Jornal Estado de Minas

Pandemia

Governador Valadares adere ao Minas Consciente; outras cidades do Leste resistem

Estar na onda vermelha do programa Minas Conscientedo governo de Minas, é um pesadelo para os comerciantes de Governador Valadares, no Leste de Minas. A base da economia do município está no comércio. Prefeitura, Associação Comercial e Empresarial e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) recorrem a esse forte componente da economia local para expressar a insatisfação com a onda vermelha, que permite o funcionamento apenas dos serviços essenciais.





A prefeitura aderiu ao Minas Consciente contra a vontade dos comerciantes e empresários, obedecendo à decisão da desembargadora Márcia Milanez, que determina aos municípios seguir a Deliberação 17 do governo do estado e a Lei Estadual 13.317/99. Na Deliberação 17, a definição pela flexibilização fica a cargo do prefeito, de acordo com as métricas da saúde no município. 

Até então, o prefeito André Merlo (PSDB) editava os decretos municipais buscando o equilíbrio entre saúde e economia, como ele afirma sempre. O prefeito lamentou ter de tomar a decisão, mas cumpriu a máxima de que “decisão judicial não se discute, cumpre-se.”

Merlo disse que antes da adesão ao Minas Consciente, o município se empenhou em garantir um atendimento hospitalar de qualidade aos valadarenses e também à população dos mais de 50 municípios que compõem a macrorregião.



“Valadares antes da pandemia tinha oito leitos de UTI para todas as enfermidades e, hoje, além desses que foram preservados, criamos em tempo recorde mais 48 leitos exclusivos para atendimento à COVID-19. Ou seja, não deixamos faltar leitos. Infelizmente, estamos na onda vermelha, com o funcionamento apenas dos serviços essenciais. No meu modo de entender isso é um retrocesso”, disse Merlo. 

Desde 1º de agosto, as atividades econômicas da cidade obedeciam às determinações da onda verde, do antigo Minas Consciente. Nesse período, a expectativa da prefeitura e dos comerciantes era que a cidade fosse inserida na onda amarela, mas isso não ocorreu.

Ajuda aos microempreendedores 

 
Para amenizar os efeitos negativos sobre a economia, que serão causados pelas restrições impostas pela onda vermelha, a Prefeitura de Governador Valadares tem buscado alternativas para que os microempreendedores da cidade possam continuar a comercializar seus produtos na modalidade on-line. Para isso, celebrou uma parceria de cooperação digital com técnica com a empresa de tecnologia Apiki, e lançou a ferramenta “Compre em GV”. Nela, de forma rápida, prática e gratuita, serão disponibilizadas mil vitrines on-line, integradas ao WhatsApp, para fortalecer os microempreendedores individuais (MEIs) de Governador Valadares.





A ação foi desenvolvida por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, e permite aos MEIs visibilidade e autonomia para anunciar pela Internet. “É fundamental para amenizar os efeitos da crise nesta categoria”, afirmou o secretário Hilton Manoel, para quem a adoção das vitrines virtuais “traz a possibilidade de vendas através de outros canais, permitindo uma compra mais rápida e segura neste período de maior necessidade de distanciamento social”.

Embora considere desconfortável, o prefeito André Merlo disse que estar na onda vermelha obrigou a administração municipal a pensar em alternativas. “Esse tipo de projeto com inovação tecnológica permite aos MEIs visibilidade e autonomia para anunciar e vender pela internet, ajudando na redução dos impactos negativos sobre nossa economia”, disse.

A Prefeitura de Valadares reforça a necessidade que os empreendimentos sigam as legislações e medidas sanitárias em vigor, bem como a população mantenha o isolamento social o máximo possível. A plataforma “Compre Em GV” da Apiki (https://apiki.com) é destinada exclusivamente a microempreendedores individuais (MEIs) e os interessados podem se candidatar através do site https://compreemgv.com.br/.





Vale do Aço

Já em Ipatinga, no Vale do Aço, a prefeitura não aderiu ao Minas Consciente. Assim, nesta semana que precede o Dia dos Pais, o comércio do município funcionou normalmente na segunda, quarta e sexta-feiras. Neste sábado, foi autorizado a funcionar das 8h às 18h. O shopping da cidade continua fechado.

Essa flexibilização deve prevalecer nos próximos dias na cidade. O Executivo municipal considera a Deliberação 17 mais racional. 

Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Ipatinga, uma posição definitiva será tomada no início da próxima semana, já que o fim de semana será de estudo criterioso sobre teor do Novo Minas Consciente, para avaliar se a adesão é vantajosa.

Cláudio Zambaldi, presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Ipatinga (Aciapi), é bem claro ao expor o ponto de vista da sua associação sobre aderir ou não ao programa do governo do estado: “O Minas Consciente é um retrocesso, Ipatinga já é consciente”.





Zambaldi disse que todos os associados da Aciapi trabalham em conformidade com os protocolos de enfrentamento ao novo coronavírus, de forma responsável. “Já damos a nossa contribuição em permanecer fechados aos domingos, terças e quintas e preservamos a saúde de todos nos dias de funcionamento”, disse.

Coronel Fabriciano e Timóteo, vizinhas a Ipatinga, também estão fora do Minas Consciente e as atividades econômicas continuam funcionando de acordo com os decretos municipais. O comércio está aberto normalmente, especialmente na semana que antecede ao Dia dos Pais.  
 
As lojas de rua em Coronel Fabriciano estão funcionando de 8h às 22h nos dias úteis e de 8h às 18h aos sábados. Em Timóteo, o horário é reduzido, de 10h às 16h e 9h às 13h, respectivamente. Os comerciantes reivindicam que haja fusão das deliberações 17 e 19, do Decreto COVID-19, de 26/03/2020, permitindo que o comércio de rua e os shoppings possam funcionar, sem as restrições da onda vermelha imposta pelo Minas Consciente.