito "ainda são preliminares e necessitam de aprofundamento para confirmar ou descartar a relação causal com a vacina".





*Estagiárias sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira 

Casos e óbitos em declínio no país

 
O número de novos casos e de mortes por COVID-19 no Brasil sofreu a maior queda desde o início de 2021, apontam dados divulgados ontem pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O recuo foi de 3,8% ao dia na última Semana Epidemiológica, entre 5 a 11 de setembro. O país registra agora 12 semanas consecutivas de redução nos óbitos.

Os dados constam da nova edição do Boletim do Observatório COVID-19 da instituição. A taxa de ocupação de leitos de UTI COVID para adultos está no melhor cenário desde que começou o monitoramento desse indicador. Apenas uma capital tem taxa superior a 80%: o Rio de Janeiro, com 82%. Duas estão na zona de alerta intermediária: Boa Vista (76%) e Curitiba (64%).
 
Paciente é tratado em UTI de Porto Alegre durante um dos picos da pandemia: agora, Brasil vive cenário de redução recorde no ano de médias de casos e óbitos (foto: Sílvio Ávila/AFP - 11/12/20)
O relatório também mostra tendência de recuo no total de casos de COVID-19. Houve em média 15,9 mil infecções e 460 óbitos diários de 5 a 11 de setembro, com oscilações ao longo das últimas 12 semanas epidemiológicas. Esses níveis ainda são apontados como altos.





"Este novo quadro epidemiológico indica a efetividade da campanha de vacinação, que já vem cumprindo um dos seus objetivos: a redução dos casos mais graves de COVID-19, que necessitem internação ou que gerem óbitos", afirma o texto. "No entanto, diversos casos, mais leves ou assintomáticos, podem estar ocorrendo sem a necessária notificação e investigação epidemiológicas."

SÍNDROMES 

A análise das síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) – quadro que cresce junto com a COVID-19 – feita pelo InfoGripe/Fiocruz, indica tendência de melhora no país. Mas o relatório chama a atenção para a avaliação da média móvel das últimas semanas. Ela mostra que Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal ainda apresentam taxas acima de cinco casos por 100 mil habitantes. O número é considerado muito alto.

O Boletim afirma ainda que a redução dos casos e óbitos parece ser sustentada. Ressalta, porém, que com a disseminação mais homogênea da vacinação, os percentuais de casos graves e fatais tendem a crescer entre os idosos.





Segundo o relatório, desde que começou a vacinação entre adultos jovens, esta é a primeira vez em que as medianas de três indicadores relevantes – idade dos pacientes em internações gerais, internações em UTI e óbitos – ficou acima dos 60 anos. Mediana é um número que divide uma série de valores em metades.

"Isso significa que mais da metade de casos graves e fatais ocorrem entre idosos", diz o texto. "A proporção de casos internados entre idosos, que já esteve em 27% na SE 23 (6 a 12 de junho), hoje se encontra em 54,4%. Para os óbitos, que encontrou na mesma semana 23 a menor contribuição de idosos (44,6%), hoje está em 74,2%."

BALANÇO

A taxa de transmissão da COVID-19 em Belo Horizonte chegou nesta sexta-fira (17/9) a 1,08, a maior desde maio, permanecendo na zona de alerta, enquanto os outros dois principais indicadores da pandemia se mantiveram com sinal verde: a ocupação de leitos de UTI COVID-19, com 44,9%, e a de vagas em enfermaria, com 32,1% da capacidade. As mortes em decorrência da doença somam 6.651, num total de 278.370 casos confirmados, aponta o boletim de ontem da prefeitura. O estado, por sua vez, acumula 53.971mortes e 2.108.362 de casos da doença, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, são 21.080.219 casos e 589.573 óbitos.




