Moradores de bairros de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa, cidades da Região Metropolitana de BH (RMBH), estão sofrendo com a falta de água nas residências e estabelecimentos comerciais. O problema começou em setembro, mas se agravou na última semana.
Em Pedro Leopoldo, bairros da região Norte da cidade como Teotônio Batista de Freitas, Felipe Cláudio de Sales e Adélia Issa estão sem abastecimento contínuo há cerca de cinco dias.
Segundo a Prefeitura de Pedro Leopoldo, o problema de desabastecimento na cidade é responsabilidade do estado. O procurador-geral do município, Cristiano Fonseca Pereira, informou que a administração municipal entrou com uma Ação Civil Pública contra a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) nesta terça-feira (6).
Na Ação, a prefeitura exige o reestabelecimento imediato do fornecimento contínuo de água na cidade e pede uma multa diária de R$ 10 mil caso a Companhia não cumpra a decisão judicial. Além da multa por descumprimento, o município também pediu ressarcimento por danos morais coletivos causados à população.
O Poder Judiciário de Pedro Leopoldo ainda julgará o pedido de liminar e determinará o valor a ser pago em danos morais coletivos. “Este tipo de decisão costuma ser rápida aqui no município”, comenta o procurador.
Weigley Adriano Ferreira, morador do bairro Teotônio Batista de Freitas conta que o abastecimento de água é interrompido todas as semanas às quintas-feiras e só retorna às segundas-feiras. “É recorrente, muitos ligam para a Copasa para reclamar, mas eles dizem que não há registro de falta de água no bairro”.
Deyze Helena dos Santos mora no Bairro Adélia Issa, em Pedro Leopoldo, e diz que falta água durante todos os dias da semana. “No último domingo nós não tínhamos nem água para beber. A Copasa diz que está resolvendo o problema, mas nunca resolve”.
Condomínio sem água em Lagoa Santa
Em Lagoa Santa, em várias casas do condomínio Mirante do Fidaldo, no registro de água só passa ar. Márcia Miliane é moradora do condomínio e diz que há cerca de um mês não chega água em sua residência. “Começamos usando a água da cisterna da chuva, depois drenamos toda a água da piscina, e agora estamos dependendo de caminhões-pipa”, relata.
“Estou sem água para dar descarga”, lamenta Márcia. A moradora conta que quase todos os dias funcionários da Copasa vão ao condomínio, mas nada é resolvido. “Estamos pensando em entrar com uma ação judicial coletiva contra a Copasa”, diz.
Capacidade dos reservatórios
A Copasa informou que os casos de desabastecimento na RMBH são “pontuais”, e que os reservatórios que abastecem a região ainda possuem capacidade para suprir a demanda até o segundo semestre de 2021.
Porém, a Companhia admitiu que, em alguns pontos, o sistema está sobrecarregado, o que torna o abastecimento irregular. Segundo a Copasa, isso é mais comum em regiões altas.
Sobre os casos específicos de Pedro Leopoldo e Lagoa Santa, a Copasa, através de nota, comunicou que na RMBH, as ligações clandestinas, mais conhecidas como "gatos", desequilibram a dinâmica do sistema de distribuição de água. Segundo a Companhia, esse tipo de prática gera intermitência e desestabilização no fornecimento.