Jornal Estado de Minas

Clima

Estragos e falta de energia: o dia seguinte ao temporal com granizo em BH

 
O refresco ansiosamente aguardado pela população de Belo Horizonte veio acompanhado de susto. Na noite de ontem, um temporal acompanhado de muita ventania tomou conta da capital mineira. A chuva começou por volta das 19h30 e só foi diminuir quando o ponteiro do relógio marcava aproximadamente 21h. De acordo com a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil da cidade, todas as nove regionais computaram chuvas de intensidade extremamente forte, acima dos 5 milímetros (mm). Por volta das 20h, a pasta registrou ventania de 98 quilômetros por hora na Estação Cercadinho, no Buritis (Oeste).





Nesta quinta-feira, as consequências da tempestade ainda podem ser vistas em alguns pontos de Belo Horizonte e da região metropolitana. De acordo com a Cemig, a chuva e a ventania derrubaram árvores sobre a rede elétrica, além de lançar galhos e outros objetos nos cabos de energia, provocando curtos-circuitos e rompimento de fiação em vários pontos. 

“Neste momento, a empresa não registra mais grandes blocos sem energia, porém ainda constam clientes com o fornecimento interrompido, de forma pulverizada, principalmente em Venda Nova, Pampulha, Contagem e Betim”, informou a companhia de energia nesta manhã. 

Os reparos começaram ainda ontem. “A empresa está reforçando o número de equipes para os atendimentos nesta manhã, e cerca de 400 profissionais, entre engenheiros, técnicos e eletricistas atuam diretamente nos trabalhos de recuperação da rede elétrica, e a previsão é de que o fornecimento seja normalizado para todos os clientes ao longo do dia de hoje”, concluiu. 





A Defesa Civil de Belo Horizonte informou que não registrou nenhuma ocorrência de destaque nas últimas horas. Já o Corpo de Bombeiros listou ocorrências que mobilizaram os militares na noite passada. Nos bairros Califórnia (Rua José Marcos Feliciano), na Região Noroeste da capital, e no Jardim dos Comerciários (Rua Ester Batista Vieira), em Venda Nova, houve chamados sobre risco de alagamentos ameaçando pessoas e veículos, mas o atendimento foi dispensado porque o nível da água estava diminuindo. 

Na Rua Otaviano Pena Forte, no Bairro Serra Verde, também em Venda Nova, parte de um muro de arrimo desabou e atingiu uma parede de um prédio. O local foi isolado e os bombeiros orientaram os moradores a procurar a Defesa Civil para uma avaliação. 

Às 22h, os militares foram acionados para cortar árvores caídas na Rua Cônego Rocha Franco, no Bairro Gutierrez, Região Oeste, e na Rua dos Guajajaras, no Barro Preto, Região Centro-Sul da capital. As árvores eram de médio porte e foram retiradas pelos bombeiros. Ninguém ficou ferido. 





Em Contagem, na Grande BH, a queda de uma cobertura de zinco ainda interditava nesta manhã parte da Avenida Cantagalo, no Bairro Novo Riacho. Os bombeiros isolaram o local. Esta ocorrência também não deixou vítimas. 

Entre o susto e o alívio


Entre as 19h e as 21h, a Defesa Civil registrou a maior quantidade de chuvas na Região Nordeste da cidade (37,6mm). O valor equivale a 35,9% da média histórica esperada para o mês: 104,7mm. A Regional com o menor acumulado no período foi Venda Nova, com 24mm.

O órgão já havia alertado para pancadas de precipitação durante a tarde. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) também expediu aviso para tempestades na Grande BH e cidades das regiões Central, Sul e Zona da Mata. “Essa maior umidade é característica da primavera e deve perdurar pelos próximos dias”, esclareceu Claudemir de Azevedo, meteorologista do 5º Distrito do Inmet, onde está Minas Gerais.





No Bairro Pompeia, Leste de BH, os fortes ventos que atingiram a cidade derrubaram parte das paredes laterais e dos fundos do terceiro andar de uma casa na Rua Pitangui, próximo a um supermercado e uma igreja. Os escombros atingiram o imóvel vizinho, mas ninguém ficou ferido. As paredes, segundo o Corpo de Bombeiros, eram novas. Haviam sido erguidas durante a tarde. Militares se deslocaram ao local para vistoriar a estrutura.

O Córrego Capão, em Venda Nova, chegou ao seu limite com volume de água que caiu na região ontem (foto: André Carvalho/Divulgação)


Em Venda Nova, moradores registraram o Córrego Capão prestes a inundar. O manancial é um dos contribuidores do Córrego Vilarinho e passa pelos bairros Céu Azul, Lagoa, Piratininga e Flamengo. Já no Norte da cidade, moradores do bairro Planalto registraram granizo em suas casas.







Na Grande BH, houve registro de chuva forte em Contagem. No bairro Eldorado, houve muita ventania, assim como na capital mineira. Ainda na Região Metropolitana da capital mineira, a orla de Lagoa Santa registrou alagamento na altura do bairro Praia Angélica.





A chuva de ontem era esperada pela população depois de recordes consecutivos de altas temperaturas em BH. Exatamente sete dias antes, o Inmet computou a maior temperatura da história da capital mineira: 38,4°C. A onda de calor atingiu a cidade durante toda a semana passada, com altas no termômetro de até 5°C a mais que a média histórica.

Acumulado de chuvas por região de BH entre as 19h e as 21h de ontem (foto: Arte EM)


No interior 


A Prefeitura de Capitólio, no Sul de Minas, ainda contabiliza os prejuízos após a forte chuva de granizo que atingiu a cidade na tarde de ontem. Vários prédios públicos tiveram telhados destruídos, postes de luz foram partidos ao meio e dezenas de árvores foram arrancadas pela raiz. De acordo com o prefeito, José Eduardo Terra Vallory (PT), o vendaval não durou muito tempo, mas foi o suficiente para deixar estragos na cidade. “Um temporal muito violento, com rajadas de vento fora do controle, como nunca houve no município”, explica.



A força do vento destruiu telhados de prédios públicos e casas. Postes de luz foram partidos ao meio e dezenas de árvores arrancadas pela raiz. “Uma das coisas que mais nos assustaram foi uma quadra que teve a ferragem toda danificada. Espalhou telha metálica por todo o bairro Bela Vista”, acrescentou. Os moradores ficaram assustados com o vendaval e também se manifestaram nas redes sociais. “Passou um furacão aqui em Escarpas”, disse Eduardo Caramati.

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