Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS EM MINAS

COVID-19 em MG: oito das 34 cidades da Grande BH não registram mortes

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
A Região Metropolitana de Belo Horizonte é composta por 34 cidades. No entanto, 26 municípios já têm pelo menos uma vida perdida para a COVID-19. O número representa 76% das cidades da Grande BH. Oito delas ainda não registraram óbitos, sendo que cinco não chegam a ter vítimas em investigação, enquanto três ainda tentam descobrir se houve morte por coronavírus. O levantamento foi feito pelo Estado de Minas, baseado nos boletins epidemiológicos divulgados até essa terça-feira.



Com apenas 7.826 moradores, Baldim tem oito casos confirmados, de acordo com o boletim da Secretaria Estadual de Saúde. Um dos casos, de acordo com o município, é de uma pessoa oriunda de Cuiabá, que foi até o interior de Minas para trabalhar. Dois pacientes estão internados, sendo um em estado grave.

Capim Branco, com 9.754 moradores, chegou a ter um óbito em investigação por COVID-19, mas a morte foi descartada para a doença. De acordo com o último boletim divulgado pelo município, são 18 casos confirmados. Ao todo, são 206 casos notificados e 103 descartados.

A cidade que também não registra óbito por COVID-19 até o momento é Confins. Com 6.730 habitantes, o município tem 15 casos confirmados de coronavírus, sendo que 12 deles estão recuperados da doença e três seguem em isolamento, de acordo com o boletim divulgado. São 90 notificações suspeitas ao todo, sendo 57 com amostra para teste - e 37 descartados -, além de 33 sem amostra. Deste último número, sete estão em isolamento domiciliar e outros 26 foram liberados.



Florestal, com 7.461 moradores, também não registra morte por COVID-19. A cidade tem 29 casos confirmados, sendo 18 recuperados e 11 ainda em monitoramento. De acordo com a secretária de Saúde do município, Ariane Gonçalves Cruz Ribeiro, os principais aliados no combate à doença por lá são a educação e a informação.

“Trabalhamos muito na questão educativa da população. Acho que esse é o diferencial para essa questão da COVID-19. Não tem fórmula mágica, porque é uma doença que ninguém conhece realmente. Tentamos trabalhar na base da informação, com essa parte educativa. Não tem sido fácil, tem sido muito desgastante, cansativo para todos da saúde, para a própria população, pois acabamos ficando nesse ciclo de abre e fecha (do comércio), barreira sanitária, e por aí vai. Até então temos os casos confirmados, mas sem internação. Trabalhamos muito com o telemonitoramento”, disse Ariane.

Do seleto grupo dos cinco municípios sem ao menos uma investigação de óbito por COVID-19, Nova União é o menor deles, com 5.725 habitantes. A cidade tem oito casos confirmados, sendo que cinco deles já estão recuperados e três ainda estão em isolamento domiciliar. Uma morte por coronavírus também foi descartada.



Investigações


Com 44.718 habitantes, Caeté é uma das três cidades que investiga óbito provocado pela COVID-19. Se trata de um homem de 73 anos, com comorbidades, que faleceu em Belo Horizonte. De acordo com o último boletim da Secretaria Municipal de Saúde, o município tem 46 casos confirmados em monitoramento. Outros 52 já estão recuperados. Ao todo, são 978 casos notificados - sendo 234 em outros municípios - e 626 suspeitos.

Itaguara, com 13.358 moradores, já confirmou 87 casos, sendo que 46 pacientes já estão recuperados. Por meio do boletim epidemiológico, o município informou a existência de seis pessoas internadas e outras 35 ainda em isolamento domiciliar. A maior parte dos infectados - 41 casos - têm entre 20 e 39 anos. A cidade, no entanto, ainda investiga um óbito por COVID-19.

Com uma população na ordem de 10.312, Rio Acima já contabilizou 71 pessoas com COVID-19, sendo que 48 delas já se recuperaram e outras 23 seguem em acompanhamento. Ao todo, 190 casos foram descartados e 36 estão em investigação. O município também verifica se uma morte foi causada por complicações da COVID-19.



Desafio


Mesmo com o aumento de casos em Minas, o isolamento social tem perdido adesão. Este, de acordo com gestoras ouvidas pela reportagem, é o principal desafio para os municípios no momento. Em Nova União, por exemplo, a prefeitura pediu o apoio da Polícia Militar para auxiliar no fim das aglomerações aos finais de semana.

“Estamos fazendo um trabalho constante, mas mesmo assim existe a questão das aglomerações aos finais de semana. Ontem (terça) mesmo estive com o prefeito e ele hoje está em reunião com o comandante da Polícia, pedindo o apoio da instituição, porque como aqui é um município pequeno, não temos guarda municipal, então a gente precisa que a polícia colabore com a gente em relação a questão das aglomerações. A questão dos comércios, eles estão respeitando as normas do decreto, mas o que me preocupa são as aglomerações”, disse a secretária de saúde de Nova União, Jiucilene Aparecida da Conceição.

Para garantir o isolamento social, a Prefeitura de Nova União deve decidir nesta quarta pelo fechamento do comércio não essencial na cidade. Mas a preocupação maior dos gestores está com o feriado de Nossa Senhora do Carmo, celebrado na cidade nesta quinta, uma vez que em dias assim e finais de semana, aglomerações costumam ocorrer, sobretudo entre jovens.



“Já tivemos duas barreiras sanitárias nas entradas da cidade, mas a gente vem trabalhando na educação da área de saúde. É difícil a população entender que não é para abrir o que não tava aberto, não é o momento de ir para as cachoeiras, que aqui tem muitas. Estamos preocupados em relação aos ciclistas, que vêm muitos de fora, estamos preparando um trabalho para fazer com essas pessoas, abordar esses ciclistas. Nos domingos de manhã, principalmente, temos percebido a presença deles, e todos sem máscara, andando em grupos de seis, oito pessoas, fazendo trilhas pela cidade”, explicou Jiucilene.

Florestal também recebe muitas pessoas de fora da cidade, uma vez que a região abriga sítios. O município chegou a fazer barreira sanitária para orientar visitantes, uma vez que festas clandestinas estavam acontecendo com maior frequência, mas o ponto de fiscalização foi desativado por causa do alto custo, uma vez que demandava valores por equipamentos de proteção individual (EPI) e pessoal para revezamento de turnos.

“Infelizmente as pessoas têm essa dificuldade de obedecer essa norma (isolamento social). No primeiro momento, por exemplo, em março, nós conseguimos esse isolamento. A partir do momento que se flexibilizou, as pessoas passaram a não obedecer mais essa medida restritiva, e por aí não conseguimos conciliar mais. Se tornou difícil não só no município de Florestal, até porque o perfil do município é um perfil de muitos sítios, e desde março temos recebido muita gente de fora, da capital, por exemplo, que vem se refugiar aqui. Acabou se tornando até um problema para o município, porque muita gente vem aos finais de semana para fazer festa. Teve barreira sanitária com intuito de orientação, porque estava acontecendo muitas festas desnecessárias”, pontuou a secretária de Saúde do município, Ariane Gonçalves Cruz Ribeiro.

Confira números dos municípios da Grande BH 



*Apesar de Lagoa Santa não constar óbito no mapa, que é baseado nos boletins liberados pelo estado, a prefeitura da cidade já confirmou três mortes por COVID-19.