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Estado de Minas NOVA METODOLOGIA

Coronavírus: negros são maioria de infectados e de mortos em Minas

Informação consta do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado da Saúde, que reformulou o documento, passando a incluir o quesito cor e raça


postado em 06/07/2020 11:30 / atualizado em 07/07/2020 10:24

(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)

 
A população negra, composta por pretos e pardos de acordo com definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a mais acometida pela COVID-19 em Minas, tanto no número de infecções quanto no de mortes. Com a reformulação do formato de apresentação do boletim epidemiológico, a Secretaria de Estado de Saúde passou a apresentar o quesito cor e raça ao estabelecer o perfil dos infectados e mortos em Minas.
 
De acordo com o balanço desta segunda (6), a maior parte dos óbitos está entre negros (34% pardos e 8% pretos), totalizando 42% das 1.230 mortes. Os brancos correspondem a 35% e os indígenas a 1%.
 
No caso de infectados, a maior parte (48%) não foi identificada no quesito cor ou raça.  Entre os 52%, em que o quesito foi notificado (31.005), a população negra é maioria. Negros correspondem a 48,08% das infecções (14.906) e brancos 40,38% (12.521).
 
O professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cristiano Rodrigues aponta que a inclusão de cor e raça nos prontuários de saúde é uma reivindicação dos movimentos negros desde a década de 1990. Somente com esse recorte, é possível estabelecer políticas públicas para doenças prevalentes entre as diferentes populações de acordo com a cor da pele e etnia.
  
"Faz sentido a desagregação de dados de cor e raça para que se possa focalizar as políticas de saúde", afirma.
 
O pesquisador ressalta que, desde o início do enfrentamento da pandemia no Brasil, há uma luta dos movimentos para inclusão do quesito cor e raça nos dados sobre a COVID-19, tendo sido a reivindicação alvo de pedidos judiciais.
 
"A COVID-19 não tem preferência racial. A doença atinge a todas as pessoas, mas, os dados indicam condições desiguais de acesso à saúde e comorbidades. As comorbidades estão relacionadas também a acesso desigual à saúde e ao racismo estrutural, que indicam que as doenças afetam desproporcionalmente as pessoas negras", afirma.
 
Os dados revelam ainda, segundo Cristiano, que a população negra está mais exposta ao vírus por exercer grande parte das atividades essenciais. "A maioria trabalha na área de serviço e na área do cuidado, como enfermeiros, técnicos de enfermagem, empregadas domésticas. Os dados indicam a junção de vários fatores", pondera.
 
Se os dados de cor e a raça tivessem sido levados em conta, o pesquisador acredita que os governos poderiam ter elaborado ações para mitigar esse impacto na população mais vulnerável.
 
"Com esses dados, é possível planejar quais setores serão abertos e os que não serão, que tipo de tratamento vão receber,  quais as ações para mitigar e diminuir o número de óbitos. São medidas que poderiam ter sido feitas se os governos tivessem esses dados antes".

 
Correlação entre classe social e cor da pele

 
Cristiano Rodrigues lembra que há uma correlação entre classe social e cor da pele. "Se classe social indica pior condição de saúde, é importante saber a cor da pele", defende. Para o pesquisador, a não inclusão do quesito nos dados oficiais demonstra que o governo federal é um "governo da indiferença".
 
Ele pontua que o governador de Minas, como um dos apoiadores da forma como Jair Bolsonaro tem conduzido o enfrentamento à pandemia, também se torna indiferente a políticas que promovam a vida dessa população vulnerável ao demorar na inclusão dos dados nos balanços do Estado.
 
Em Belo Horizonte, houve uma migração dos casos da doença de bairros de classe média alta cuja população é de maioria branca para os bairros mais periféricos, onde predomina a população negra.  A constatação é do professor da Faculdade de Educação (FAE) e membro da comissão permanente de ações afirmativas e inclusão da UFMG, Rodrigo Ednilson de Jesus, que participa de levantamento que busca cruzar os dados de cor de pele dos infectados pelo número de contaminações nos bairros da capital.
 
"Observávamos que, no início, a integralidade estava nos bairros de zona nobre de Belo Horizonte e, dois meses depois, isso inverteu, foi para a Zona Leste e outras regiões", afirma. Ele segue na realização do levantamento.
 

O que é o coronavírus


Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp

Como a COVID-19 é transmitida? 

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?


Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus. 

Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'


Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.

Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência

Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 

 
 


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