Arquitetado com pequenos pedaços de louças e cerâmicas, um tradicional casarão de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, vai retomar sua beleza original e, finalmente, ser reaberto ao público. A promessa é de que as obras de restauração se iniciem já em novembro. O Museu Casa dos Cacos há 15 anos fechou suas portas. Pouco antes, em 2000, fora tombado como bem cultural e histórico pela Prefeitura de Contagem. Mas problemas estruturais no imóvel, datado de 1963, levaram à sua interdição. Desde então, visitantes e contagenses se mobilizam pedindo a reabertura do espaço cultural.
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“A comunidade sempre cobrou que a casa fosse reaberta. Agora temos a verba empenhada e vamos tentar começar as obras no mais tardar no início de novembro”, comemorou Thomaz dos Mares Guia Braga, diretor de Políticas de Memória e Patrimônio Cultural da Prefeitura de Contagem.
Ele explicou que o projeto contempla todo o restauro do imóvel, sua restruturação física e ampliação de um anexo. “O projeto é completo e contempla todos os aspectos do museu. Tudo vai ser refeito, principalmente o reforço estrutural da casa. A obra é complexa, porque a casa tem características arqueológicas. No fundo, há um anexo que foi feito depois. Agora, faremos outro, de dois andares, com varanda de vidro, de onde as pessoas vão poder ver a casa e todos os objetos em torno dela”, explicou o diretor, estimando a reabertura do espaço cerca de 180 dias após o início das obras.
Identidades
Representação simbólica das várias identidades de Contagem, a Casa dos Cacos é a única em sua tipologia no Brasil. A construção é considerada pioneira do gênero no país e equiparada à Capela de Ossos, na Igreja de São Francisco, em Évora, Portugal, e às criações do arquiteto espanhol Antoni Gaudí (1852-1926).
Foi construída e customizada com mosaicos de louça e cerâmica pelo geólogo Carlos Luís de Almeida a partir de1963 até sua morte, em 1989. Toda a casa, além de enfeites e alegorias, é feita de cacos vindos das mais diversas procedências.
As peças formam mosaicos nas paredes do imóvel e esculturas de cachorros, cabras e a curiosa elefanta "Fifi". No banheiro da casa, uma toalha é reproduzida em cacos. Nos quartos e sala, cama, televisão e rádio são revestidos. Na sala de jantar, a mesa e o telefone são cobertos com pedaços de vidros de várias cores.
Consta que alguns cacos seriam do Palácio do Planalto, presente dado ao artista pela mulher do ex-presidente Ernesto Geisel (1907-1996), que governou o Brasil de 1974 a 1979. Outro assíduo fornecedor de cacos teria sido o proprietário do extinto Café Pérola, na Praça 7, em Belo Horizonte.
A Casa dos Cacos foi adquirida pela Prefeitura de Contagem em 1991 e tombada por meio do Decreto 10.445, de 14 de abril de 2000. O imóvel se tornou um dos patrimônios culturais mais atrativos e visitados por moradores, estudantes e turistas de Contagem. Quando estava aberta, recebia cerca de 300 visitantes por mês, que eram conduzidos pelos cômodos por guias da Casa de Cultura. Esse modelo de visitação deverá ser mantido após sua reabertura. A casa fica na Rua Ignez Glanzmann de Almeida, 132, no Bairro Bernardo Monteiro.