Jornal Estado de Minas

JÚRI POPULAR

Segurança envolvido na morte de fisiculturista em boate de BH vai a júri nesta quinta-feira

Paulo Henrique Pardim de Oliveira, o "PH", um dos seguranças envolvidos na morte do fisiculturista Allan Guimarães Pontelo vai a júri popular na manhã desta quinta-feira (26) no Fórum Lafayette, na região Centro-Sul da capital. O julgamento estava marcado para começar às 8h40, no 3º Tribunal do Júri.





Entretanto, até 9h30 o julgamento ainda não havia começado. De acordo com a assessoria do Fórum Lafayette, até então algumas testemunhas ainda não haviam chegado. Quando todas estiverem presentes, seria realizado o sorteio dos jurados e o julgamento seria iniciado.

Em setembro de 2017, Pontelo foi espancado e assassinado dentro da boate Hangar 677, no Bairro Olhos D’água, Região do Barreiro. Os seguranças Carlos Felipe Soares e William da Cruz Leal foram condenados em agosto deste ano em júri popular a 16 anos de prisão pelo crime.

Já Paulo Henrique Pardim de Oliveira, o "PH", está sendo acusado de ter acompanhado toda a cena do crime. Ele estaria armado e cumpria a função de garantir a continuidade da agressão e impedir que outras pessoas viessem a socorrer a vítima. A função dele na boate era de retirar o dinheiro dos caixas da boate.





Inicialmente, ele seria julgado junto dos outros dois seguranças, mas o processo foi desmembrado pelo advogado dele ter apresentado problemas de saúde. Há, ainda, outros dois réus, Fabiano de Araújo Leite e Delmir Araújo Dutra, que entraram com recursos e ainda não têm data para julgamento.
 
Familiares fizeram um outdoor clamando por justiça (foto: Arquivo Pessoal)
 

Família pede justiça


A família do fisiculturista acompanha o júri diretamente do Fórum Lafayette, do lado de fora. Dênio Pontelo, de 48 anos, pai de Allan, clama por justiça.

"Estou com o coração todo destruído. Trazer meu filho de volta não vai trazer, mas que traga justiça para não acontecer mais", diz. "O que procuramos é um pouco de humanidade, para que esses caras não fiquem nesse autoritarismo, fazendo o que querem, nessa festa de poder".





A família ainda teme que o caso caia no esquecimento. Por isso, chegaram a colocar dois outdoors em Contagem, um na Cidade Industrial e outro no Centro, denunciando o abuso de autoridade e pedindo por justiça. Além disso, colocaram, também, uma faixa no Fórum Lafayette com dizeres semelhantes.

"Toda audiência temos colocado outdoor, não podemos deixar impune. Se não fizermos por onde, o maior prejudicado é o filho da gente", completa. No perfil do WhatsApp, Dênio estampa uma foto ao lado do filho.

A defesa de Allan acusa Paulo Henrique Pardim de Oliveira de ter sido cúmplice do crime e ainda ter se passado por policial civil, quando, na verdade, quem detinha o cargo era o irmão dele.

Histórico judicial de PH


Em interrogatório judicial, Paulo Henrique alegou não ter participado dos fatos narrados na denúncia. Confirmou estar na boate no dia do crime, mas que não viu a vítima no dia e sequer chegou perto dela. Relatou, ainda, que não pagava para entrar na boate e que a frequentava por ser "quebra-galho, caso precisassem de mim eu estava lá para defender o meu".





Ainda afirmou que estava na boate no dia do crime para se encontrar com uma funcionária do estabelecimento, mas negou se apresentar como policial civil ou que estava portando armas. Inicialmente, disse que não presenciou a abordagem da vítima e que só ficou sabendo do caso quando ouviu no rádio de um segurança que estava perto dele.

Em outra oitiva à justiça, entretanto, entrou em contradição. PH afirmou que estava, sim, presente no dia do crime e apontou William Leal e Carlos Soares, o "Paulista" e o "Careca", respectivamente, como autores do crime. Os dois foram condenados em agosto deste ano.

PH afirmou que saiu do local para chamar o gerente do estabelecimento, mas quando voltou a vítima já estava desacordada e a polícia e o pronto atendimento acionados. 

*Estagiário sob supervisão do subeditor Frederico Teixeira

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