 

Ministério lança testagem em massa


O Ministério da Saúde lançou, na manhã de ontem, um plano nacional de testagem em massa gratuito da população para a COVID-19. A estimativa é de que, até o fim do ano, 60 milhões de testes sejam distribuídos pelo país por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A expansão é feita um ano e seis meses após a decretação da pandemia do coronavírus. O anúncio ocorreu em eventos realizados em seis capitais: Belo Horizonte, Porto Velho (RO), Curitiba (PR), Campo Grande (MS), Macapá (AP) e Natal (RN), de onde falou o ministro Marcelo Queiroga, com transmissão ao vivo.

O teste de antígeno apresenta o resultado em prazo entre 15 e 20 minutos. Produzidos pela Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), eles serão realizados nas unidades de saúde e também em locais com grande circulação de pessoas, como nas fronteiras. Até o fim do ano, o ministério pretende distribuir 60 milhões de testes. Nesta semana, já foram repassados 2,4 milhões. Os exames serão realizados gratuitamente.

“A tecnologia evoluiu e hoje temos os chamados testes rápidos de antígeno, que em 15 minutos fornecem o resultado. Aquele que dá positivo é isolado, o que dá negativo volta às atividade normais. Assim vamos no binômio saúde e economia para que o país volte a crescer”, disse o ministro Queiroga na apresentação do chamado Plano Nacional de Expansão da Testagem para o Novo Coronavírus.





Os testes serão usados para a identificação de pacientes da COVID-19 sintomáticos, assintomáticos, e na Pesquisa de Prevalência de Infecção por COVID-19 no Brasil (PrevCov). Os testes de RT-PCR, cujo resultado é entregue em 24 horas, continuarão sendo aplicados.

Segundo o Ministério da Saúde, a Região Sudeste recebeu 1 milhão de testes. Em Belo Horizonte, ontem, deveriam ser feitos 250 testes. Na capital, o evento de lançamento ocorreu no Centro de Referência da Juventude, no Centro. O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, destacou que, além do crescimento da vacinação, é importante o controle e a vigilância dos pacientes sintomáticos. Hoje, com 87% da população adulta vacinada com a primeira dose e 44% com a segunda dose ou dose única contra a COVID-19, segundo o Vacinômetro, o secretário avalia que a iniciativa da testagem em massa chega em um bom momento. “Agora a doença dá sintomas mais leves porque temos boa parte da população já vacinada. Poucos procuram atendimento médico. A gente consegue, então, mitigar a transmissão com a testagem mais ampliada”, analisa. O secretário informou que os testes serão distribuídos para os municípios proporcionalmente à população de cada um.

“Essa testagem é muito oportuna porque permite um rastreamento dos casos poucos sintomáticos. A gente fazia o RT-PCR nos casos muito graves e isso deixava passar uma quantidade de pessoas potencialmente capazes de transmitir o vírus. Com esse teste rápido, a gente amplia a capacidade de detecção mais precoce dos casos e de rastreamento de contatos e, assim, uma vigilância epidemiológica que permite um controle maior sobre o número de casos na cidade”, disse o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado, que também falou da distribuição na capital. “Esses testes serão disponibilizados nos centros de atendimento à COVID (Cecovids) e possivelmente também nas unidades básicas de saúde. A ideia é que quanto maior o número de pessoas testadas, maior vai ser nossa percepção da transmissão do vírus na cidade”.





Alívio total no Risoleta

O Hospital Risoleta Tolentino Neves, em Belo Horizonte, divulgou na tarde de ontem uma notícia carregada de esperança: pela primeira vez desde o início da pandemia do novo coronavírus, não há nenhum paciente internado pela COVID-19 no hospital, que atende ao SUS e pertence à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O Risoleta Neves está há quatro dias sem pacientes internados no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) destinado à COVID-19. E na enfermaria, ontem foi o primeiro dia sem usuário internado com a doença. Portanto, todos os 12 leitos na Unidade de Cuidados Progressivos do Paciente COVID-19 (quatro são para CTI e oito para enfermaria) estão vagos. No momento mais crítico, em março de 2021, o Risoleta chegou a ter 72 leitos de enfermaria e 31 de CTI destinados a pacientes com COVID-19.

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