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Estado de Minas COVID-19

Trezentos PMs recusam doses


17/06/2021 04:00 - atualizado 16/06/2021 23:21

A vacina contra a COVID-19, principal bloqueio para a disseminação do novo coronavírus, foi recusada por 300 policiais militares de Minas Gerais. A categoria, que teve mais de 160 mortes pela doença respiratória, foi priorizada na campanha de vacinação. Em Minas, profissionais das forças de segurança começaram a se vacinar em abril, antes mesmo de professores, motoristas ou garis. O número de recusas ao imunizante no estado foi informado pela Seção Técnica de Saúde da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) após pedido feito pela reportagem do Estado de Minas por meio da Lei de Acesso à Informação. O órgão disse ainda que não tem “informações quanto aos motivos que justificam a recusa à vacinação”.

Parte dos policiais militares lutou para conseguir prioridade no esquema vacinal. O Estado de Minas mostrou, em 5 de abril, que 18,75% da tropa havia sido contaminada pelo novo coronavírus e pelo menos 164 militares morreram no estado em razão da doença, de acordo com dados da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares de Minas Gerais (Aspra-MG). Entre tantas perdas, em março, a PM ficou de luto pela morte do tenente Marco Antônio Santos Said, de 49 anos, comandante da 4ª Companhia do Batalhão de Trânsito (BPTran).  O Brasil começou a vacinar a população em 17 de janeiro de 2021, atrás de outros países, como Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Chile, México, Espanha e Israel.

Médicos se preocupam com efeitos de movimentos antivacina. O infectologista Adelino Melo de Freire Junior, diretor-médico da Target Medicina de Precisão e diretor técnico-científico do Hospital Felício Rocho, lembra que eles são antigos e, muitas vezes, ocorrem porque as pessoas preferem não se submeter a um medicamento sem ter ficado doente. Ele lembra que as vacinas são grandes avanços da ciência na história da humanidade. “É tida como a segunda intervenção médica com mais sucesso na história, só perde para saneamento básico, no sentido de prevenção de mortes e de custo e efetividade. Não se tem dúvida de que é algo que a gente precisa usar sempre que possível”, comenta.

“Os grupos antivacina ganharam muito mais relevância com o advento das redes sociais e que acabam atingindo muitas pessoas. Quando a gente traz isso para o cenário da COVID-19, a gente tem um grande divulgador antivacina no nosso país, que é o nosso presidente da República. Nesta semana, ele (Jair Bolsonaro) deu uma nova declaração questionando se as vacinas são experimentais, se não são. Esse tipo de fala traz descrédito. Isso tem impacto”, afirma o médico infectologista.

FALTA CAMPANHA 


O especialista defende que as autoridades e as celebridades façam campanha para a vacinação, porque, de uma forma ou de outra, o discurso desses personagens tem eco na comunidade e muitas pessoas acabam seguindo seus posicionamentos. “No grupo da Polícia Militar, que é um grupo que a gente sabe que tem uma série de similaridades com o presidente, imagino que a repercussão desse questionamento, dessa dúvida em relação às vacinas, deve ter uma abrangência ainda maior”, supõe o infectologista.

Adelino Melo lembra que é preciso o máximo de pessoas possíveis vacinadas para que a sociedade possa minimizar a transmissão e com isso todos poderão ter uma vida cada vez mais próxima do normal, como tirar a máscara, poder encontrar e aglomerar. Com relação aos policiais militares, o médico ressalta a necessidade de imunização dos profissionais devido à alta exposição exigida pelo serviço operacional.

RESPONSABILIDADE 

O presidente da Aspra, subtenente Heder Martins de Oliveira, diz que o número de recusas é insignificante tendo em vista a totalidade da corporação, que tem efetivo com cerca de 38 mil militares, entre homens e mulheres. Por outro lado, ele vê risco de os policiais que recusam o imunizante não ter direitos assegurados em caso de contaminação pela COVID-19 em serviço. “Então, a gente orienta quem nos procura, aí a pessoa acaba tomando ou não”, diz, ressaltando que a recusa ocorre em outros setores da sociedade também.

A reportagem do Estado de Minas solicitou nota à assessoria de imprensa da PMMG e não obteve retorno até a publicação desta matéria.
 


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