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Estado de Minas ALERTA

Tráfego intenso amplia lista de sinais de risco da COVID-19 em BH

Indicador de movimentação na cidade e dados da área de saúde alimentam preocupação com avanço da doença. Kalil ouve comitê e convoca coletiva para esta quarta-feira


25/11/2020 06:00 - atualizado 25/11/2020 07:20

Movimento de veículos em fim de tarde na Avenida Antônio Carlos: volumes deste mês são os maiores registrados desde o início da pandemia na capital mineira (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Movimento de veículos em fim de tarde na Avenida Antônio Carlos: volumes deste mês são os maiores registrados desde o início da pandemia na capital mineira (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)


Uma forte aceleração no tráfego de veículos em Belo Horizonte como reflexo de cada vez menos adesão a ações de afastamento comunitário amplia a preocupação neste momento em que a capital, a Grande BH e a Região Central de Minas experimentaram ampliações de índices de contaminação pelo novo coronavírus (Sars-coV-2). De olho nos indicadores da doença, o prefeito da capital mineira, Alexandre Kalil (PSD), se reuniu na tarde de ontem com o Comitê de Enfrentamento à Epidemia da COVID-19 para discutir o aumento de casos nas últimas semanas.

Belo Horizonte registrou 1.580 novos casos de COVID-19 e 24 mortes entre o boletim divulgado na terça-feira da semana passada (17) e o informe publicado ontem (25). Somente entre ontem e a segunda-feira, foram 245 novos registros e oito mortes. A assessoria da administração municipal confirmou que, hoje, a prefeitura concederá uma coletiva de imprensa. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), por sua vez, afirma que ainda não se pode dizer se ocorrem flutuações nos índices da COVID-19 na região, ainda em patamar baixo, ou se há uma tendência de crescimento sustentado.

Termômetro do volume de veículos na região, indicadores do aplicativo de trânsito Waze detectaram que novembro já é o mês com maior movimento desde o início da pandemia, superando em 14,4% o volume de congestionamentos de outubro e em 5,3% o computado em agosto, mês de reabertura, em que o consumo explodiu, mas depois se acomodou. De acordo com os números do aplicativo, nos 18 primeiros dias de novembro, a média de congestionamentos se elevou em Belo Horizonte a 85% do volume de veículos retidos em março, antes da pandemia. O mês que tinha registrado maior intensidade foi agosto, com 81%, caindo em setembro para 73,84% e em outubro para 74,26%. 
 
Na semana passada, foram recebidas com muita preocupação as notícias de que o ritmo de transmissão (Rt) do coronavírus na capital havia atingido 1,13, ou seja, cada grupo de 100 pessoas infectadas estava levando a doença a outras 113. O limite de risco moderado é um Rt de 1. Ontem, o índice estava em 1,08, mas, apesar do recuo, continuava acima do limite de risco considerado moderado, que vai até 1.

A ocupação hospitalar também aumentou em cerca de 10 pontos percentuais, saltando de níveis em torno dos 30% da capacidade para quase 40% dos leitos de enfermarias e UTIs em uma semana. Isso tudo tem assustado, sobretudo por se somar aos relatos de intensivistas apontando a ampliação de ocupação de UTIs e de pacientes em ventilação mecânica na região.

Ao todo, a capital mineira tem 53.115 diagnósticos positivos para a doença, incluindo 1.622 pacientes que morreram em decorrência da enfermidade. No boletim de ontem, o que mais chamou a atenção foi o aumento na ocupação de leitos. De acordo com o informe, 40,4% das vagas de terapia intensiva estavam ocupadas, enquanto a mesma taxa era de 38,1% em unidades de enfermaria. Na sexta, os números estavam em 37% e 34,2%. Na terça-feira da semana passada, os índices estavam em 33,5% e 30,7%, respectivamente. Apesar do aumento, os dois parâmetros permanecem na fase controlada, abaixo dos 50%. A prefeitura considera no índice a rede SUS e a suplementar.

Comportamento

“Ocorreu uma mudança do perfil epidemiológico (na Região Central e Grande BH). Vimos uma mudança de comportamento na sociedade e essa modificação pode impactar também na mudança do perfil comportamental da epidemia”, observa o secretário de estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, referindo-se à baixa da guarda em relação às medidas protetivas, como o afastamento. “Nesse momento, (as regiões) ainda estão na onda verde (do programa Minas Consciente, que é o estágio menos restritivo). Mas é fundamental que todos se cuidem, usem máscaras, álcool em gel e façam distanciamento. Primeiro (para prefeituras e secretarias que precisarem recuar e restringir mais as atividades) orientamos o retorno do Minas Consciente”, disse Amaral. “De forma geral, não temos sinalização de explosão de casos, mas de necessidade de tomar cuidado”, resume.
 
Trânsito na Avenida Afonso Pena(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Trânsito na Avenida Afonso Pena (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Um dos reflexos desse comportamento de menos afastamento é visto no trânsito. Segundo os dados do Waze, em BH, com 49% de um movimento normal antes da pandemia, apenas a segunda-feira registra média de congestionamento menor do que agosto (58,6%), setembro (49,5%) e outubro (50,75%). Nos demais dias da semana, o montante de carros, motos e caminhões retidos nas vias superou os volumes observados para os mesmos períodos em todos os outros meses desde o início da pandemia. Aos domingos, o índice é de 136,3%, o que significa que o volume de tráfego ultrapassou o do período pré-pandêmico– antes de 16 de março –  em 36,3 pontos percentuais.

Integrante do Comitê de Enfrentamento à COVID-19 de Belo Horizonte, o presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, Estevão Urbano, alerta que a pandemia ainda não foi controlada e que exageros podem até fazer com que a situação fuja de limites aceitáveis. “O relaxamento nas medidas sanitárias, saídas exageradas, uso de máscara de forma inadequada e as aglomerações, principalmente por jovens em bares e festas. Isso tudo é por causa das flexibilizações, dos feriados e da falsa sensação de segurança que muitas pessoas têm hoje, exatamente pelo fato de os números terem baixado”, avalia. A BHTrans informa que os números do trânsito estão entre as informações gerais e os critérios avaliados pelo Comitê de Enfrentamento à COVID-19 de BH.

O secretário Carlos Eduardo Amaral destacou ações que foram implementadas nessa fase da epidemia. “Há uma orientação clara para toda a rede de saúde para rastreamento de contato próximo com pessoas com sintomas, acompanhar quem teve contato e instruir. Todos os casos leves de síndrome gripal estão sendo testados, em regiões e locais em surto fazemos os testes, em gestantes e pacientes de UTI também”, cita.

Aceleração no dia das eleições

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
As eleições e o compromisso com o voto fizeram do 15 de novembro o dia mais movimentado desde o início da pandemia, com um registro de congestionamentos de 78% acima do regular do mês de março em dias pré-pandêmicos, ou seja, dos volumes computados até o dia 16 daquele mês. Os dois dias com maior movimento eram 14 de junho, primeiro domingo após o segundo anúncio de flexibilização das atividades, com 55% além do movimento normal pré-pandêmico, e 21 de junho, com 20,7% a mais. Já o domingo seguinte, 28, com o anúncio de retrocesso das estatísticas críticas de casos, doentes, mortos e falta de leitos, o movimento enfraqueceu e ficou em 74,7% do verificado antes da pandemia.

A paciência dos belo-horizontinos com o afastamento social parece mesmo se esvair aos fins de semana, quando o movimento recebe um incremento expressivo. Os sábados, que com a pandemia em março tinham 28% do movimento regular, bateram a média de 94% em novembro. O domingo é o dia em que menos se respeita o isolamento social. Em março, após o afastamento, a concentração média de carros caiu para 42% do normal. Já em abril, escalou para 45,25%, saltou para 58,4% em maio e em junho já representa apenas 89%, subindo em novembro para 94% do que seria um dia comum, ou seja, praticamente retornando a patamares antes da COVID-19.

A série de monitoramento dos veículos pelo aplicativo Waze se iniciou no dia 16 de março, data em que o primeiro caso de COVID-19 foi confirmado em BH. As aulas foram suspensas no dia 18 e o movimento de veículos caiu drasticamente, despencando 69,85% na sexta-feira, 20 de março, quando o decreto de situação de calamidade pública estadual (Decreto 47.891/20) foi publicado. O mês de abril registrou as menores concentrações de veículos.

O dia menos movimentado em março, no início do isolamento, era a sexta-feira, com 22% da intensidade de engarrafamentos pré-pandemia. Em abril, a média das terças-feiras conseguiu atingir a menor concentração de todos os dias da semana, com 15,5% do usual. Já o dia de menor movimento foi 10 de abril, uma sexta-feira, com 9,91% do movimento normal da cidade, um dia depois de começar a vigorar o decreto municipal que suspendeu o alvará de funcionamento de estabelecimentos considerados não essenciais, como boates, casas de festas e eventos, feiras, exposições e estabelecimentos voltados para o lazer. (MP)


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