Jornal Estado de Minas

VACINAÇÃO

Com imunidade frágil, pacientes transplantados e renais pedem lugar na fila

Os pacientes renais crônicos e transplantados reivindicam inclusão nos grupos com prioridade na vacinação contra a COVID-19 em Minas Gerais. A reivindicação, apresentada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) pela associação Transplantes Pela Vida em Minas Gerais (Transvida), é endossada pela Associação Brasileira de Transplante de Órgão (ABTO). A lista de prioritários foi determinada pelo Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde.





No entanto, a própria condição da doença coloca esses pacientes em situação de maior risco de contaminação e morte pelo novo coronavírus. Isso ocorre porque a enfermidade faz baixar a imunidade do organismo e também ao longo do tratamento, que exige a realização de sessões de hemodiálise, pelo menos, três vezes por semana. O transplante, por sua vez, requer o uso de medicamentos imunossupressores (reduzem a eficiência do sistema imunológico).

O presidente da Transvida, Maurício Silva Victor, defende que essa parcela da população seja incluída nos grupos prioritários para vacinação devido aos riscos e por estar entre os pacientes com comorbidades. Ele defende que essa definição seja tomada pelo governo de Minas, embora também tenha sido enviada uma solicitação ao Ministério da Saúde para inclusão na vacinação de todos esses pacientes no Brasil.

Maurício Silva alega que governos estaduais realizaram essa inclusão e que falta, neste momento, o governo de Minas. “Alguns estados brasileiros estão vacinando esses pacientes de alto risco de contaminação pelo novo coronavírus, como Amazonas, São Paulo, Bahia e Piauí nos planos estaduais de imunização, afirma.





Segundo a Transvida, são cerca de 15 mil pacientes renais e 20 mil transplantados em Minas. No Brasil, são 110 mil transplantados e 140 mil pacientes em tratamento de hemodiálise. Ainda de acordo com dados da entidade, os transplantados enfrentam 10 vezes mais risco de morrer de COVID-19. “A nossa reivindicação é para sermos enquadrados no grupo de pessoas com comorbidades”, defende Maurício Silva.

Ele acredita que a inclusão possa ser definida para os próximos dias, dentro dos grupos contemplados com o último lote de vacinas que chegou a Minas. Para Maurício Silva, a inclusão dos pacientes renais não retira ou afeta a vacinação de outros segmentos que também são vulneráveis à COVID-19. “Daria para imunizar a gente, os profissionais da educação e segurança pública. Eles estão vulneráveis tanto quanto a gente”.

Ele lembra que, além da hemodiálise, os pacientes, como ele próprio, precisam buscar os medicamentos imunossupressores na Farmácia de Minas, – rede do programa de distribuição gratuita de remédios gerenciado pelo governo estadual –, situação que aumenta a exposição à transmissão. Todo mês, formam-se filas que circulam o quarteirão onde está localizada a unidade, no Bairro Santo Agostinho, na região Centro-sul de Belo Horizonte.





O paciente renal, em decorrência da falência dos rins, precisa fazer a hemodiálise três vezes por semana para realizar a filtragem do sangue. No entanto, muitas vezes, para esse deslocamento ele precisa usar o transporte público. Em alguns casos, as prefeituras oferecem transporte fretado, mas o risco continua. Geralmente, como relata Maurício Silva, vão seis a sete pacientes em um único veículo.  “Esse grupo precisa ser urgentemente imunizado”, conclui.

Imunidade 


Os pacientes renais e transplantados apresentam sistema imunológico mais frágil. “Esses pacientes, além de ter um maior risco caso venham a ser contaminados pelo vírus, estão mais expostos. Por necessitarem de hemodiálise três vezes por semana, eles precisam se deslocar para os centros de realização da diálise e os riscos de contaminação se tornam maiores”, avalia Gustavo Fernandes Ferreira, vice-presidente da ABTO. Eles destaca que mesmo com todo os protocolos de segurança, são locais fechados, o que eleva o risco de contaminação.

Gustavo Ferreira, que é médico, defende a vacinação como forma de proteger os pacientes. “A gente entende que os renais crônicos e os transplantados deveriam ser priorizados”, afirma. Os transplantados usam medicamento que abaixa a imunidade, os renais crônicos são mais suscetíveis a infecções mais graves. São pacientes com múltiplas comorbidades. A principal causa da doença renal são a hipertensão e a diabetes, fatores que aumentam a mortalidade por COVID-19. A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Saúde, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.




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