Jornal Estado de Minas

PANDEMIA

Uberaba perde para a COVID-19 um de seus mais influentes jornalistas

 
Aos 85 anos, o conhecido e respeitado jornalista, advogado e escritor uberabense Luiz Gonzaga de Oliveira, morreu, nesta segunda-feira (15/6), vítima da COVID-19. Ele esteve internado no Hospital São Domingos por cerca de 15 dias.




 
Luiz Gonzaga, que ocupava a cadeira número 15 da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, foi sócio fundador da Rádio Sete Colinas, TV Uberaba e do jornal Cidade Livre.
 
Gonzaga foi narrador esportivo, cronista, apresentador de TV e trabalhou em diversos jornais, rádios e TVs de Uberaba e também de Belo Horizonte. Ele passou pela Editora Abril e revista Placar.
 
Durante os seus aproximados 70 anos de experiência profissional, o comunicador uberabense adquiriu vasta experiência em jornais impressos de Uberaba como Correio Católico e Lavoura e Comércio, e em rádios da cidade como a PRE5, Difusora e Sete Colinas.
 
Na política, ele atuou como presidente da Fundação Cultural de Uberaba (FCU) e também foi chefe de gabinete do ex-prefeito Anderson Adauto.
 
O jornalista uberabense escreveu cinco livros: "Casos de Nenê Mamá"; "Memória, Histórias e Causos de Uberababão"; "Terra Mãe"; "Uberaba de todos nós, sem nós e Ferradas e Ferroadas".




 
“Quem lutou tanto por sua terra quanto ele? Nenhum outro filho, se buscarmos em nossa história que começa oficialmente no século XIX.
 
De Borges Sampaio, passando por Hildebrando Pontes, José Mendonça e outros autores até os dias de hoje, todos escreveram bem a história das Sete Colinas, mas Luiz Gonzaga de Oliveira vestiu uma nova roupagem na história e a contou de forma a despertar no uberabense o amor pela sua terra.
 
"Ele tinha uma eloquência ímpar, sendo que ao contar qualquer assunto, tinha uma linha de raciocínio, um objetivo e não deixava margens para dúvidas. Então era um profissional completo”, declarou o presidente da Academia de Letras do Triângulo Mineiro, João Eurípedes Sabino.
 

Inspiração


A jornalista e advogada Lidia Prata, proprietária do Jornal da Manhã, conta que conheceu Luiz Gonzaga ainda menina, quando seu pai, os irmãos Fauze e Fued Hueb, José Curi Peres e outros amigos fundaram a Rádio Sete Colinas.




 
“Sempre simpático, falante e gentil, Gonzaga desde cedo se tornou um grande ídolo para mim, assim como foi para tantos e tantos comunicadores de Uberaba da minha geração. Com sua bela voz, facilidade extraordinária de comunicação e coragem para externar suas opiniões, Luiz Gonzaga marcou época", conta Lidia Prata.
 
"Tudo o que fez, fez bem. Escrevia magnificamente bem. Sabia contar um caso com riqueza ímpar de detalhes curiosos, muitos dos quais imperceptíveis ao cidadão desavisado. Sua oratória era perfeita", completa.
 
Ela diz que Gonzaga conduzia uma cerimônia formal com postura insuperável. "Do futebol à política, Gonzaga tinha opinião formada sobre tudo. Nem sempre agradava a gregos e troianos. Mas quem, no jornalismo, persegue essa proeza?", pergunta.
 
Lidia diz que ele serviu de inspiração para muitas gerações: "Gonzaga sempre por dentro dos fatos, mesmo afastado do jornalismo diário e das urgências e emergências das redações. Ele foi uma inspiração que guardo e guardarei para sempre. Um jornalista completo. Um sujeito admiravelmente extraordinário”.
 
Luiz Gonzaga de Oliveira, que foi sepultado no Memorial Parque Uberaba, deixa esposa, duas filhas, netos e bisnetos.




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