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Estado de Minas COVID-19

Ocupação de UTIs tem novo salto na capital

Lotação de leitos de terapia intensiva para doentes com sintomas de contágio pelo coronavírus chega a 85,4% em BH. Procura é intensa por serviços de urgência


09/03/2021 04:00

Unidades de pronto-atendimento (UPAs) como a Centro-Sul, na região hospitalar da capital, começaram a semana com grande movimento(foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Unidades de pronto-atendimento (UPAs) como a Centro-Sul, na região hospitalar da capital, começaram a semana com grande movimento (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)

 

Gabriel Ronan, Guilherme Peixoto e Leandro Couri 

 

Se a ocupação das UTIs em Belo Horizonte por pacientes com sintomas de COVID-19 assustou o prefeito Alexandre Kalil ao atingir 81% na sexta-feira – o que levou à nova determinação de “trancar a cidade” –, no primeiro dia útil com o comércio não essencial de portas fechadas a taxa deu novo salto, aproximando-se dos 90%. Ontem, o índice alcançou 85,4% na soma das vagas nas redes de saúde pública, particular e filantrópica, mantendo-se na zona crítica da escala de risco, acima dos 70%.

 

É a ocupação mais alta da terapia intensiva desde o balanço de 25 de janeiro, quando o parâmetro marcou 86% e a cidade encarava alta nos indicadores provocada pelas festas de fim de ano. Outro indicador preocupante que aproxima a situação nos dois meses é a demanda pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para pessoas com sintomas de COVID-19.

 

Os profissionais do Samu de Belo Horizonte atenderam 671 casos suspeitos na semana encerrada no sábado. São sete pacientes a mais do que os levados na primeira semana deste ano, data do último fechamento de todos os serviços tidos como não essenciais na cidade. Na época, foram 664.

 

A ocupação das enfermarias também cresceu na capital. A taxa saltou dos 61,9% apurados na sexta para 69,6% nesta segunda, aproximando-se da faixa de risco máximo, com crescimento de 7,7 pontos percentuais em apenas dois dias.

 

O único indicador em queda em BH é a taxa de transmissão do coronavírus por infectado. Mas o recuo foi discreto, e o índice, que caiu de 1,16 para 1,15, permanece na faixa de alerta. O número indica que para cada 100 pessoas com COVID-19 no município outras 115 se contaminam na cidade, que chegou a 118.122 diagnósticos confirmados da doença, com 2.826 mortes.

 

Em comparação com o boletim de sexta-feira, houve mais 1.703 casos confirmados e 11 óbitos. Uma pressão que aparece nas ambulâncias e nos serviços de atenção de urgência, no caso da capital as unidades de pronto-atendimento (UPAS). Desde o domingo, os veículos do saúde já contabilizaram 58 atendimentos, segundo o mais recente boletim divulgado pela prefeitura. Considerando locais como UPAs e hospitais, 8.654 pessoas com suspeita de coronavírus procuraram auxílio na semana passada.

 

E o movimento continua intenso nesta semana. Na manhã de ontem, equipes do Estado de Minas constataram alto fluxo de pacientes em UPAs. Pacientes como o mergulhador Bruno Albergaria, de 49 anos, que se queixava de dores no peito e aguardava atendimento na unidade Centro-Sul. “Não estou querendo ficar muito próximo (das pessoas)”, disse, do lado de fora da unidade de saúde, temeroso com a disseminação da infecção na cidade.

 

À reportagem, fontes ligadas ao atendimento aos infectados relataram espanto com o número de ambulâncias saídas da UPA Noroeste no domingo. Um trabalhador da área de saúde disse que um “comboio” de veículos deixou a unidade de saúde em direção a outros hospitais. Um paciente que procurou o local por problemas estomacais falou em “congestionamento de ambulâncias”.

 

Procurada, a Secretaria Municipal de Saúde sustenta que a transferência de pacientes por meio do Samu é procedimento padrão. “A Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, informa que também é função do Samu fazer o transporte de pacientes entre as unidades de saúde da capital, como centros de saúde, UPAs e hospitais A transferência é definida de acordo com o quadro clínico do paciente, disponibilidade de leito na unidade de saúde e/ou oferta de exame”, informou, em  nota.

 

FECHAMENTOS O endurecimento das medidas restritivas anunciado na última sexta-feira foi o segundo do ano. Em 6 de janeiro, poucos dias após o Natal e o ano novo, a prefeitura adotou a mesma medida. No primeiro dia de fevereiro, houve flexibilização, seguida de novo arrocho na sexta-feira, diante da piora do quadro.

 

Enquanto isso...

...Alerta se repete na Santa Casa de BH

 

A Santa Casa de BH, maior hospital conveniado 100% SUS de Minas, atualmente opera com a ocupação de 85% dos leitos destinados a pacientes com diagnóstico confirmado ou com suspeita de infecção de COVID-19, entre as 100 vagas de UTI e 183 de enfermaria. Mesmo com os números em alta, a unidade já vivenciou momentos piores: em janeiro deste ano, os leitos de UTI chegaram a 97% de lotação, taxa próxima ao limite máximo para os recursos disponíveis na época. 

