Jornal Estado de Minas

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Só 17% das cidades mineiras aderiram a plano estadual de reabertura do comércio

Após sugerir maior reabertura do comércio a diversas regiões de Minas Gerais, o governo estadual agora recua e orienta que sejam colocadas em prática normas mais rígidas de isolamento social para conter o acelerado avanço do coronavírus. A administração mineira, porém, encontra como empecilho a baixa adesão dos municípios ao plano que estabelece diretrizes no enfrentamento à COVID-19.





Até esta segunda-feira, prefeituras de apenas 151 das 853 cidades mineiras (17,7%) aceitaram participar do programa Minas Consciente. O projeto foi lançado pelo governo Romeu Zema (Novo) ainda no fim de abril, com o objetivo de auxiliar as administrações municipais no processo de tomada de decisão sobre a reabertura do comércio em meio à pandemia.

De acordo com levantamento atualizado na última sexta-feira (19) pelo próprio governo estadual, as 151 cidades que aderiram ao Minas Consciente somam, juntas, uma população de 3.646.157 pessoas. Esse número corresponde a apenas 17,2% dos 21.168.791 habitantes do estado, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para 2019.

Dos 15 municípios mais populosos de Minas Gerais, apenas dois fazem parte do programa: Juiz de Fora e Sete Lagoas. Prefeituras de Belo Horizonte, Uberlândia, Contagem, Betim, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba, Governador Valadares, Ipatinga, Divinópolis e Santa Luzia preferiram não participar.





Normas mais rígidas


De acordo com boletim epidemiológico divulgado na manhã desta segunda-feira (22) pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), Minas Gerais registra 28.918 casos confirmados de infecção por coronavírus. Destes, 688 resultaram em óbitos. Diante da aceleração na propagação da doença e do iminente colapso no sistema público de saúde, a administração estadual subiu o tom sobre as medidas de enfrentamento à pandemia.

Na última semana, o governo recuou no processo de reabertura do comércio e estabeleceu que municípios de dez das 14 macrorregiões de saúde mineiras devem estar na “Onda Verde” do Minas Consciente, em que apenas serviços considerados essenciais podem funcionar. São elas: Centro, Noroeste, Nordeste, Jequitinhonha, Leste, Vale do Aço, Sudeste, Oeste, Triângulo do Sul e Triângulo do Norte.

As macrorregiões Norte, Sul e Centro Sul estão na “Onda Branca”, considerada a primeira fase do processo de flexibilização. Apenas o Leste do Sul está na segunda etapa, a “Onda Amarela”. Nenhuma parte do estado está na “Onda Vermelha”, que indica reabertura máxima do comércio.





Ao longo da última semana, o secretário estadual de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, admitiu que existe a possibilidade de decretar lockdown (bloqueio total) em algumas cidades ou regiões.

"Fazemos o acompanhamento diário. Através do Minas Consciente, damos sinalizações claras, muito claras, do que está acontecendo e o que a SES (Secretaria de Estado de Saúde) entende como melhor isolamento. Todas as possibilidades estão sobre a mesa. Nós temos chances, sim, de ter lockdown em algumas regiões, algumas cidades", disse.

No último sábado, quando Minas Gerais registrou o recorde de 36 mortes por COVID-19 em 24 horas, o governador Romeu Zema prometeu tomar “medidas mais duras”.





Medidas mais duras vão se fazer necessárias no estado. Por isso, eu continuo pedindo: é necessário manter o isolamento àqueles que podem. Fiquem em casa. Aqueles que precisar trabalhar, que façam uso de todas as medidas possíveis para a sua segurança e dos outros também”, disse o governador, em vídeo publicado nas redes sociais.

Colapso previsto


Na última semana, o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) apresentou, em reunião que definiria os rumos de cada macrorregião no programa Minas Consciente, uma projeção bastante preocupante. De acordo com os técnicos do órgão, o sistema público de saúde do estado pode colapsar ainda nesta semana. Segundo relatório apresentado no último dia 18, o estado corre o risco de ficar sem vagas em UTIs já nesta quinta-feira (25).

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