Jornal Estado de Minas

JÚRI POPULAR

Advogado acusado de mandar matar colega por 'queima de arquivo' vai a júri

Um advogado acusado de matar um colega em maio de 2020 vai a júri popular. A sentença da juíza Elise Silveira, do Tribunal do Júri de Sete Lagoas, afirma que além do autor do crime, T.F.C, dois irmãos (J.F.N e J.M.F.N) e o pai deles também sejam julgados pelos crimes de homicídio qualificado, ocultação de cadáver e roubo do cartão e do celular da vítima.




 
De acordo com a denúncia do Ministério Público, o advogado T.F.C. é acusado de ter contratado os irmãos para matar Juliano César Gomes.
 
O crime aconteceu em 21 de maio de 2020 e, segundo a denúncia, foi planejado dias antes por T.F.C., que era amigo da vítima e já estava envolvido em outras acusações.
 
Ele era réu de um processo pela prática de estelionato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Juliano César Gomes tinha sido listado como testemunha dessas acusações, e por causa disso, T.F.C. planejou matá-lo, como forma de ‘queima de arquivo’.
 
Segundo o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em 15 de maio do ano passado o advogado foi a uma festa em Sete Lagoas e propôs que J.F.N. "sumisse" com Juliano, em troca de R$ 2.500 em maconha




 
Em 20 de maio, T.F.C foi até Setel Lagoas e buscou J.F.N. e o irmão. J.M.F.N. levou uma arma para ser utilizada no crime. No dia seguinte, o advogado atraiu Juliano para um encontro, dizendo que precisava da sua pick-up Saveiro emprestada.
 
Chegando ao local, Juliano foi surpreendido pelos irmãos. Foi roubado e depois morto em uma estrada do município de Funilândia.
 
A família da vítima registrou o desaparecimento na delegacia, e o veículo dele foi encontrado em um bairro de Sete Lagoas. Câmeras de segurança gravaram o carro dos irmãos seguindo a Saveiro de Juliano, naquela região.
 
Os investigadores pediram quebra de sigilo telefônico dos envolvidos e encontraram uma ligação de J.F.N. para o pai, confessando o crime. Ele orientou o filho a não se entregar e nem a revelar onde estava o corpo.



Segundo o TJMG, os familiares da vítima tiveram acesso às mensagens de WhatsApp trocadas com o advogado T.F.C., marcando o encontro na noite que Juliano desapareceu. 

Defesa

 
Apesar disso, a defesa do acusado negou que ele tivesse participação no crime, questionando a integridade das mensagens. Também apresentou o testemunho de familiares de T.F.C., afirmando que ele estava acompanhando o pai no CTI de um hospital nos dias de planejamento e execução do crime.
 
O advogado negou haver conflito com Juliano e sua defesa afirmou que ele não conhecia os irmãos J.F.N. e J.M.F.N..

Alegou também que estava na região em que morava no momento do crime, pois os registros das antenas de telefonia comprovaram que o aparelho de celular dele estava próximo à sua casa.
 
T.F.C. disse que estava sendo acusado por perseguição de policiais civis que investigaram os crimes do outro processo – em que, segundo ele, também foi acusado injustamente.
 
A juíza Elise Silveira observou que havia indícios suficientes para justificar a análise do crime pelos jurados. 
 
*Estagiária sob supervisão da subeditora Kelen Cristina

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