Jornal Estado de Minas

TRAGÉDIA EM FAMÍLIA

Homem tem surto psicótico, mata o tio a facadas e leva tiro da polícia

O surto psicótico de João Paulo Ribeiro de Carvalho, de 21 anos, foi responsável por uma tragédia em família, na manhã desta segunda-feira (23/8), no apartamento de número 8 da Rua Monte Sião, 314, no Bairro Serra, em BH. Ele matou, a facadas, o tio, Clóvis Eduardo Franco Ribeiro, de 55 anos, e depois de investir contra um policial, acabou baleado e está internado, em estado grave, no Hospital do Pronto Socorro João XXIII (HPS).





 

Por volta de 20h30, uma viatura da PM, comandada pelo cabo Rodrigo, que tinha a companhia da soldado Ingrid, recebeu um chamado para comparecer ao referido endereço, onde havia uma queixa de surto psicótico.

No entanto, a história era bem mais grave. Ao chegarem ao local, e pararem a viatura, o cabo vislumbrou na janela do terceiro andar um homem gritando por socorro. Correram para chegar ao apartamento e viram um homem caído na cozinha, bastante ferido e sangrando muito. Era Clóvis.


Enquanto o cabo tentava prestar socorro, foi surpreendido pela chegada de João Paulo, segurando um violão. Depois de olhar o policial no olhos, João Paulo voltou para o interior do apartamento e retornou com uma faca na mão.





Olhando nos olhos do policial, disse repetidas vezes: “é você mesmo”, “é você meso”. De repente, investiu contra o policial, com a faca em posição de ataque. O cabo, então, sacou seu revólver e efetuou dois disparos. João Paulo caiu, mas levantou-se novamente e tornou a investir contra o cabo, que correu para fora do apartamento.


No corredor do terceiro andar, estava a soldado Ingrid e uma testemunha. João Paulo virou-se e foi na direção da policial. Nesse instante, o cabo voltou a disparar mais quatro vezes, contra João Paulo que tombou, mas ainda segurava a faca e proferia palavras de ameaça ao policial, que tomou-lhe a faca e a atirou para dentro do apartamento.


Nesse instante, chegaram ao local outras viaturas da PM. Os policiais primeiro, socorreram João Paulo, que foi levado para o HPS. Enquanto isso, outros verificaram a condição de Clóvis, constatando que ele já estava morto.





História trágica

Pouco depois, a mãe de João Paulo, Helena, chegou ao apartamento. Ela contou aos policiais, em prantos, que o filho sofria de problemas psiquiátricos, em virtude de dependência química e que, há pouco tempo, ficou seis meses internado.


Disse também que, há três dias, o filho tinha tido um surto psicótico e que a Polícia Militar foi quem a socorreu. No apartamento viviam, além dela e do filho, seu irmão Clóvis.


Depois do surto psicótico de sexta-feira, João Paulo teria fugido de casa, retornando no domingo, quando juntou suas roupas e pediu dinheiro para a mãe, dizendo que iria morar na rua. Helena não tinha dinheiro, sendo que nesse instante, o tio tirou o dinheiro que tinha do bolso, entregando-o ao sobrinho, que saiu da casa.


Na manhã desta segunda, Helena foi até a casa de uma amiga, que iria lhe emprestar dinheiro. Mas quando estava na casa dessa amiga, recebeu um telefonema do filho, que lhe pedia perdão pelas coisas que tinha feito. Desligou em seguida. Depois disso, um segundo telefonema, de uma vizinha, que pedia para ela correr para casa, pois estava acontecendo uma tragédia.





Quando chegou em casa, não pôde entrar no prédio, que estava fechado pela PM. E quando conseguiu chegar ao apartamento, viu o tamanho da tragédia, que seu filho, que estava ferido, matara seu irmão.

A morte em duas etapas

Vizinhos do prédio contaram que chamaram a polícia depois de ouvirem gritos de socorro, de Clóvis, vindos do apartamento de Helena. Alguns vizinhos chegaram a ir até lá, mas também foram ameaçados e acabaram se refugiando em suas casas.


Um vizinho contou que quando abriu a porta, viu Clóvis, ensanguentado, com muitos ferimentos na cabeça dizendo: “Olha o que ele me fez”. E que a vítima teria voltado ao apartamento, quando foi novamente esfaqueado, na cozinha do apartamento, pelo sobrinho.


O caso está a cargo da Delegacia de Homicídios. João Paulo segue internado, em estado grave, no Hospital do Pronto Socorro. O cabo Rodrigo está recolhido ao 22º BPM, onde é lotado. Ele teve sua arma recolhida, uma situação de praxe para esses casos, em que acontece a abertura de inquérito militar.



 

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