Jornal Estado de Minas

Pacientes denunciam más condições no Hospital Júlia Kubitschek

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)

Depois que um vídeo com dois pacientes do Hospital Júlia Kubitschek, localizado no Bairro Milionários, na Região do Barreiro, viralizou nas redes sociais, o vereador Pedro Bueno (Cidadania) fez um requerimento à Comissão de Saúde e Saneamento da Câmara Municipal de Belo Horizonte para que solicite ao presidente da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informações sobre as denúncias feitas.


 
As imagens mostram ambos relatando que não havia água potável nos bebedouros de um corredor dentro de uma ala. A Fhemig nega as denúncias feitas.
 
 
No requerimento, o vereador pede explicações ao presidente da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), Fábio Bacchretti Vitor, sobre a falta de água potável para acesso aos enfermos; inexistência de máscaras para os atendidos; necessidade de manutenção das portas dos quartos; e demora na medicação devido à escassez de recursos básicos para o trabalho da enfermagem.
 
 
No vídeo, o paciente Daniel Pereira do Vale, de 41 anos, relata que o atendimento do hospital da rede SUS é precário. Em contato com a reportagem do Estado de Minas, ele alegou ter contraído COVID-19, mas havia recebido alta nesta segunda-feira. 

Ele questionou o tratamento dado aos enfermos: "A estrutura não favorece o tratamento dos pacientes que estão internados. Não há administração, não temos horário certo para tomar os remédios. Faltou água na ala de internados das 17h de domingo até 12h de segunda. A enfermeira nos deu soro no lugar, pois não havia água potável nos bebedouros. Além disso, a estrutura está toda caindo. Se fosse para dar uma nota para o serviço, seria zero".



O paciente alegou também que falta água e equipamento de proteção individual para as enfermerias. Depois de ficar em tratamento de coronavírus, ele foi para sua casa nesta segunda-feira. "Fiquei oito dias internado. Mas o médico me liberou a ir para casa. Eu não tinha mais chance de contaminar alguém, mas ele me explicou que eu poderia me infectar novamente".

Outro paciente que aparece nas imagens é o professor Décio de Brito Chagas, de 61, que confirmou as denúncias feitas por Daniel. "Na verdade, fizemos o vídeo para tentar conseguir algumas doações. Conseguimos doação de garrafas de água mineral. Mas ninguém do hospital nos procurou para dar satisfação sobre a falta de água. Fui tentar tomar um remédio sem água e quase vomitei", relata.

O professor critica o sistema de saúde público: "Estou aqui internado e até agora não fui medicado. Infelizmente, somos reféns de um serviço ruim. A culpa é toda do sistema de saúde falido".


 

Posição da Fhemig 

O Estado de Minas entrou em contato com a assessoria da Fhemig e a fundação alega que as denúncias mostradas pelos pacientes são inverídicas: "Não procede a falta de água para os pacientes, que estão recebendo água mineral conforme suas necessidades. Os bebedouros da unidade foram desativados por medida de segurança, pelo risco de contaminação", informou a assessoria, que também se pronunciou sobre a possível falta de profissionais de saúde no hospital Júlia Kubitschek: "As enfermarias clínicas estão com as equipes completas e sem nenhuma notificação de falta de qualquer item necessário a assistência ou ao suporte do paciente".