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Estado de Minas COVID-19

''Vem a conta-gotas, mas vem''

Kalil culpa Ministério da Saúde pelo atraso da 2ª dose da CoronaVac, mas prevê vacinação na próxima semana. E rebate críticas de Bolsonoro


07/05/2021 04:00

''Tem gente que vai ter que explicar muita coisa aí, mas graças a Deus, Belo Horizonte não tem explicação para dar'' - Alexandre Kalil (PSD), prefeito de BH, ao falar da CPI DA COVID (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS )
''Tem gente que vai ter que explicar muita coisa aí, mas graças a Deus, Belo Horizonte não tem explicação para dar'' - Alexandre Kalil (PSD), prefeito de BH, ao falar da CPI DA COVID (foto: GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS )

O atraso na aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac em Belo Horizonte é resultado de “irresponsabilidade do Ministério da Saúde”, afirmou o prefeito Alexandre Kalil (PSD), durante a entrevista coletiva de ontem, em que anunciou nova etapa de flexibilização das atividades na capital mineira. O prefeito lembrou que a decisão de não guardar doses para essa fase foi tomada com base em documento enviado pelo órgão. “Claro que foi irresponsabilidade do Ministério da Saúde, que mandou um documento, que nós acatamos.  É um documento oficial do governo federal, de que teríamos as doses aqui”, afirmou. Entretanto, ele prevê que o andamento seja normalizado no início da semana que vem, com a chegada de novos lotes, e sustenta que atraso não põe em risco a imunização. “Vem a conta-gotas, mas vem”, disse. O secretário municipal de Saúde, Jackson Machado, reforçou que não há prejuízo à efetividade do imunizante se a aplicação for feita com um atraso de até 21 dias e pediu calma a quem precisa completar o esquema vacinal.

A gestão de Kalil na pandemia já foi alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro que, na quarta-feira, declarou que pode editar um decreto contra as medidas de restrição adotada por governadores e prefeitos para conter a pandemia do coronavírus. Questionado sobre as últimas declarações, o prefeito respondeu ontem: “Meu sonho de consumo é alguém sentar aqui no meu lugar agora. Ele não pode editar papel não, porque papel o Estado está editando também”. E mencionou a CPI da COVID, em andamento em Brasília (DF):  “Pelo visto, os dados dentro do nosso país não são muito interessantes e muito competentes, haja vista os depoimentos que vimos ontem, abismados, na CPI da pandemia. (…). Então, tem gente que vai ter que explicar muita coisa aí, mas graças a Deus, Belo Horizonte não tem explicação para dar. É apresentar nota fiscal do que foi feito, e foi feito com honestidade, com seriedade”.

O prefeito deu um panorama do cenário na capital, incluindo a volta às aulas da educação infantil, e fez um alerta aos jovens – que vêm aumentando sua participação no total das internações. Na abertura da coletiva,  Kalil lembrou apelos anteriores para que a população mantivesse o distanciamento social e disse que a não obediência acabou levando a cidade ao aumento no número de registros da COVID-19.  E  aproveitou a véspera do Dia das Mães para lembrar que ainda não é seguro visitar parentes e fazer confraternizações, principalmente considerando que a maior parte da população ainda não está imunizada. Confira abaixo os principais trechos da coletiva.

FLEXIBILIZAÇÃO

“Pelo que se tem até noticiado todos os dias, os nossos números, apesar de muito altos ainda, estão apresentando uma queda acentuada. Estamos nas vésperas do Dia das Mães e hoje nós podemos dizer aqui que o planejamento feito por esse comitê e por essa prefeitura, por todos que estão sentados aqui, foi feito justamente para que o comércio aproveitasse o dia em que, segundo os próprios comerciantes, é a segunda data mais importante para o comércio, para os bares e restaurantes de Belo Horizonte.

EXPLOSÃO DE CASOS

“Eu já disse algumas coisas aqui e vou repetir com muita calma e com muita humildade pois não fui ouvido por parte da população. Primeiro, há um ano e três meses avisei que estávamos em guerra e ninguém acreditou. Segundo, eu disse que cartão de plano de saúde não era vacina, e parte da população não acreditou. Que no Natal, poderíamos passar sem vermos entes queridos, porque poderia ser o último Natal importante para muitas famílias e ninguém acreditou. No que deu uma explosão de casos. Sobre festas, sobre praias, sobre viagens, sobre irresponsabilidade, sobre negacionismo, eu me nego a falar, porque acho que isso é até bíblico. Não vou jogar pérolas aos porcos.”

RISCO NO DIA DAS MÃES 

“Eu vou dizer o seguinte, eu já não tenho a minha, mas muito, principalmente os mais jovens, vão se encontrar com as mães, ou não, porque a morte do Paulo Gustavo (na quarta-feira) é simplesmente a morte de um ente muito querido por todos, mas é só um CPF que se foi e ele não passará o Dia das Mães com a mãe dele, que está viva, e ele era um rapaz de 42 anos. É esse o recado que eu dou. Um presente na porta, uma live, um uso da imaginação”.

DOENÇA ENTRE JOVENS

“É um momento muito diferente, onde o medo toma conta cada vez mais da população, porque a cepa não está para brincadeira. Estou vendo aqui dezenas de jovens que hoje sabem que podem se internar, como estão internados. Quase a metade das internações hoje são de pessoas da idade de vocês. Então, tenham cuidado, tenham responsabilidade, porque é muito grave essa situação, principalmente dessa faixa etária, na cidade de Belo Horizonte.  (…) Se você me perguntar quais jovens, vou dizer que temos óbitos de 23 anos, de 40 anos, de 39, de 32. Se você considerar a morte de um ator de 42 anos, se ele não for um jovem, ele é o quê? Um pré-adolescente ou um idoso? Ele não passa de um jovem. Então, o número é realmente alarmante, principalmente entre os jovens, que na maioria das vezes ignoram e vão para baladas, para festas, churrascos, e é isso que a gente quer evitar”, destacou.

PRESTAÇÃO DE CONTAS 

“Outro assunto que gostaria de colocar que foi dado e, nas últimas entrevistas, me neguei a falar porque não queria que se tornasse uma fonte de agressão. Não fazemos ondas, não colorimos a nossa cidade (em referência ao programa Minas Consciente, do governo do estado). Nós distribuímos 3,6 milhões de cestas básicas, num total de R$ 275 milhões, ininterruptamente, desde o início da pandemia. Distribuímos 900 mil toneladas em nossos restaurantes populares. E na assistência alimentar e em abrigos, servimos 6.777.926 milhões de refeições. E foram entregues à população, além que é sabidamente transmissão de máscaras, 600 mil kits de higiene. Isso é combater a pandemia. Não fechamos a cidade, não sacrificamos a cidade de Belo Horizonte. Houve sacrifício imenso desta turma sentada para que todos fossem mitigados da tragédia que abateu nossa cidade”.

VOLTA ÀS AULAS

“Abrimos as escolas de modo responsável, de modo que os alunos de até 5 anos (possam comparecer) com horários diferentes, com bolhas ou módulos diferentes. E eu quero dizer aos senhores que quando a secretária foi chamada para dar uma pequena palestra em cidades da região da Grande BH, infelizmente (viu) cidades estão sem a menor condição de abrir a escola infantil hoje no estado de Minas Gerais. Então, estamos em contato com o Ministério Público (que cobrou protocolo de retorno às aulas), vamos abrir um bom diálogo, porque é um órgão do estado, e estamos em uma conversa muito positiva, como sempre tivemos, com o Ministério Público.”

ATRASO DA VACINA

“Uma explicação muito simples, não precisa de nenhum médico porque ela é matemática. Nós recebemos um ofício do Ministério da Saúde, um documento oficial, que todo mundo está acompanhando, que vem em lotes. Agora deve ter chegado ao nono, décimo, décimo primeiro. Vem a conta-gotas, mas vem. Recebemos uma ordem para aplicar tudo, não obedecemos, guardamos uma parte. E recebemos um documento oficial de que os sétimo e oitavo lotes eram para aplicar todas as doses. Então, nós entendemos que era um documento responsável, e fizemos isso, e acredito que no início da semana que vem nós possamos voltar a aplicar a segunda dose.”

ORÇAMENTO

“Há um projeto de lei de R$ 250 milhões para ser aprovado. Não adianta fazer demagogia lá dentro (da Câmara Municipal de BH). Alguns vão tentar, e nós não temos mais dinheiro. Vai faltar para cesta básica, vai faltar antibiótico, vai faltar muita coisa. Eu peço para alguns lá na Câmara que tenham a consciência e a responsabilidade de não tirar o medicamento de dentro do centro de saúde.”

IMPACTO DO ATRASO

"Não há problema de atrasos de uma semana ou sete dias. O ideal era que o documento fosse responsável, e nós não recebemos um documento oficial responsável. É isso que ninguém fala, é isso que querem jogar nas costas do secretário de Saúde e da Prefeitura de Belo Horizonte. Claro que foi irresponsabilidade do Ministério da Saúde que mandou um documento, que nós acatamos, é um documento oficial do governo federal, de que teríamos as doses aqui.”

CRÍTICAS DE BOLSONARO

“Meu sonho de consumo é alguém sentar aqui no meu lugar agora. Ele não pode editar papel não, porque papel o Estado está editando também. O que eu quero é cesta básica, o que eu quero é dinheiro, é cheque. O que eu quero é leito de UTI. Quem trata de papel, quem trata de documento, é o Supremo Tribunal Federal (STF) Eu trato aqui de vida, de compreensão, de equilibrar a farinha com o fubá. O que estou tratando aqui não é de papel não, é de um desembolso robusto, que custa muito caro para a prefeitura.”

CPI DA COVID

“Eles (o governo federal) que tragam o papel ao Supremo Tribunal Federal e ele designa aqui um cuidador para a COVID, um novo comitê, e serão muito bem-vindos. Nós guardaremos os nossos dados até hoje, e amanhã ele passa a anotar os dados dele dentro da nossa cidade. Pelo visto, os dados dentro do nosso país não são muito interessantes e muito competentes, haja vista os depoimentos que vimos ontem, abismados, na CPI da pandemia. (…) CPI da qual todas as prefeituras já receberam – não é Belo Horizonte, são todas, vamos ser justos – toda a documentação do gasto de hospital de campanha (não fizemos nenhum), respiradores (recebemos doações, não compramos nenhum). Então, tem gente que vai ter que explicar muita coisa aí, mas graças a Deus, Belo Horizonte não tem explicação para dar. É apresentar nota fiscal do que foi feito, e foi feito com honestidade, com seriedade”.



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