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Estado de Minas EducaçÃo

Incertezas no ensino infantil

Aulas para alunos de até 5 anos são retomadas na rede da PBH em meio a dúvidas devido à greve declarada por professores


04/05/2021 04:00 - atualizado 03/05/2021 23:21

(foto: Jair Amaral/EM/D.a press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.a press)

 
Natasha Werneck 

A volta às aulas na educação infantil da rede pública de Belo Horizonte, ontem, foi marcada por incertezas. Pais de alunos se disseram confusos em relação ao impasse entre prefeitura e professores, categoria que se declara em greve sanitária. Apesar disso, na maior parte das escolas infantis da capital as atividades foram retomadas com diversos protocolos de segurança contra a COVID-19, mesmo com o registro de falta de alguns materiais.

Além do uso da máscara de proteção, álcool em gel e medição da temperatura, a Prefeitura de BH estabeleceu no protocolo de retorno normas como a permanência máxima de cada aluno por até quatro horas nas escolas e grupos de até 12 estudantes por sala, podendo haver ampliação desde que respeitado o distanciamento mínimo de dois metros. Há ainda uma cartilha com orientações gerais, incluindo relativas a entrada e saída escalonadas, regras de circulação nas áreas comuns, rotina escolar e de atividades e refeições, entre outros itens.
 
Escolas infantis da rede pública retomaram as aulas ontem, com protocolos de segurança desde a entrada, como medição de temperatura, e distanciamento entre alunos nas salas (foto: Jair Amaral/EM/D.a press)
Escolas infantis da rede pública retomaram as aulas ontem, com protocolos de segurança desde a entrada, como medição de temperatura, e distanciamento entre alunos nas salas (foto: Jair Amaral/EM/D.a press)
 
Neste primeiro momento, apenas a educação infantil foi retomada, com atendimento a crianças da faixa etária de 5 anos. Porém, o Sindicato dos Trabalhadores de Educação da Rede Pública (Sind-Rede/BH) estimou que 65% dos professores não retornariam ontem. Já a prefeitura afirma que pouco mais de 10% das unidades não funcionaram, com adesão de cerca de 30% dos educadores à greve.

A categoria decidiu parar diante do anúncio do retorno presencial e para reivindicar prioridade na vacinação contra a COVID-19 antes da volta às escolas. A prefeitura tem informado que considera a ação legítima, mas destaca que a adesão depende de cada servidor. 

A professora Ana Paula Rodrigues Nascimento, de 39 anos, trabalha com o ensino infantil há 10. Para ela, o retorno presencial deveria ocorrer após a imunização da categoria. “A volta às aulas está sendo um desafio, mas a gente está com a expectativa de que seja boa, de receber as crianças como elas merecem. Apesar disso, eu gostaria que pudéssemos nos vacinar antes”, afirmou, embora considere que o retorno tende a ser seguro com os protocolos de prevenção.

Se os professores não se sentem totalmente protegidos, para algumas famílias o que faltou foi informação. Marcelo Paulino, pai de Marcela, de 5, levou a filha à Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Vila Estrela, no Bairro Santo Antônio, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, sem saber ao certo se haveria aula.

“Só fui ter a confirmação de que as aulas iriam voltar na sexta-feira à tarde. A gente fica na expectativa deste retorno depois de tanto tempo, mas ficar sem saber se as professoras do meu filho iriam voltar nos deixou bastante angustiados”, disse.

Mesmo diante das incertezas, o retorno era aguardado com expectativa por muitas famílias e crianças. Marcelo Augusto Shirata, pai de Felipe, também de 5, disse que vinha sendo difícil manter o filho em casa sem atividades. “O Felipe estava super animado para chegar este momento, não aguentava mais ficar em casa. A gente acha importante ele estar de volta às aulas”, disse. “Durante esse tempo foi bem difícil de lidar com o confinamento, porque ele não tinha acompanhamento nenhum e ficava muito ansioso”, acrescentou.

