O inimigo é invisível, mas perigoso. O novo coronavírus fez com que diversos governantes tomassem medidas de segurança. Em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o comércio está autorizado a funcionar, desde que cumpridos os protocolos de segurança. Nesta sexta-feira (3), o Estado de Minas esteve na cidade para observar o movimento. O município soma 90 casos e uma morte em virtude da COVID-19.
No centro da cidade, todos os estabelecimentos estavam abertos. Para controlar o fluxo de pessoas, uma unidade da Casas Bahia, na Rua Barão do Rio Branco, nas proximidades da Praça Dr. Lund, a principal do município, optou por formar fila de clientes na porta.
Os compradores só podem entrar quando um dos quatro vendedores está livre. Se o objetivo for pagar boletos, só é possível prosseguir caso um algum dos dois caixas esteja disponível
Poucas portas depois, está uma loja de bijuterias e acessórios, que comporta até 10 clientes. De protetor facial de acrílico e máscara, o gerente do empreendimento, Thalis Eduardo, controla a entrada e saída dos fregueses.
Ele ressalta a importância das medidas preventivas, mas é favorável ao fechamento caso haja explosão das estatísticas.
"Se piorar, e acho que vai, tem que fechar. A população não está nem aí", lamenta.
Comerciante de embalagens, Ricardo Nunes é favorável à manutenção das atividades, desde que mantidas as ações preventivas.
"O movimento caiu, mas não tivemos que demitir funcionários", diz, em tom de alívio.
Quem também relata queda nas vendas é Karen de Souza, funcionária de uma loja de celulares.
O faturamento do estabelecimento, que ficou uma semana fechado em março, quando o comércio foi interrompido, registrou queda.
Protocolos de segurança
Em maio, o prefeito Rogério Avelar (Cidadania), editou decreto listando uma série de ações necessáriaspara o funcionamento do comércio. Além do uso obrigatório de máscaras, do distanciamento e da restrição de capacidade, os estabelecimentos precisam ter, na entrada, um tapete pedilúvio para a higienização dos sapatos.
Com água sanitaria, a vendedora Claudiane Lemos limpava o tapete após a saída de um cliente.
"Não deixamos entrar sem máscara. Só podem, no máximo, três clientes ao mesmo tempo. Sempre mantendo o distanciamento", salienta.
Para o aposentado Antônio Santos, a cidade acertou ao liberar o funcionamento do comércio. Ele aproveitou para "cutucar" o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que ordenou o fechamento dos serviços não essenciais da capital.
"O Kalil deveria fazer estágio em Lagoa Santa para aprender a ser prefeito", afirma.
Fiscalização ignorada
Nas ruas da cidade, agentes comunitários de saúde se juntaram aos agentes de endemia para fiscalizar a utilização da máscara por parte da população.
A reportagem flagrou uma abordagem. Carregando uma sacola e um produto de limpeza nas mãos, a jovem Fernanda Almeida nada usava para proteger o rosto.
"Tenho vergonha de usar a máscara", diz ela, que não teme ser infectada.
Fernanda conta que só coloca a proteção quando entra em estabelecimentos comerciais. "De vez em quando uso a máscara, como quando vou ao supermercado. Na rua, não uso", completa.
Para o agente de endemias Danilo Cruz, os habitantes do município precisam aderir aos protocolos.
"O que temos ressaltado não é apenas a preocupação com a saúde da pessoa, mas a preocupação com a saúde do outro", explica.
Quem também não estava de máscara era o vendedor Sérgio Ferreira. De longe, a reportagem observou o homem desprotegido enquanto comercializava roupas masculinas.
Ao ser questionado sobre o fato, disse que havia tirado a máscara para beber água. Já com o equipamento de volta ao rosto, admitiu o desconforto.
"Para falar a verdade (usar a máscara), não é uma coisa agradável", reconheceu, mencionando a necessidade de, mesmo assim, fazer uso do equipamento.
Sugestão em vão
Ainda na área central de Lagoa Santa, um supermercado adotou estratégias para diminuir a exposição dos clientes ao vírus.
A loja pede que integrantes do grupo de risco frequentem o local apenas das 16h às 17h30. Mesmo assim, era possível ver, no começo da tarde, idosos entrando e saindo do local.
O que é o coronavírus
Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Vídeo: Por que você não deve espalhar tudo que recebe no Whatsapp
Como a COVID-19 é transmitida?
A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.Vídeo: Pessoas sem sintomas transmitem o coronavírus?
Como se prevenir?
A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam:
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Vídeo explica por que você deve 'aprender a tossir'
Mitos e verdades sobre o vírus
Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.Coronavírus e atividades ao ar livre: vídeo mostra o que diz a ciência
Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:
- O que é o pico da pandemia e por que ele deve ser adiado
- Veja onde estão concentrados os casos em BH
-
Coronavírus: o que fazer com roupas, acessórios e sapatos ao voltar para casa
-
Animais de estimação no ambiente doméstico precisam de atenção especial
-
Coronavírus x gripe espanhola em BH: erros (e soluções) são os mesmos de 100 anos atrás