Jornal Estado de Minas

DESABASTECIMENTO

Moradores de Esmeraldas reclamam da constante falta de água

 
“A minha conta de água chega todos os meses, assim como a de todos os moradores, e a solução para o nosso problema não chega." Esse é o questionamento de um morador do Bairro Floresta Encantada, em Esmeraldas, Região Metropolitana de Belo Horizonte. O microempreendedor Ralpho Seraphim afirma que a falta de abastecimento de água pela Copasa é diária e que a rede de abastecimento é obsoleta e não atende mais a quantidade de casas construídas no bairro. “Já fizemos manifestações, reclamações na Copasa, mas não adianta. Estamos em uma fila de espera que parece ser eterna”, conta.




Também moradora do bairro, a técnica de enfermagem Viviane Teixeira costuma passar noites vigiando os encanamentos por onde chega a água da casa dela. A vigília segue um esquema de rodízio entre ela, o marido e a filha, começa a meia-noite e termina quando a água chega. “Nesse calor, nessa situação de pandemia da COVID-19, é uma tortura ficar o dia inteiro sem água. Essa noite, o meu marido ficou vigiando até 1h, depois vigiei até às 3h e às 3h30 que a água chegou. Minha filha que nos avisou e assim consegui lavar parte da roupa da família na madrugada desta quinta-feira. Não conseguimos lavar tudo porque a água acabou antes das 6h”, conta.

Problema de muitos anos

O Bairro Floresta Encantada foi criado em 2000. Na época, o loteamento não contava com os serviços da Copasa e a empresa Empreendimento Imobiliário Floresta Encantada Eireli construiu para moradores do bairro três poços artesianos para fornecer água. Segundo o morador bairro, Ralpho Seraphim, o bairro cresceu e em 2015, a Copasa passou a fornecer o abastecimento de agua. Em 2017 foi feita uma vistoria no loteamento e segundo o relatório de vistoria técnica da Copasa, a conclusão foi de que o empreendimento deveria passar por adequações no sistema de abastecimento de água e de esgotamento sanitário para que assim, o Termo de Compromisso fosse concluído. 

Ainda segundo o morador, o responsável pelo loteamento, o empresário Fernando Paniza, fez a compra dos padrões cavaletes que ligam a tubulação da obra à rede de distribuição de água e possibilita a instalação do hidrômetro e filtros, mas não cumpriu as outras exigências e mesmo assim, a Copasa entrou no bairro já usando a rede de abastecimento que existia. “A rede de abastecimento de água é obsoleta e atualmente, não atende a quantidade de casas já construídas no bairro por isso, não consegue abastecer as residências. Além disso, essa rede foi desaprovada pela Copasa, mas a Companhia a utiliza, sem ter feito nenhum tipo de reparo, quem sofre é a população, conta.




Viviane Teixeira recebeu a conta da Copasa com a cobrança de mais de R$ 1 mil (foto: Arquivo pessoal)

A conta de água que chega nas residências é outra reclamação. A técnica de enfermagem recebeu no mês de agosto uma cobrança de mais de R$ 1 mil. Segundo Viviane, foram feitas várias reclamações sobre o valor da conta e sobre a falta de água, mas a solução nunca chega. “A Copasa diz que está em análise, que está verificando, que eu tenho que enviar a leitura para a Companhia, aí envio e continuo esperando. Toda vez que ligo, os atendentes falam uma coisa diferente. Quando ligo para a ouvidoria da Copasa, fico mais de uma hora esperando para ser atendida.” 

Os moradores procuraram a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário de Minas Gerais, ARSAE-MG, e foram informados que a situação do Bairro Floresta Encantada entrará ainda este ano no calendário de fiscalização de 2020. 
A Copasa informa, em nota, que assumiu o sistema de abastecimento do bairro Floresta Encantada, em Esmeraldas, mediante ao Termo de Acordo com a Floresta Encantada Empreendimentos, a qual deveria implementar as obras de adequação do sistema de abastecimento, o que não ocorreu. Mas mesmo assim, o a empresa está operando o sistema. No momento, estão sendo executadas as obras para adequação das redes aos padrões estabelecidos pelas normas técnicas. A empresa já perfurou dois poços profundo e a previsão para início de operação é de aproximadamente 120 dias.
A Copasa afirma que, situações sazonais como o longo período de estiagem, o aumento do consumo de água -  em virtude da elevação da temperatura -, situações emergenciais como falta de energia elétrica nos sistemas e ocorrência de algum problema operacional podem provocar intermitências no abastecimento. Como medida contingencial, a Copasa realiza manobras operacionais dos sistemas e disponibiliza caminhões-pipa para alimentar os reservatórios e atender, emergencialmente, clientes.




Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a empresa ressalta que um dos maiores problemas de abastecimento são ligações clandestinas, mais conhecidas como ‘gatos’. Essas ligações promovem um desequilíbrio na dinâmica do sistema de distribuição de água, uma vez que são feitas de forma irregular, sem nenhuma técnica ou mecanismo de controle e regulação. Isso prejudica o abastecimento contínuo dos clientes regulares da Companhia e gera intermitência e desestabilização no fornecimento de água.
Ainda segundo Companhia, ela trabalha para evitar o desabastecimento, mas a colaboração da população é fundamental. Por isso, é muito importante o engajamento de todos no uso consciente e responsável da água, como por exemplo: não lavar o passeio com mangueira, em vez disso, usar a vassoura; tomar banhos rápidos; molhar plantas com regador e não com a mangueira; deixar a torneira fechada enquanto escova os dentes ou faz a barba; na cozinha, também fechar a torneira enquanto ensaboa a louça e, antes de lavá-la, retirar ao máximo os restos de alimentos; reutilizar a água da máquina de lavar. São atitudes fáceis no dia a dia que contribuem muito para o bem estar de toda a população.