E, em meio a impasses e expectativas, o retorno revelou outro problema: escassez de equipamentos. Em uma das escolas infantis visitadas ontem pelo Estado de Minas, a diretora, que preferiu não se identificar, afirmou que ainda faltavam materiais importantes para garantir o cumprimento dos protocolos da prefeitura, como tapete sanitizante, escudo facial, máscaras infantis e adulto, termômetro, caixas organizadoras e carrinho para levar alimentos, já que as crianças não podem sair das salas para lanchar. Ela também citou o material do kit para que os alunos se higienizem em casa, conforme orientação da prefeitura.

Em nota, a Prefeitura de BH, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informou que foram investidos R$ 14 milhões em materiais para adequar todas as escolas no protocolo sanitário, mas admitiu que algumas unidades ainda estão finalizando as providências.
 

Enquanto isso...
...BH Resolve reabre as portas

 
A central BH Resolve, da prefeitura, retomou o funcionamento presencial de forma escalonada a partir de ontem, depois de permanecer fechada por mais de um ano, desde 15 de março de 2020. Os atendimentos serão para casos específicos que não possam ser resolvidos via internet ou os voltados a pessoas em situação de vulnerabilidade. 
Só serão feitos, das 8h às 17h, após agendamento on-line pelo portal de serviços da PBH (servicos.pbh.gov.br). 
 

Sindicato denuncia falhas na prevenção

 
Cristiane Silva 

O Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais (Sinpro-Minas) contabiliza pelo menos 15 denúncias de desrespeito a protocolos sanitários de prevenção à COVID-19 contra escolas particulares. A maioria delas fica em Belo Horizonte, segundo a entidade.

De acordo com a presidente do sindicato, Valéria Morato, os relatos começaram a chegar logo no início da retomada das aulas, em março. “São diversas denúncias, com fotos de crianças sem máscara, sem distanciamento social”, afirma.

Ela explica que os protocolos da Prefeitura de BH indicam a divisão de turmas por “bolhas”, com um educador para cada grupo de crianças para reduzir o contato, e afirma que em algumas unidades isso não tem sido praticado. “Em especial professores de áreas especializadas, que estão passando por todas as turmas, o que gera ainda mais desespero entre os profissionais”, conta.

Segundo ela, o sindicato também tem recebido queixas e questionamentos sobre instituições que estão encaminhando um termo aos pais ou responsáveis informando sobre os protocolos contra o coronavírus, nos quais as famílias atestam estar cientes de que podem ter contato com o vírus em qualquer ambiente, isentando a escola de responsabilidade.

“Por isso, queremos participar da elaboração dos protocolos. Os pais que querem levar as crianças, levam. Se responsabilizam ou isentam a escola de qualquer responsabilidade. Mas e o trabalhador, os professores, o servidor administrativo? Eles não têm a opção de não ir. Estamos orientando os professores a, caso sejam contaminados, exigirem a emissão da comunicação de acidente de trabalho (CAT). Caso a escola não queira emitir, pode nos procurar que vamos emitir o CAT”, enfatizou a presidente do Sinpro-Minas.

O sindicato não divulgou a lista das escolas denunciadas. As reclamações foram feitas pelo canal “Coronavírus – Denúncia de descumprimento por estabelecimentos”, disponibilizado pela Prefeitura de Belo Horizonte na internet. “Eu considero que não era o momento de as aulas voltarem, porque o próprio pessoal da saúde diz que não é o momento. A escola por si só é um local de aglomeração”, avalia Valéria Morato.

VIGILÂNCIA O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG) disse que não recebeu a lista das escolas denunciadas, o que foi confirmado pelo Sinpro, que ressaltou ter acionado a Vigilância Sanitária e disse acompanhar o andamento das denúncias. O Sinep-MG também ressalta que todas as escolas devem seguir, com rigor, as orientações da prefeitura e da entidade para evitar a transmissão do coronavírus.

A Prefeitura de BH informou que até ontem haviam sido registradas nove denúncias em creches privadas e que, dependendo das irregularidades, as escolas podem ser interditadas. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 156 ou pelo portal da prefeitura (prefeitura.pbh.gov.br). 


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