 

TAXA DE OCUPAÇÃO 

Nível de lotação na terapia intensiva está em alerta vermelho nas redes pública e  particular. Confira

 

UTI da rede Sus  86,2%

UTI suplementar  84,4%

Geral        85,4% 

 

Fonte: PBH 

 

 

Sobrecarga também nos particulares

 

Nathalia Galvani*

 

Com o aumento de casos do novo coronavírus, hospitais particulares de Belo Horizonte, assim como a rede pública, enfrentam desafios para atender às filas de pacientes que chegam diariamente com suspeita de COVID-19. Nas chamadas unidades de saúde suplementar, o uso das UTIs é apenas um ponto percentual abaixo da média geral na cidade, tendo atingido ontem 84,4%. Taxas acima de 70% são classificadas pela prefeitura como nível de alerta vermelho. Por esse motivo, redes já são obrigadas a suspender cirurgias não urgentes e a remanejar leitos comuns para casos confirmados ou suspeitos de infecção pelo novo coronavírus.

 

O Hospital Vera Cruz, localizado no bairro Barro Preto, Centro-Sul da capital, é uma das unidades de saúde particulares que sofrem com o alto número de ocupação de leitos. Segundo informações da administração, até ontem a unidade registrava 28 pacientes infectados com o vírus, 10 deles internados em leitos de UTI e 18 em apartamentos.

 

A capacidade máxima reservada no Vera Cruz para atendimento a casos de COVID-19 é de 10 pacientes para cada modalidade, portanto, os apartamentos operam além da quantidade prevista. “Tivemos que fazer um remanejamento de pacientes e funcionários para atender toda a demanda de pessoas que buscaram o pronto-socorro. A situação se agravou bastante desde a sexta-feira”, informou a administração.

 

CIRURGIAS SUSPENSAS Situação parecida enfrentam as unidades da Unimed de Belo Horizonte. A cooperativa informa que, nos últimos dias, nos leitos de UTI destinados a pacientes com suspeita ou confirmação da doença, a taxa de ocupação é superior a 90%. Conforme boletim divulgado domingo, são 186 pacientes internados, entre casos diagnosticados e investigação para COVID-19.

 

Como reflexo do aumento significativo dos casos sintomáticos e alta demanda por internação de pacientes diagnosticados com a doença nas unidades da Unimed BH, a Cooperativa anunciou que desde ontem suspendeu as cirurgias eletivas. Apenas intervenções de urgência e procedimentos para tratamento de doenças cardiovasculares e oncológicas estão mantidos.

 

“Em 1º de abril está prevista a abertura de unidade de pronto-atendimento no Centro de Promoção da Saúde – Unidade Pedro I. Além disso, a Unimed está recrutando profissionais para reforço no atendimento: atualmente são mais de 150 vagas em aberto para contratação imediata”, informou a cooperativa.

 

Nas unidades hospitalares da Rede Mater Dei de Saúde, localizadas no bairro Santo Agostinho e Avenida do Contorno, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, e em Betim e Contagem, na Grande BH, são 126 pacientes com confirmação de COVID-19, 49 deles em CTI, e 19 com suspeita, quatro em terapia intensiva.

 

O boletim da instituição de domingo informa que desde 2020 foram 58.882 pacientes testados e 12.479 casos confirmados, com 218 mortes desde 28 de março do ano passado.

 

*Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie

 

Procura por serviço de transporte causou aglomeração, mesmo com grande parte do comércio fechado(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Procura por serviço de transporte causou aglomeração, mesmo com grande parte do comércio fechado (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

 

Ônibus e pontos lotados no 1º dia

 

Apesar de o comércio não essencial estar fechado na tentativa de conter a explosão de casos de COVID-19 em Belo Horizonte, ônibus que fazem linhas do transporte coletivo permaneceram cheios na manhã de ontem, primeiro dia útil depois da determinação para nova restrição da atividade econômica, que vigora desde as 14h de sábado.

 

Nas ruas, equipes do Estado de Minas flagraram pontos e veículos cheios, em movimento semelhante ao dos dias com funcionamento normal do comércio. Ainda que grande parte das pessoas estivesse usando máscaras, o distanciamento necessário, tanto nas filas quanto nos veículos, não foi respeitado.

 

A prefeitura informou que, diante da suspensão de diversas atividades e consequente redução no número de passageiros, o transporte coletivo passaria ontem a operar com ajustes pontuais no número de viagens. Mas acrescentou que a operação seria avaliada ao longo do dia, para adequações que fossem necessárias.

 

Em maio do ano passado a Prefeitura de BH editou normas para tentar prevenir a disseminação do novo coronavírus no transporte público da capital. Entre as exigências está a garantia, por meio das concessionárias do serviço, de condições mínimas de distanciamento controlado e adoção de medidas sanitárias, como a limpeza frequente de todas as superfícies que são tocadas por usuários e operadores do serviço.

 

Lojas abertas driblam decreto 

 

Apesar das restrições, a reportagem do Estado de Minas flagrou, na tarde de ontem, pontos de comércio não essencial abertos e outros funcionando a meia porta em algumas regiões da cidade, como o Centro e a Savassi. Em nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que “intensificou a fiscalização para garantir o cumprimento do decreto municipal”. Estabelecimentos que não cumprirem as medidas de combate à COVID-19 estarão sujeitos a interdição e multa no valor de R$ 18.359,66.

 

Todo o efetivo da Guarda Municipal vem se revezando em turnos para atuar no apoio às ações dos fiscais da prefeitura. A população pode auxiliar o poder público denunciando irregularidades nos canais oficiais (APP PBH, portal de serviços e telefone 156) e conscientizando familiares sobre os riscos da propagação da doença, informa a administração.

 

 


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