Jornal Estado de Minas

INAUGURAÇÃO

Chafariz público inaugura revitalização de nascentes na Ventosa, em BH


A comunidade do Cercadinho, no Bairro Havai, na Região Oeste de BH, inaugurou um chafariz público. A obra foi considerada um marco inicial das ações previstas para a valorização das nascentes urbanas na Grota da Ventosa.




 
Segundo o coordenador-geral do Subcomitê Ribeirão Arrudas, o biólogo Humberto Martins Marques, "a ideia de se criar um chafariz, onde as pessoas possam ouvir o barulho da água caindo, e um espaço de convivência com paisagismo para a comunidade, chamou a atenção das pessoas do bairro que passaram a frequentar o local e a se interessar pelo projeto".
A água que jorra diante dos olhos dos visitantes ainda não é apropriada para o consumo. Em nova etapa, a  a Copasa deverá verificar a situação do esgoto nas proximidades das nascentes, para posterior retirada. É um projeto que conta com profissionais recém-formados, voluntários, de diversas áreas que envolvem meio ambiente (engenharia ambiental, de minas, química, geologia e geografia).
 
"Realmente, colocamos a placa de água ainda imprópria para o consumo. Realizamos uma vistoria com a Copasa para traçar um plano de retirada de todo o esgoto que verte para a Grota da Ventosa. Como segunda fase do projeto, planejamos construir uma rede coletora que capte todo o esgoto das casas a montante. Há uma dificuldade de acesso, mas a Copasa julga possível a realização."



"O projeto prevê ainda a recuperação de duas barragens rompidas nas últimas chuvas e o plantio de árvores nativas nas áreas das quatro nascentes da Grota da Ventosa", explica Humberto Marques. Ele representa a Prefeitura de BH no subcomitê.
 
A parceria do subcomitê com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é proveniente do projeto ‘Cercadinho Vivo’, uma iniciativa voluntária. As nascentes incluídas no processo de revitalização encontram-se na bacia do Córrego Cercadinho, no Bairro Havaí, e constitui um complexo que envolve oito nascentes, com grande volume de água que corre para a rua.
 
“Para começarmos a revitalizar nascentes, primeiro elas precisam ser notadas, trazendo para a população um sentimento de harmonia e sensações boas com a presença dela. O chafariz cumpre esse papel. A próxima etapa é continuar o trabalho de conscientização da importância das nascentes urbanas", explica.



"Depois o plantio de mudas de árvores que possam auxiliar o ambiente a se auto restabelecer, protegendo o solo de futuras erosões e aumentando as áreas verdes ali existentes”, esclarece a coordenadora da sociedade civil no Subcomitê, Márcia Rodrigues Marques, que coordena o projeto ‘Cercadinho Vivo’. 

População é principal ator de preservação e manutenção das nascentes

Humberto Marques explica que o envolvimento da população é condição essencial para o êxito de projetos que pretendam recuperar a qualidade ambiental de cursos d’água. "Nesse quadro está o trabalho dos cuidadores de nascentes, que o Antônio Pinheiro vem desenvolvendo com muito carinho”.
 
O chafariz está na propriedade de Antônio Pinheiro que mora no local há 53 anos e "nunca vi a água dessa nascente secar. Estamos felizes com as ações feitas e muitas pessoas que não sabiam da existência dessa nascente passaram a conhecê-la. É com muito carinho e cuidado que vamos cuidar das melhorias."




 
A família de Reinaldo mora na região há 50 anos. Mudou-se para lá quando havia lagos, peixes e mata (foto: Leandro Couri/EM DA Press)
Reinaldo Ângelo da Silva, 42 anos, motorista de aplicativo, conta que somente no terreno ocupado por sua família, há mais de 50 anos, são quatro nascentes. "Aqui criava peixe, tinha lago e área muita vegetação, tinha meu pomar." Mas ao longo de quatro décadas a área foi sendo ocupada terminando por contaminar as nascentes.
 
O morador conta que no ano passado, durante período de chuvas, houve um deslizamento de lixo acumulado, atingindo várias propriedades. A partir de então "veio o pessoal da revitalização e começou a elaborar o projeto, com participação dos moradores." 

Revitalização é fruto de compensações ambientais

Segundo Márcia, foi o projeto "Cercadinho Vivo" que selecionou as nascentes, assim como fez a proposta das intervenções. "E a verba veio de um TAC (termo de ajustamento de conduta) proveniente de uma multa ambiental da empresa Rouxinol (ônibus)."
 
O investimento para a revitalização das nascentes na Grota da Ventosa, que circunda o bairro, é fruto de compensação ambiental de uma Licença de Operação expedida pelo Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA).



O projeto foi elaborado pelo Subcomitê do Arrudas com base no projeto de “Valorização de Nascentes Urbanas”, cujo eixo norteador é a integração de ações específicas de valorização e recuperação de nascentes com a participação da sociedade na sua implantação e presevação. 

Córregos abastecem o sistema Rio das Velhas

O Sub-Comitê da bacia hidrográfica do Ribeirão Arrudas é um órgão colegiado, consultivo, propositivo e com na área compreendida pela sub-bacia hidrográfica do ribeirão Arrudas, que compreende parte do território de Belo Horizonte e Contagem. É constituído por representantes do poder público, dos usuários de recursos hídricos e de entidades civil. Ele visa promover o desenvolvimento sustentável da sub-bacia, e apoiar as ações do CBH Velhas. 
(foto: Google/Reprodução )
 
A bacia do Ribeirão Arrudas pertence à bacia hidrográfica do Rio das Velhas. A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), apesar de ocupar apenas 10% da área territorial da bacia, concentra mais de 70% de toda a sua população e é uma das principais responsáveis pela degradação das águas do Rio das Velhas, sengundo dados do subcomitê.




 
Do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, em Contagem, onde está a nascente do Arrudas, até a foz do ribeirão, no Rio das Velhas, ele abrange uma área de aproximadamente 206 km². Seu curso d’água principal tem em torno de 47 km de extensão. Somente no município de Belo Horizonte, o leito do Arrudas apresenta uma extensão de cerca de 37 km, sendo um importante condicionante da ocupação urbana na região.
 
Em nota, a assessoria da  Copasa informou que, para retirar o esgoto lançado na chamada "Grota da Ventosa", no bairro Havaí, em Belo Horizonte, é necessário o trabalho em parceria com a Prefeitura Municipal, no sentido de se providenciar infraestrutura mínima que permita a implantação das redes de esgoto. O local é caracterizado por um aterro de grande declividade formado por entulho de construção civil, com baixa resistência ao deslizamento. 

audima