Jornal Estado de Minas

ALERTA

Polícia abre inquérito sobre morte de mulher após cirurgia estética em BH

As investigações sobre a morte de Claudia Barbosa Duarte, de 49 anos, que passou por uma lipoaspiração com abdominoplastia no Centro Cirúrgico Integrado, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão em andamento na 1ª Delegacia de Polícia Civil Centro. Esse foi o quinto caso do tipo em BH desde outubro de 2018, todos em bairros da Zona Sul da capital.





Por meio de nota divulgada na manhã desta sexta-feira (25/6), a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a instauração de inquérito para apurar as circunstâncias do óbito.

“Assim que acionada, equipe de policiais compareceu ao local para os primeiros levantamentos e o corpo foi removido para o Instituto Médico Legal André Roquette (IMLAR), onde foi submetido a exames para apurar a causa da morte. O corpo da vítima foi liberado ontem à noite (…), informou a instituição.

Morte

A mãe da Cláudia Barbosa relatou à Polícia Militar (PM) que ela havia sido operada nessa quarta-feira (23/6). Após a cirurgia, a vítima foi encaminhada para observação em aparente tranquilidade, satisfeita com os resultados.





Durante a madrugada dessa quinta (24/6), no entanto, a paciente teria sentido fortes dores e calafrios. Diante da ocorrência, a equipe de plantão foi mobilizada para levá-la à sala de emergência. Por volta das 7h, a mulher veio a óbito.

O cirurgião responsável pelo procedimento disse aos policiais que a cirurgia teria ocorrido dentro da normalidade e que, após encerrar o expediente e chegar em casa, foi informado sobre o estado de saúde de Cláudia.

Os cuidados de emergência ficaram a cargo da médica de plantão. Ela disse à polícia que foi chamada durante a madrugada para comparecer ao quarto da mulher. Após examiná-la, a profissional prescreveu medicamentos para dor. Ao notar que o quadro não melhorava, ela então recomendou que a vítima fosse levada à sala de emergência.

A irmã de Cláudia contou à PM que ela sofria de pressão alta, o que causou resistência da própria família à realização do procedimento estético. Segundo o relato da parente, médico teria receitado um remédio para emagrecimento antes da cirurgia. O composto era aplicado no abdômen.






Em nota, a Polícia Civil informou que removeu o corpo para o Instituto Médico Legal André Roquette, no Bairro Gameleira, Região Oeste de BH. Lá, os peritos farão exames para apurar a causa da morte. “Novas informações serão repassadas em momento oportuno", esclareceu a instituição de segurança pública.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclareceu, por meio de nota, que a clínica possui alvará de funcionamento para realizar procedimentos cirúrgicos. As normas exigidas pela Vigilância Sanitária também estão em dia.

Resposta

O Estado de Minas entrou em contato com o Centro Cirúrgico Integrado. Por telefone, um funcionário afirmou que a clínica não vai se pronunciar sobre o caso em respeito à vítima.

O Centro Cirúrgico Integrado é um hospital dia, que oferece assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, com permanência máxima do paciente por 12 horas.




De acordo com o site da clínica, no local podem ser realizados procedimentos cirúrgicos de baixa e média complexidade nas áreas médica e odontológica.

Riscos

O que a pessoa interessada em fazer cirurgias estéticas precisa saber para minimizar os riscos? O Estado de Minas ouviu um especialista no assunto.

“O paciente tem que procurar saber se o profissional é qualificado. A qualificação de um cirurgião plástico requer os seis anos de medicina, uma formação em cirurgia geral que varia entre dois e três anos e mais três anos de preparo e treinamento em cirurgia plástica, que vai da parte reconstrutora até a estética. Esses profissionais, quando recebem a certificação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e do CFM (Conselho Federal de Medicina), têm o aval", orienta Vagner Rocha, secretário da SBCP em Minas Gerais.

Vagner esclarece que o paciente precisa ficar atento também à clínica onde vai fazer a intervenção. “No que tange à instituição hospitalar, é interessante o paciente tomar conhecimento junto aos órgãos fiscalizadores, como a Vigilância Sanitária. Para saber se o ambiente é qualificado", diz.





Sobre a hipótesede a paciente que morreu em BH sofrer de pressão alta, o cirurgião plástico explica que a hipertensão não é um fator impeditivo para realizar cirurgias, desde que a condição esteja sob controle.

“Existe o risco inerente do procedimento. Há necessidade de o paciente ter uma avaliação prévia do cardiologista, do anestesista e do cirurgião para indicar e confirmar esse procedimento”, completa o especialista. Segundo Vagner Rocha, a SBCP realiza um curso teórico integrado para atualização de profissionais já formados e especializações para formandos para reduzir a incidência de casos como o desta quinta-feira (24/6).

Morte em busca da beleza

 Outros casos de vítimas de procedimentos estéticos

Setembro de 2020

A Polícia Civil indicia o médico Joshemar Fernandes Heringer por homicídio doloso de Edisa Soloni, de 20 anos. A jovem morreu naquele mês, depois de passar por três cirurgias plásticas na Clínica Belíssima, na Região da Savassi, área nobre de Belo Horizonte. A família alegou que a vítima não foi informada sobre os reais riscos do pacote com três cirurgias – remoção de gordura e pele do abdômen, inserção nos glúteos e lipo na papada. Os procedimentos custaram R$ 11 mil.





Janeiro de 2020

Gisele Soares de Carvalho, 39, é encontrada morta dentro de uma clínica estética na Rua dos Tupis, no Centro da capital mineira. A vítima nasceu em Três Rios (RJ), mas vivia em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. O cirurgião aplicou polimetilmetacrilato (PMMA) na vítima. O material não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) nem pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) para uso estético, porém não é ilegal.

Dezembro de 2019

4 Adriane Zulmira do Nascimento, 48, morre durante um procedimento estético em uma clínica no Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A vítima realizava uma cirurgia para a redução da mama, quando se sentiu mal. Na época, familiares de Adriana contaram que o tamanho dos seios causou problemas na coluna dela. Por isso, a mulher decidiu fazer procedimento. A vítima teria recorrido ao plano de saúde para fazer a cirurgia.

Outubro de 2018

Morre Renata Bretas, de 36, após passar por uma cirurgia estética na clínica Forma, novamente na Região Centro-Sul da capital mineira. Ela colocou prótese de silicone e fez uma lipoaspiração nas axilas. A mulher já teria passado mal no pós-operatório, mas recebeu alta e voltou a Itabirito, na Grande BH, onde morava. A vítima teve uma parada cardíaca e morreu antes de chegar ao hospital.

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