Jornal Estado de Minas

COVID-19

Kalil descarta lockdown em BH: 'Não temos mais o que fechar'

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), descarta adotar lockdown na capital mineira. Apesar de, nesta sexta-feira (13/3), endurecer as medidas de combate ao coronavírus e anunciar o fechamento de novas atividades econômicas, Kalil disse que, agora, não há mais setores que podem cerrar as portas. A busca passa a ser por empresas que podem funcionar em home office, mas ainda adotam o trabalho presencial.



“Não temos mais o que fechar. Só falta fechar supermercados, e ninguém comer, e farmácias, e ninguém comprar remédio. O fechamento acabou. Não temos mais o que fechar. Temos que descobrir esse povo andando na rua, o que é”, disse, em entrevista coletiva.

A ideia da Prefeitura de BH é desenvolver estudo, conduzido pela secretaria de Regulação Urbana, para apontar os serviços que podem funcionar por meios remotos.

“Faço esse apelo para que trabalhem em casa e façam o home office. Não podemos continuar com essa lotação nos ônibus. Existe um mistério nisso aí. O mistério está nos prédios comerciais de Belo Horizonte”, clamou o prefeito. “O que nos causa estranheza não é o transporte público lotado. É o que esse povo está fazendo nas ruas”, completou.

Toque de recolher é ‘inócuo’


Questionado sobre a possibilidade de adotar restrições para saídas noturnas, como outras cidades mineiras têm feito, Kalil foi taxativo: para ele, medidas do tipo são inefetivas, pois não afetam diretamente a circulação de pessoas durante o dia.



“É inócuo. Não adianta abrir a cidade toda, como Sabará está fazendo, por exemplo, e amontoar todo mundo de dia, mas fazer toque de recolher durante a noite. Isso é uma brincadeira de péssimo gosto. O que temos que fazer é fechar de dia, pois aí não tem motivo para andar à noite”, opinou.

De acordo com o chefe do poder Executivo belo-horizontino, o toque de recolher poderia, também, prejudicar estratégias adotadas por casas de saúde e estabelecimentos altamente essenciais, como as farmácias.

“Fechar durante a noite é lindo, mas tenho troca de turno em hospitais e postos de saúde. Isso não é uma cidade pequena. Estudamos isso, sim, mas é absolutamente inócuo. Se eu fizer isso, além dos turnos de hospitais, tiro o essencial, que são, principalmente, farmácias e supermercados. É absolutamente inócuo se não tiver uma decisão durante o dia”.



Medidas anunciadas pela Prefeitura de BH nesta sexta (12/3):


A situação da capital


Na semana passada, BH retornou à fase zero do funcionamento do comércio, com expediente apenas dos serviços essenciais, como supermercados, padarias, drogarias e postos de combustíveis. Nessa quinta (11/3), porém, a cidade registrou seus três indicadores fundamentais na zona crítica da escala de risco: as ocupações dos leitos de enfermaria e de UTI e o número médio de transmissão por infectado pelo coronavírus.

Conforme o boletim epidemiológico e assistencial da prefeitura, o fator RT chegou a 1,22. Essa é a maior taxa de transmissão da série histórica desde 4 de agosto: a cada 100 infectados, novos 122 se tornam vítimas da pandemia, em média. Já a ocupação das UTIs dos leitos públicos e privados para a COVID-19 chegou a 89,4%. Esse dado também é recorde para o indicador.

Antes, a maior taxa de uso era do balanço de 11 de janeiro: 86,5%. Recorde também para o percentual de uso das enfermarias: 75,6%. O recorde anterior era justamente do balanço dessa quarta, quando a PBH contabilizou 71,6% dos leitos do tipo ocupados.

Conforme o último balanço da prefeitura, BH registra 120.837 casos confirmados da doença: 2.869 mortes, 5.848 pacientes em acompanhamento e 112.120 recuperados.

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