Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

UFMG utiliza inteligência artificial para desenvolver método diagnóstico da COVID-19

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
Enquanto a pandemia do novo coronavírus deixa milhões de pessoas aflitas em todo o mundo, pesquisadores trabalham dia e noite para buscar soluções e amenizar os efeitos da doença. É o caso das equipes dos departamentos de Física e de Microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que criaram um método de diagnóstico para doenças virais, como a COVID-19, e que engloba também dengue e zika.



Batizada de PoLiVirUS, a plataforma funciona por meio da comparação entre células infectadas e amostras não infectadas. A funcionalidade é baseada na combinação de espectroscopia óptica e inteligência artificial

“A inteligência artificial é treinada com um grande conjunto de espectros de amostras de diagnóstico conhecido. Assim, aprende a distingui-las e se torna apta a processar os espectros de novas amostras”, afirmou o professor Juan Carlos González Pérez, do Departamento de Física da UFMG.

Uma das grandes vantagens do método criado pelos pesquisadores, é o fato de não precisar de uma preparação complexa de amostras. “Nosso teste é preciso, rápido, barato e poderia ser amplamente disponível em laboratórios de análises clínicas. Por não carecer de reagentes, não há gargalo de insumos”, disse González.



A inteligência artificial foi treinada para diferenciar infecções por diversos vírus. Os testes clínicos do método, cujo projeto teve início ainda nos primeiros casos de COVID-19 no Brasil, apresentaram acurácia de 87%, resultado comparável ao apresentado pelo tradicional teste RT-PCR, considerado o mais eficaz no diagnóstico de coronavírus.

“Toda semana um novo conjunto de testes é realizado, e seus resultados são adicionados à base de dados para continuarmos aperfeiçoando os indicadores de diagnóstico”, explicou o professor. 

O processo de registro do método já foi iniciado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), em nome da Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT) da UFMG. Ao todo, o projeto recebeu um aporte financeiro de R$ 149 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).

Além do professor Juan Carlos González Pérez, são coautores do método os pesquisadores Lídia Maria de Andrade e Paulo Henrique Amaral, residentes de pós-doutorado do Departamento de Física, além de Flávio Guimarães da Fonseca, docente do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas.