Jornal Estado de Minas

PROFISSÃO

Helicópteros viram grandes aliados no combate aos incêndios florestais

As equipes de brigadistas por terra também tem outro grande aliado no combate aos incêndios florestais que vem pelo céu e não é necessariamente a chuva: o helicóptero. A aeronave apresenta várias vantagens nas missões contra o fogo. “O helicóptero, devido sua versatilidade, é empregado em uma vasta gama de operações no combate aos incêndios florestais”, enfatiza o capitão Carlos Henrique Dutra Miranda, natural de Juiz de Fora, que há oito anos é piloto desse de aeronave como in do Batalhão de Radiopatrulhamento Aéreo da Polícia Militar de Minas Gerais – Corpaer e que atua também no combate às queimadas.




 
 
Ele ressalta que o helicóptero transporta o chamado Bambi Bucket (bolsa de água acoplada à “barriga da aeronave”), que pode levar 540 litros de água em cada vez. A vantagem é que o equipamento permite apanhar água em qualquer reservatório ou uma piscina mais próxima do incêndio. Além disso, a aeronave é usada para o transporte de brigadistas e resgate de vítimas, transporte de alimentação e de suprimentos, como ferramentas, bombas costais de reposição para os brigadistas, informa militar do Corpaer.

“O trabalho como piloto nos incêndios florestais nos faz sentir úteis à causa do meio ambiente. Pelo ar podemos contemplar verdadeiras maravilhas naturais que podem se perder diante do fogo. São veredas, cachoeiras, aves exóticas e raras, formações vegetais que estão ameaçadas. Por isso, fazer parte desta defesa, ainda que (de forma) pequena, nos faz sentir enobrecidos pela missão”, confessa Miranda.

Ele também comenta sobre a sensação de risco no enfrentamento ao fogo pelo ar. “A sensação é de uma apreensão misturada com responsabilidade pois o voo em combate a incêndio florestais leva ao limite de tensão, tanto a máquina – no caso a aeronave, quanto de todas as pessoas envolvidas. Há riscos severos que devem ser cuidadosamente medidos para verificar a viabilidade ou não, na execução de determinado voo”, comenta o piloto do Corpaer.





Operação perigosa 


Piloto de helicóptero do Corpo de Bombeiros há 11 anos, o capitão Thiago Pereira Miranda, de 38, salienta que os riscos crescem consideravelmente durante o combate ao fogo, exigindo cuidados para se evitar acidentes. “O risco aumenta bastante no momento dos incêndios florestais porque o ar ali em volta da aeronave é um ar geralmente aquecido”, descreve.

Capitão Carlos Henrique Dutra opera aeronave e revela satisfação com senso de ser útil na preservação do meio ambiente (foto: Arquivo pessoal)

Ele explica que devido à elevação da temperatura, “as moléculas ficam mais distantes e o ar se expande. Então, a sustentação não é a mesma. Existe aquele risco de a gente entrar em bolsão com esse ar mais instável e a aeronave ter tendência maior para “afundar” (perder altitude). Já passei por isso. Existe toda uma situação em que a gente precisa ter muita habilidade ali para não deixar acontecer um acidente”, relata.

“Vários colegas já passaram também por situações assim. Mundialmente, falando, a gente tem relatos e observações até de acidentes graves por conta disso. Então, é muito importante a atenção”, completa o piloto. “A companhia dos tripulantes operacionais – que são aqueles bombeiros conosco embarcados – é essencial para visualizar objetos que possam ser atingidos pela aeronave, e não só no rotor de cima, mas também no rotor da cauda. Então, tudo tem que ser feito com bastante cuidado pra gente evitar acidentes”, destaca o militar.





‘Voar é uma atividade, por si, arriscada. Contudo, o suporte terrestre na manutenção das aeronaves nos deixa seguros de poder contar com a aeronave para as missões de combate a incêndio. O risco da operação nos deixa muito mais cautelosos em cada missão. A tensão envolvida deixa o piloto mais atento em cada detalhe. Isto vem com o tempo e experiência nos voos’, declara o piloto Carlos Miranda.

Situação tensa 

O piloto Carlos Miranda cita uma “situação tensa” no combate a um incêndio florestal na Área de Preservação Ambiental (APA) Cochá Gibão, entre os municípios de Januária e Bonito de Minas, no Norte do estado, neste ano.  “Durante o combate ao fogo, um brigadista torceu a perna e não conseguia andar. Os colegas dele estavam fatigados. Era por volta das 15h e onde ele estava não dava para o helicóptero pousar. Aí, o nosso tripulante efetuou uma descida da aeronave através de um rapel (Descida por cordas), enquanto mantínhamos o helicóptero em voo parado. O tripulante efetuou as amarrações no brigadista e retiramos ele em um resgate aéreo até uma área segura onde um carro do IEF socorreu o brigadista ferido, que foi levado ao hospital”, relata Miranda.





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