Um cortejo com duração de mais de quatro horas percorreu na manhã deste sábado (15) 16 paróquias de várias regiões Belo Horizonte, com a imagem peregrina de Nossa Senhora da Boa Viagem, padroeira da capital e que tem seu dia celebrado hoje. Feriado em BH, o dia também é consagrado à Assunção de Nossa Senhora. Na porta das igrejas, os padres receberam a imagem com pequenos altares enfeitados com flores.
Devido à pandemia do novo coronavírus, que impede aglomeração, a tradicional celebração iniciada às 8h no Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua (Igreja da Boa Viagem), na Região Centro-Sul de BH, com a "benção de envio", foi dada pelo padre Marcelo da Silva. A 32a. Caminhada com Maria ocorreu longe da multidão de devotos e na companhia apenas dos condutores de três veículos: um com o andor e um diácono, o do carro de som, e outro com a equipe da pastoral da comunicação do Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua (Igreja Boa Viagem), localizado na Região Centro-Sul de BH.
No início da tarde, às 12h30, a imagem enfeitada com flores, trabalho do seminarista Lucas Lopes, retornou ao templo, sendo recebida por padre Marcelo, pároco e reitor do santuário. Para as 17h, está programado o momento de Vésperas Solene, e no fim da tarde, às 18h, o bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, dom Geovane Luís da Silva, vai celebrar missa solene. O pedido dos organizadores é para os católicos acompanharem as comemorações pelas redes sociais da paróquia.
HISTÓRIA Inaugurada em 1922 como monumento ao centenário da independência do Brasil, a Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem tem uma história que vai muito além de seu quase um século de história. O reitor e pároco do santuário, padre Marcelo Silva, diz que “é preciso lembrar que a história da capital surgiu com a imagem que estava na capela original, em torno da qual nasceu o arraial, formou-se a vila e cresceu a capital. São mais 300 anos”.
Para entender melhor toda essa história, é preciso voltar no tempo, mais precisamente ao século 18. Em 1709, o português Francisco Homem del Rey conseguiu autorização da Coroa Portuguesa, por meio de cartas de sesmarias, e se estabeleceu na região onde hoje se encontra Belo Horizonte. Segundo estudos históricos, ele trouxe uma imagem da padroeira dos navegantes portugueses, Nossa Senhora da Boa Viagem, que o acompanhou na travessia do Oceano Atlântico.
Para homenageá-la e proteger a imagem, Francisco ergueu em suas terras uma pequena capela de pau-a-pique. Como estava na rota dos tropeiros que passavam pela região transportando riquezas do interior do país, a igrejinha recebeu o nome de Nossa Senhora da Boa Viagem e passou a ser conhecida também como a padroeira dos viajantes.
Com o passar dos anos e a enorme devoção dos fiéis, a capelinha ficou pequena para receber tanta gente e em seu lugar foi construída uma igreja maior. Mas, com a construção da capital, foi necessário erguer um novo templo – o atual Santuário Arquidiocesano de Adoração Perpétua Nossa Senhora da Boa Viagem.
Em 1932, o título de padroeira da capital mineira foi oficializado pelo papa Pio XII, a pedido do cardeal dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.