Jornal Estado de Minas

ONZE ANOS DEPOIS

Caso Eliza Samúdio: júri de ex-policial segue na quinta com debates orais

Acusado de envolvimento na morte da modelo Eliza Samúdio em 2010, o policial civil José Lauriano de Assis Filho - julgado desde as 10h desta quarta-feira (25/8) no Fórum de Contagem, na Grande BH -, será o último a ser ouvido pelos jurados na sessão de hoje, que deve terminar por volta de 23h30. Os trabalhos serão encerrados em seguida e retomados amanhã (26/8), a partir das 9h.





O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denuncia José Lauriano, conhecido como Zezé, por participação no sumiço e assassinato de Eliza, além do sequestro da moça e de Bruninho, filho dela com o goleiro Bruno Fernandes - na época, com 4 meses.

Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), o julgamento não deve ultrapassar dois dias. Hoje, onze testemunhas prestaram depoimento: 4 informantes, 4 testemunhas comuns e 3 testemunhas exclusivas da defesa. 

Amanhã (26/8) ocorrerão os debates orais entre a promotoria e a defesa do réu, que podem ter réplica e tréplica. O próximo passo é a reunião dos jurados para decidir sobre o futuro do acusado: culpado ou inocente. A expectativa é de que o julgamento termine até o fim da tarde.





Vinte testemunhas chegaram a ser intimadas, mas nove foram dispensadas. Agora à noite, o júri ouviu o depoimento gravado de Jorge Luiz Lisboa Rosa, prestado na 1ª fase do processo.

As oitivas da ação penal, que corre em segredo de Justiça, começaram com o delegado Wagner Pinto, atualmente aposentado, que trabalhou na apuração do caso. Entre suas principais revelações está o fato de que Zezé esteve no motel onde Eliza teria ficado antes de ser morta. 

O grupo de depoentes também inclui a delegada Alessandra Wilke, que participou das investigações, Macarrão, além do próprio jogador. O Tribunal do Júri é conduzido pelo juiz Elexander Camargos Diniz. 

Acusação

Zezé foi denunciado à Justiça por ao menos quatro crimes. Ele teria sequestrado Bruninho e Eliza no dia 4 de junho com o auxílio do primo do goleiro, Jorge Luiz Lisboa Rosa. A ação foi articulada pelo goleiro e Macarrão.





Posteriormente, o ex-policial teria mantido mãe e filho em cárcere privado por seis dias, até o dia 10. Lauriano teria participado ainda do homicídio da modelo, arquitetado por Marcos Aparecido de Souza, o Bola. Por fim, ele se juntou a Bola a corromper o primo do goleiro, Jorge Luiz Lisboa Rosa - então com 17 anos - para que ele ajudasse na ocultação do cadáver. 

Zezé responde pelo crime em liberdade. Ele chegou a ter a prisão preventiva decretada em 2015, fugiu e passou a ser considerado foragido da Justiça. Em 12 de agosto do mesmo ano, contudo, os desembargadores da 4ª Vara Criminal TJMG concederam habeas corpus ao réu

O crime

Depois de se relacionar com Eliza Samudio em 2009, Bruno Fernandes passa a ser pressionado pela mulher para assumir a paternidade de uma criança.
 
No mesmo ano, ela presta queixa contra o jogador na Justiça carioca por agressão e por forçá-la a abortar. Em 9 de junho de 2010, a modelo chega ao sítio do jogador em Esmeraldas, supostamente para resolver a situação.




 
Após o dia 10 de junho, ela não foi mais vista. A polícia recebeu uma denúncia anônima em 24 de junho sobre o suposto assassinato, que envolveria outras oito pessoas.

Condenações

Todos os réus do caso foram condenados, com exceção de Dayane Rodrigues, ex-mulher de Bruno, que foi absolvida das acusações. 

Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, foi condenada a cinco anos pelo sequestro e cárcere de Eliza e Bruninho. Luiz Henrique Romão, o Macarrão, braço direito do ex-ídolo do Flamengo, foi sentenciado a 15 anos de prisão por homicídio qualificado. Ele foi beneficiado por uma confissão parcial do crime. 

Já Bruno teve a pena estabelecida em 22 anos e 3 meses de prisão por homicídio e ocultação do cadáver da jovem e também pelo sequestro e cárcere privado do filho, Bruninho. O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como executor do assassinato, foi condenado a 22 anos de prisão.





Elenílson Vitor da Silva, caseiro do sítio do ex-atleta em Esmeraldas, e Wemerson Marques de Souza, o Coxinha, respondiam apenas pelo sequestro e cárcere privado de Bruninho da modelo. Ambos foram condenados e cumprem pena em regime aberto. 

Um outro réu no processo não chegou a ser julgado. Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro Bruno, era considerado a principal testemunha do caso. Ele foi assassinado meses antes da data prevista para o julgamento. A polícia concluiu que ele foi vítima de um crime passional, sem relação com o caso Eliza Samúdio. 

Jorge Lisboa Rosa, primo do jogador, que revelou às autoridades grande parte da trama, cumpriu medida sócio-educativa e já está em liberdade, já que era menor de idade quando o crime ocorreu.

(Com informações de Gabriel Ronan)